Rodrigo Vieira   |   05/02/2024 16:54
Atualizada em 05/02/2024 17:06

123 Milhas: funcionários revelam que eram coagidos a mentir, diz site

Reportagem do portal Uol ouviu funcionários demitidos pela agência de viagens on-line

PANROTAS / Rodrigo Vieira
123 Milhas foi a empresa brasileira que mais gastou em mídia em 2021, aponta reportagem do Uol
123 Milhas foi a empresa brasileira que mais gastou em mídia em 2021, aponta reportagem do Uol

Ex-funcionários da 123 Milhas soltaram o verbo a respeito de como as coisas funcionavam na agência de viagens on-line às vésperas do pedido de recuperação judicial que carrega dívida bilionária. Mais detalhes são revelados na matéria do Uol: Os Erros e Mentiras da 123Milhas.

Em uma das revelações mais impactantes, uma ex-supervisora afirma à reportagem que estava consciente de que, no fim, o cliente não teria a passagem adquirida. "Eu tinha que ouvir o gestor, mentir para o cliente e fingir que estava tudo bem", aponta a fonte do Uol, que teve sua identidade preservada.

A companhia garante que não agiu com má-fé.

O Uol também aponta que em 2021 a 123 Milhas teve uma despesa de R$ 2,37 bilhões com publicidades, incluindo aquelas com estrelas da música e da TV brasileiras, o que a tornou o grupo no maior anunciante do Brasil naquele ano. Contudo, segundo a matéria, a empresa não registrou o dinheiro como despesa em eu balancete, e sim como investimento, de tal maneira que seu relatório financeiro ficou confuso. Essa manobra, avalia a reportagem, foi o que permitiu a distribuição de dividendos de quase R$ 30 milhões para os sócios do grupo.

"Sabiam e mandaram continuar", diz ex-funcionário da 123 Milhas

A Promo123, ferramenta de compra de pacotes flexíveis, um dos maiores agravantes da crise da 123 Milhas (e da Hurb), foi alvo de inúmeros alertas dos executivos para a direção da agência. Contudo, "eles sabiam e mandaram continuar", revelam ex-funcionários ao Uol. Depois que o estrago estava feito, foi tentada toda "uma gambiarra para tentar fazer a conta fechar", o que, como se vê, não aconteceu.

No dia 26 de janeiro, a recuperação judicial do grupo 123 Milhas foi suspensa pela segunda vez. Dias depois, já na semana passada, a empresa foi alvo de busca e apreensão pelo Ministério Público de Minas Gerais e conta com o apoio de agentes do Gaeco, Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado e Polícia Civil de Minas. O MP investiga indícios de lavagem de dinheiro e também apura irregularidades no processo.

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