Rodrigo Vieira   |   18/04/2023 13:38
Atualizada em 18/04/2023 13:39

"Não vou dormir enquanto não resolver tudo isso", diz CEO da Hurb

João Ricardo Mendes diz que problemas atuais seriam resolvidos com no máximo 3% do caixa da OTA


Reprodução/WhatsApp
João Ricardo Mendes, CEO da Hurb
João Ricardo Mendes, CEO da Hurb

O CEO da Hurb, João Ricardo Mendes, entrou em um grupo de WhatsApp, nesta segunda-feira, 17, para conversar pessoalmente com alguns dos clientes com quem sua OTA tem pendências neste cenário atual, de crise, vivido pela companhia carioca (como informado na semana passada, hotéis estão barrando clientes da Hurb por falta de pagamento).

Mendes gravou vídeos, aos quais a reportagem teve acesso, para responder aos participantes do grupo. Nesses vídeos, explicou mais detalhadamente o que já havia dito ao Portal PANROTAS, e novamente apontou para problemas macroeconômicos, como a quebra do Banco do Vale do Silício e o rombo da Americanas, como agravantes.

"Devido a essas crises, os bancos travaram os recebíveis. O Banco Itaú da noite para o dia travou nossa operação de recebíveis, colocando-a muito pequena. Como não temos dívidas, estávamos operando apenas em um banco, começamos a abrir frente com outros bancos", afirma, acrescentando que na ocasião não trabalhava diretamente na área financeira, por problemas pessoais, o que ele autoavalia como outro erro.

"FAZER MAIS COM MENOS"
"Eu estava atuando em outro tipo de operação, mas agora estamos correndo. E continuaremos vendendo pelo preço mais baixo possível. A missão da empresa é essa. Somos empresa de tecnologia, e tecnologia é isso: fazer mais com menos", aponta Mendes.
Nesse momento ele grava a tela de seu próprio computador e mostra uma tabela onde constam quase R$ 823 milhões de recebíveis no total. "Isso muitas vezes descasa com nossa operação, já que parcelamos em 15, 20 vezes. Qualquer empresa neste estilo é dependente disso".

"É DIFÍCIL ARBITRAR INEFICIÊNCIAS"
Em outro momento da conversa, João Ricardo Mendes se dirige a um consumidor e diz que, se ele estiver com tanta pressa, para pedir um estorno, que seria feito no dia seguinte, para ele então comprar com a CVC. O Portal PANROTAS não teve acesso às perguntas feitas pelos consumidores.

"Acho que vocês não fazem nem ideia de como é para arbitrar ineficiências de mercado e cobrar um preço mais barato. É o que nossa empresa faz. Usamos tecnologia para arbitrar o mercado. São 1,6 mil pessoas em nosso escritório, para onde vocês estão convidados a ir."

"QUEM AQUI VIAJARIA SE NÃO EXISTISSE HURB?"
Mendes também convida os participantes da conversa para uma reflexão. "Quem desse grupo viajaria se não existisse Hurb?"

"NÃO ADERIMOS À MP DOS REEMBOLSOS"
Em outro vídeo, ele responde a um consumidor que se queixa de a Hurb estar "destruindo os sonhos das pessoas". Mendes diz que mandou no grupo o Projeto de Lei que isenta as agências de viagens de estornarem o valor das viagens imediatamente devido à pandemia:

"A empresa tem 12 meses contados a partir do encerramento do estado de calamidade pública. Somos a única empresa de Turismo no Brasil que não aderiu a isso. Se aderíssemos, teríamos uns R$ 2 bilhões a mais em caixa, mas isso para mim é imoral. É pior do que o que o Banco Itaú fez conosco. Seria legal vocês se informarem sobre isso. O estado de calamidade pública, a pandemia, nem acabou, então nem começou a contar os 12 meses. Tem gente que, ao invés de ponderar essas coisas, fala que estou destruindo sonhos."

"QUEM ME CONHECE SABE"
Divulgação/Hurb
João Ricardo Mendes, CEO da Hurb
João Ricardo Mendes, CEO da Hurb
Mais adiante, ele diz que tem muita preocupação com as pessoas que se esforçam para comprar pacotes parcelados com a agência. "Se não me preocupasse, não faria o Hurb, aumentando a margem dele absurdamente, e essas pessoas não poderiam nem viajar. Eu falo a verdade, quem me conhece sabe."

"APROPRIAÇÃO INDÉBITA"
João Ricardo Mendes reforça que trabalha diariamente para solucionar os problemas pelos quais a Hurb passa no momento, que nada vai pagar o desgaste das pessoas impedidas de viajar, mas que o valor para resolver todos os imbróglios atuais não passa de 3% do que a OTA tem hoje em caixa. "Mas tem uma apropriação indébita aí", alega, referindo-se aos bancos.

"VALE A PENA ESSE ESTRESSE"
Depois de rebater clientes por alguns termos usados na conversa e insistir que o contato dele está aberto e a equipe está atenta às reclamações, Mendes diz que acha a indústria de Turismo ineficiente e "morrerá tentando" fazer milhões de pessoas terem condição de viajar, por cobrar menos.

"Vou errar? Vou, pois estou tentando pela primeira vez. Mas eu vou morrer sabendo que algumas dezenas de milhões de famílias viajaram por causa do meu trabalho. E vale a pena esse estresse. É uma escolha. ninguém me obrigou. Poderia vender minha empresa, montar um fundo de investimento e andar de avião tirando foto no Instagram. Mas a quantidade de estudo que faço sobre o tema, você vai ver que é uma profissão solitária, apesar de ter 1,6 mil funcionários. Eu não vou dormir enquanto não resolver tudo isso", conclui ele.

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