Beatrice Teizen   |   27/10/2023 19:35
Atualizada em 27/10/2023 19:51

Lufthansa terá 7 tipos de assentos na classe executiva; entenda

Executivos da aérea explicam investimentos e novas configurações das cabines ao Portal PANROTAS

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Frank Naeve e Dirk Jansen, do Lufthansa Group
Frank Naeve e Dirk Jansen, do Lufthansa Group

Durante a GBTA Convention, que aconteceu em agosto, em Dallas, o Portal PANROTAS bateu um papo com o vice-presidente de Vendas de Passageiros para as Americas, Dirk Jansen, e o vice-presidente sênior de Mercados e Estações Globais, Frank Naeve, do Lufthansa Group, que contaram tudo sobre as novas cabines e assentos do grupo, além de outros assuntos.

A grande novidade são os novos produtos na classe executiva, que terá vários formatos de poltrona na mesma cabine para cada perfil de cliente. Saiba mais sobre esta configuração na entrevista abaixo.

“Temos cerca de 100 aviões widebodies encomendados, sendo seis Boeing 787 e o restante A350. Os clientes encontrarão novos produtos na primeira classe, na business, na premium economy e também na econômica. Cada cabine terá novos recursos dependendo no que acreditamos que o cliente está buscando. Quando estas nova aeronaves chegarem, até a metade do ano que vem, já virão com os novos assentos”, conta Naeve.

Classe executiva

Na nova classe executiva da Lufthansa haverá sete tipos diferentes de assentos. Entre eles há a business suíte, com muito espaço e elementos tecnológicos, e que corresponderá a um total de duas fileiras em cada avião; e o king seat, que fica no meio, mas tem muito espaço, além de privacidade extra. Ambas as configurações foram demonstradas na GBTA.

Divulgação
Display da nova configuração da classe executiva da Lufthansa
Display da nova configuração da classe executiva da Lufthansa

“Isso é algo único. É sobre personalização. Queremos que cada cliente faça a escolha do que faz mais sentido para ele e suas necessidades individuais. Estes novos assentos são um grande passo de onde estamos hoje, mas também de toda a indústria. Não existe nada assim”, afirma o executivo.

O investimento feito neste novo hardware foi de 2,5 bilhões de euros. Além dos assentos – que chegam a 30 mil no grupo todo –, a companhia também investiu em diversos outros recursos, como telas maiores na classe econômica e outros detalhes nas outras cabines.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Demonstração da classe executiva na GBTA
Demonstração da classe executiva na GBTA

Veja mais do bate-papo a seguir.

PORTAL PANROTAS – A premium economy, é um produto que os viajantes corporativos estão procurando?

FRANK NAEVE – Geralmente, o que vemos é que o viajante de classe executiva viaja na classe executiva. A premium economy é mais para o viajante de alto nível que viaja a lazer. Alguém que decide que quer mais espaço, mais conforto, que decide ir do economy plus para o premium economy. É um produto muito bem-sucedido e uma coisa que queremos continuar com os novos assentos, quando eles começarem a serem entregues.

PANROTAS – Vocês tiveram de fazer alguma mudança nos lounges nos aeroportos para combinar com estes novos produtos?

NAEVE – Continuamos sempre investindo nos nossos lounges, mas não tem um link direto entre os assentos e os espaços. A experiência no lounge é um elemento muito importante para os nossos clientes e é algo que focamos muito. Melhoramos as comidas, as oportunidades de assentos.

PANROTAS – Conte um pouco como está a rede do grupo.

NAEVE – Um objetivo no aspecto global é que continuamos aumentando nossa rede após a pandemia. Esse ano voamos substancialmente mais do que voávamos em 2022. Mas claramente também queremos ter o balanço certo entre aumentar nossa rede e a confiabilidade do cronograma. É algo que para o grupo é extremamente importante de um lado, ter qualidade de horário, ter certeza que temos destinos e frequência suficientes, conexões suficientes para os nossos passageiros. Ter conexões para uma aérea de hub é extremamente importante. Temos um bom sentimento que o cronograma que publicamos seremos capazes de operar em uma grande extensão.

É algo que estamos trabalhando muito forte para esse ano. Em alguns meses foi muito bem, pelo feedback que estamos recebendo de alguns clientes. Para 2024 queremos continuar construindo nossa rede. Em 2023 estamos em cerca de 85% da recuperação em relação a 2019. Decidimos ser mais conservadores no planejamento de capacidade. Começamos a voar a novos destinos, voltamos para o Atlântico Norte, nossos serviços para a América do Sul. Crescemos significativamente em relação a 2022. E, em 2024, o plano é que cheguemos ao número de 2019, perto de 100%.

