Movida

Artur Luiz Andrade   |   27/07/2012 09:48

Embratur responde a Roberto Dultra sobre charters

O diretor de Mercados Internacionais da Embratur, Marcelo Pedroso, enviou, na noite desta quinta-feira, 26, artigo em resposta ao posicionamento de Roberto Dultra, em relação ao programa Voo Direto, da Embratur

PANROTAS / Emerson Souza
O diretor de Mercados Internacionais da Embratur, Marcelo Pedroso
O diretor de Mercados Internacionais da Embratur, Marcelo Pedroso
O diretor de Mercados Internacionais da Embratur, Marcelo Pedroso, enviou, na noite desta quinta-feira, 26, artigo em resposta ao posicionamento de Roberto Dultra, ex-presidente da Bito e do Rio CVB, em relação ao Programa Voo Direto (da Embratur), de incentivo aos charters. Dultra argumentava que o gasto de dinheiro público com a captação dessa modalidade de voos não beneficiava o turismo brasileiro, apenas eram ações pontuais e limitadas. Pedroso, em seu artigo, argumenta que não, que os charters são sim importantes para alguns destinos, especialmente para captação do turista intrarregional. E que o Brasil é um País para todo tipo de turista e não apenas para o A e A+, como apontou Dultra em seu artigo.

Leia a resposta de Marcelo Pedroso.

"OS VOOS CHARTERS E O TURISMO INTRARREGIONAL

Marcelo Pedroso, diretor de Mercados Internacionais da Embratur

Há poucos dias, li a crítica, neste espaço, do ex-presidente do Rio Convention Bureau, Roberto Dultra, ao programa do governo federal de apoio à divulgação de voos charters. Gostaria de utilizar este espaço para, respeitosamente, contrapor alguns dos argumentos apresentados. Em primeiro lugar, quero lembrar que o Programa Voo Direto, lançado este ano pelo presidente da Embratur Flávio Dino, visa sistematizar, de forma pública e transparente, o apoio que já era feito à divulgação de voos fretados.

Ao sistematizar esse apoio em forma de uma seleção pública, o presidente Flávio Dino não só tornou esse um programa permanente como passa a ser mais equânime o processo de disputa por apoio financeiro por parte de governos estaduais. Além do ganho em transparência, a medida tem um objetivo muito claro em termos de intensificação da promoção turística do país.

Ao incentivar voos charters, a Embratur estimula a criação de novas rotas aéreas entre o Brasil e seus mercados emissores. Por isso, um dos critérios de seleção do edital foi a diversificação das portas de entrada de turistas, afim de garantir um maior ganho com a entrada de divisas – somente nos primeiros cinco meses deste ano chegaram a R$ 3 bilhões – em todo o território nacional, tendo como ponto de partida a capacidade operacional de aeroportos internacionais e a infra-estrutura turística dos destinos que pleiteiam o recurso.

O programa Voo Direto também parte de uma premissa importante: há grande espaço de crescimento da entrada de turistas latino americanos – de curta distância. Em todo o planeta, o turismo intrarregional é responsável por mais de 80% da circulação de estrangeiros. É assim na Europa, no Sudeste Asiático e no Caribe.

Na América do Sul, tanto por razões históricas, quanto geográficas – pela Cordilheira do Andes e Floresta Amazônica –, o fluxo intrarregional de turistas sempre foi mais baixo. Somente no ano passado, nossos vizinhos latino americanos passaram a representar praticamente metade da entrada de turistas. Esse fator é importante para o crescimento como um todo. Somente teremos 10 milhões de turistas quando recebermos 7 ou 8 milhões de latino americanos.

Acredito que uma parte das ponderações de Roberto Dultra pode ser levada em conta, ao destacar que, por vezes, o recurso que entra pelo turista fica concentrado em poucas empresas. Esse é sempre um risco que deve ser combatido e a melhor arma está na diversificação de destinos, mercados e roteiros turísticos, bem como pelo estímulo a pequenas e médias empresas do setor.

