Victor Fernandes   |   27/04/2020 16:37
Atualizada em 27/04/2020 19:41

Aéreas analisam e questionam futuro da aviação; veja

A HIP Hotels promoveu um webinar com quatro executivos da aviação para entender o futuro do setor no País.

Danilo Teixeira Alves
Nelson de Oliveira, country manager da Alitalia, foi um dos quatro participantes do webinar promovido pela HIP Hotels
Nelson de Oliveira, country manager da Alitalia, foi um dos quatro participantes do webinar promovido pela HIP Hotels
Estendendo seu calendário de webinares, a HIP Hotels promoveu hoje (27) um encontro virtual com quatro executivos da aviação brasileira para entender o que esperar do futuro da aviação, quais serão as habilidades necessárias, como acontecerá a retomada, quais os desafios financeiros, como equilibrar preço de passagens, quais serão os protocolos de limpeza e higienização, entre outras "perguntas de 1 milhão", como foram apelidadas pelos painelistas devido à grande incerteza do momento.

O primeiro convidado, o country manager da Qatar Airways, Renato Hagopian, abordou a cadência e o sequenciamento da retomada, afirmando que o normal não será o mesmo passada a crise. "O sequenciamento vai depender muito do planejamento das aéreas. Em dezembro, é muito capaz que as aéreas ainda não estejam operando 100% de suas rotas e de seus aviões. Vai ser um novo normal em que precisaremos nos adaptar. Agora, é impossível fazer uma previsão. Nas próximas duas semanas, começaremos a enxergar os horizontes a partir da revisão das políticas", afirmou Hagopian.

O representante da Qatar no Brasil também disse acreditar que a retomada partirá do viajante corporativo, mas que ainda será necessário entender qual será sua demanda de viagens, já que aprendemos a trabalhar virtualmente durante a quarentena. Para Hagopian, o futuro também depende muito da ajuda governamental. "Só uma retomada da receita poderá responder à tendência de parcerias e aquisições. Prevejo sim algumas quebras, e quem sobreviver, terá sequelas. Parcerias não serão só importantes, mas fundamentais e estratégicas", completou.

ITÁLIA
Em sequência, quem abordou os futuros desafios financeiros da aviação foi o country manager da Alitalia, Nelson de Oliveira, que apontou o cenário "catastrófico" que os relatórios da Iata vêm apresentando, com grande quedas de receita, passageiros e voos. "A recuperação será em U, e não em V como acreditaríamos que seria, será uma recuperação lenta. Primeiro, teremos uma retomada do doméstico e depois do internacional. Com o primeiro atingindo níveis pré-crise em 2022 e o segundo apenas em 2023 e 2024. São quatro anos para uma retomada da aviação", afirmou Oliveira.

Abordando as ferramentas e direções para sobreviver à crise, o executivo da aérea italiana citou novamente a necessidade do apoio governamental, seja por meio de empréstimos ou alívio fiscal. "A proporção dessa ajuda será mais ou menos equivalente à rapidez da retomada", afirmou. Além disso, Oliveira julga importante muita resiliência, luta, informação para combater desconfiança dos clientes, agentes na tradução dessas informações e novos protocolos de limpeza. "Nós não vamos desistir. Somos amantes do mercado de viagens. E o momento vai demandar esse espírito de luta e união", concluiu.

BRASIL
Em sequência, a gerente nacional de Vendas Lazer da Gol, Renata Pestana, foi convidada para comentar sobre as estratégias para o aéreo doméstico e internacional. Contrariando a fala do ministro do Turismo, que defende a retomada por viagens rodoviárias, a executiva afirmou ser "impraticável pensar em um país continental como o Brasil sem o transporte aéreo". Sobre a retomada, Renata afirmou estar sendo "avaliada pouco a pouco". "Passamos de 750 voos por dia para 50 em abril. A partir da análise desse mês, decidimos a malha de maio. A cada momento é preciso um novo rearranjo das operações avaliando demanda e oferta".

A demanda e oferta também resultará no valor das tarifas. "Precisamos sentir o posicionamento dos clientes e fazer um termômetro para o planejamento de ações", afirmou a gerente da Gol. Renata concluiu seu raciocínio abordando a retomada para o Exterior: "Em julho, deve iniciar uma retomada gradual do internacional. Primeiro, retomaremos viagens mais próximas, nas quais temos uma garantia e segurança maior. Precisamos ter cautela para reconquistar a confiança dos clientes", completou.

Emerson Souza
Dilson Verçosa Jr., da American Airlines
Dilson Verçosa Jr., da American Airlines

AMERICAN

Por último, quem abordou o momento e os futuros protocolos de limpeza e higienização foi o diretor de Vendas da American Airlines para a América do Sul e Central, Dilson Verçosa Jr. "O coronavírus veio como crise sanitária e sairá como crise financeira também. A última crise que mudou a aviação foi o 11 de setembro, quando nosso inimigo era a segurança e uma série de medidas foi tomada, tornando o medo das pessoas em viajar no grande desafio da indústria. A volta desta crise vai ser muito parecida na ordem da retomada da confiança do cliente. Não só em segurança, mas em cima dos protocolos de saúde também", afirmou o executivo.

"Como indústria, ainda não temos um protocolo. Isso será elaborado. Atualmente, as nossas medidas de limpeza são de acordo com orientações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Algumas medidas importantes, como a pulverização do ar, já são aplicadas há muito tempo. Como a companhia vai comunicar esses protocolos de saúde é que será definido como diferencial. Hoje, estudamos a higienização de carpetes, bancos, cintos, o cancelamento do serviço de bordo em voos com menos de quatro horas. Tudo isso em uma indústria voando com 25% de ocupação, em que você pode bloquear o assento meio. Ainda não existe um protocolo para as empresas seguir daqui para frente", concluiu Verçosa.

No geral, os executivos, assim como todo o mundo, ainda possuem muitas dúvidas sobre o futuro da aviação e o ritmo da retomada, replanejando suas ações e planos a cada dia a partir de novas informações. "É um momento absolutamente sem precedentes. É talvez a maior crise que o Turismo já tenha passado em sua existência e com um elemento disruptivo que é a alteração do modus operandi. Precisamos nos adaptar a um novo patamar de viagens", afirmou Oliveira durante o evento virtual.

Confira o webinar completo abaixo.


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