PANROTAS – Por que vocês estão sendo tão conservadores? Pouca mão de obra? Problemas em aeroportos? De infraestrutura?

NAEVE – Muitos fatores diferentes. Começa com as cadeias de suprimentos, parte de problemas de equipes, com provedores de serviços, parte em problemas relacionados a controle aéreo no verão... Começamos o plano para este ano no ano passado e colocamos muito esforço em publicar um cronograma que sentíamos que era um que poderíamos operar. Somos um grupo de aéreas premium. Não podemos cancelar voos em curto prazo. Fizemos decisões conscientes de ter uma abordagem mais conversadora no nosso cronograma e acho que estamos vendo o resultado disso neste ano.

O verão foi bem, não perfeito, mas com bons resultados. Claro que tem dias desafiadoras, com muitos passageiros. Todo verão é desafiador, tem problemas de clima, mas a capacidade de gerenciar esses problemas diz muito a respeito. É sobre quão rápido você consegue recuperar, consegue garantir que os passageiros cheguem ao seu destino final o mais rápido possível, que as suas malas cheguem.

PANROTAS – E sobre OTP (on-time performance) neste ano? Quais são os principais problemas? Europa? Internacional?

NAEVE – Melhor que ano passado. Está em um nível que gostaríamos que estivesse melhor, mas é algo que conseguimos gerenciar. No fim do dia, pontualidade é um core para o grupo.

JANSEN – Em ordem para garantir o que nós representamos, como uma área premium, não crescemos muito, mas a performance melhorou significativamente. Estamos onde queremos? Não. Mas vamos continuar nosso foco. Temos muitas iniciativas e investimentos. Contratamos mais de 10 mil novos funcionários na Alemanha neste ano.

Em relação à América do Sul, acreditamos na força e potencial da região, em termos de economia e foco. Encaixa muito bem com a nossa estratégia. Acreditamos que terá um grande papel no futuro. Estamos observando tudo isso de perto. Estamos avaliando o potencial de também crescer na região.

PANROTAS – Um dos problemas aqui é ESG. Quão importante isso é para o passageiro, para o viajante corporativo? Escolher uma companhia aérea que eles sabem que tem políticas de ESG?

NAEVE – Temos falado com vários clientes corporativos, o tópico é extremamente importante. Em todas as discussões, a abordagem ao tópico difere de empresa para empresa. Não tem uma direção clara e depende um pouco das emissões de CO2 em viagens daquela empresa. Acho que todos nossos clientes corporativos, os gestores, apreciam o que a Lufthansa está fazendo, eles reconhecem que estamos agindo em relação a isso. E acho que tem várias maneiras de suportar os clientes a reduzirem sua emissão de CO2. Oferecemos a compra de SAF por nós – que está indo muito bem –, assinamos os primeiros acordos no Brasil com clientes corporativos para isso, temos compensações, somos capazes de dar certificados a clientes para que eles usem para seus propósitos...

PANROTAS – Você vê os viajantes engajando nisso? Ou são as empresas?

NAEVE – Sim. Somos a primeira aérea a introduzir a tarifa verde na Europa. E vemos uma boa adoção. Estamos em cerca de 4% de passageiros escolhendo esta tarifa. É uma oferta nova, em alguns setores estamos em quase 10%. O 4% é a média e temos alguns setores que está acima. Acho que para as aéreas e para o Lufthansa Group é um tópico eminentemente importante. No curto prazo, mas também no médio e longo.

PANROTAS – Como você enxerga o impacto dos voos curtos, a questão dos trens?

NAEVE – Temos relações próximas com as empresas de trens, estamos vendo maneiras de achar soluções e no fim do dia depende do que o cliente quer, se ele quer pegar o trem. Não acho que há uma resposta, mas como área temos muitas maneiras de atender os requisitos do nosso cliente.

Os trens são uma parte integral da nossa rede. Trabalhamos muito próximo com o sistema ferroviário e as rotas ultracurtas têm sido reduzidas significativamente. É algo que sabemos e no fim do dia temos de conversar com nossos clientes e entender quais são suas necessidades e daí seremos capazes de ajustar nossa oferta de acordo com isso.

PANROTAS – Estamos fazendo um evento em São Paulo na próxima segunda-feira, dirá 30, o Download. O tema é a modernização das viagens corporativas. Queremos saber como o setor de aviação está ajudando os processos de viagens corporativas e o viajante a modernizar, a serem mais eficientes? A se atualizarem?

NAEVE – Acredito que esses nossos investimentos de agora, as aeronaves, fazem parte disso. A tecnologia, os serviços digitais. Personalizar a experiência, que é o que queremos com a oferta de diferentes assentos.

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