Mas um problema que deve ser combatido em todas as modalidades de turismo não pode ser impeditivo para uma iniciativa importante que vem se somar a uma série de outras ações para antecipar a meta de dez milhões de turistas por ano, antes prevista para 2020. Nessa direção, a Embratur começou a analisar novas estratégias que facilitassem a entrada de estrangeiros no Brasil e auxiliassem a promover nossos destinos no exterior, ajudando a formar a imagem de um destino completo e diverso. Como no caso especifico da entrada de turistas sul-americanos, ainda proporcionalmente abaixo de padrões internacionais, apesar de termos plenas condições de aumentar esse receptivo e receber mais vizinhos em nossos destinos. Também queremos receber mais turistas de outros países e continentes, mas o foco nos países sul-americanos se deve a facilidade do acesso.

Chegamos à conclusão que, para intensificar o turismo intrarregional, muito praticado hoje na Europa, precisávamos oferecer mais opções de acesso aos turistas sul-americanos. A malha aérea atual, apesar de em ampliação, ainda é escassa. Praticamente não temos voos diretos que liguem a América do Sul a destinos no Nordeste brasileiro, por exemplo. Diante deste cenário, a Embratur criou o programa de promoção dos voos charter, uma forma de diversificar as opções turísticas no Brasil e tornar conhecidas cidades e atrativos que ainda recebem poucos turistas estrangeiros de mercados com os quais ainda não mantém conexão.

A maioria das freqüências pré aprovadas pelo Programa ligam o Chile a Sergipe e a Argentina a Alagoas e Paraíba, freqüências necessárias para regiões que não possuem nenhum vôo direto da América do Sul. Além da escassez de voos diretos, os aeroportos desses destinos tem capacidade operacional ociosa, portanto tem infraestrutura para receber esses voos, enquanto outros destinos mais conhecidos estão com aeroportos super lotados.

Na Europa, os viajantes de baixa renda optam por voos charter, porém este não é o perfil dos turistas sul-americanos. Uma vez no local para onde vão, esses visitantes geram de uma forma ou de outra desenvolvimento econômico. Seja ao fornecer um trabalho temporário a guias locais, seja ao subcontratar uma agência local para realizar um city tour, até o souvenir comprado gera renda para a população local.

Além disso, não existem somente opções de resorts all in nesses destinos, há hotéis que não contam com sistema de refeição, ou seja, em algum momento os turistas vão consumir alimentos da gastronomia local. São diversos cenários, não somente um em que não haja nenhuma forma de contribuição. Alem disto, há um conjunto de elementos que são analisados pela Comissão Técnica que está estudando os projetos que leva em conta aspectos de mercado, perfil do consumidor, capacidade e impactos positivos no destino, que permitam à Embratur aprovar apenas projetos consistentes e que podem apresentar resultados de curto e médio prazo.

O fator mais importante a ser observado é que quanto maior a demanda de passageiros nesses voos mais chances de ele se tornar uma freqüência permanente, melhorando a malha aérea para o Brasil. Esse é um dos principais objetivos da Embratur: facilitar o acesso ao país, contribuir para reforçar a imagem país diverso, e, acima de tudo, zelar para que nosso país seja um destino competitivo no cenário mundial.

Primar pela competitividade não inclui pleitear o aumento de tarifas pagas por hotéis e agências de turismo ou prestadores de serviços turísticos. Esses empreendedores já investiram na economia local, os hotéis já fizeram grandes aportes e geraram renda e aumento do número de empregos. A contribuição para o turismo e a economia local é dada diariamente.

Também não faz parte de nossos planos restringir o turismo no Brasil a um grupo de turistas das classes A e A+ da Europa ou de qualquer outro país. A imagem que batalhamos para mostrar ao mundo é a de um país diverso, que tem natureza exuberante mas também tem uma cultura única, onde é possível realizar grandes eventos. Aqui é a terra de todos, onde todas as opções de turismo estão disponíveis. Temos um pouco de tudo. É isso que queremos mostrar. Claro que os turistas que procuram o nicho do turismo de luxo também são bem-vindos, mas o Brasil tem mais a oferecer.

A Embratur é sim uma das grandes beneficiadas pelo programa dos voos charters porque por meio da entrada de turistas e da diversificação dos destinos podemos mostrar ao mundo que temos diversas opções turísticas a serem exploradas. Esse trabalho já se antecipa a visitas dos estrangeiros que virão para a Copa do Mundo Fifa 2014 e visitarão as cidades-sede. Nossa intenção é fazer com que eles pratiquem o turismo nos arredores de todas as cidades, aumentando a permanência no Brasil. Quanto mais destinos eles conhecerem, melhor para o turismo no Brasil e de nossa região."

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