Movida

Antonio R. Rocha   |   29/04/2014 11:46

Natal terá saudades do Aeroporto Augusto Severo?

O aeroporto que atende a cidade e fica no município de Parnamirim, com acesso fácil e bem pavimentado, o Augusto Severo, foi considerado o melhor do Brasil, segundo recente pesquisa da Secretaria de Aviação Civil, entre os 15 principais terminais aeroportuários brasileiros

Natal, cuja própria história se notabiliza por façanhas aéreas, vive um dilema “no ar”. O aeroporto que atende a cidade e fica no município de Parnamirim, com acesso fácil e bem pavimentado, o Augusto Severo, foi considerado o melhor do Brasil, segundo recente pesquisa da Secretaria de Aviação Civil, entre os 15 principais terminais aeroportuários brasileiros.

Sempre muito criticado, pois chegou a funcionar alguns anos precariamente, com ar condicionado impotente, sem elevador e sem um lance de escadas rolantes, além das moscas decorrentes de um lixão que funcionava perto do terminal, o Augusto Severo, após algumas obras, que aumentaram o número de esteiras, de aparelhos de raios-X e destinaram um anexo à Tam (onde funcionava o antigo terminal), agora virou “queridinho”.

Enquanto isso, o futuro aeroporto que servirá à capital potiguar, no longínquo município de São Gonçalo do Amarante, a mais de 40 quilômetros do Centro e dos principais bairros da cidade (isso sem contar os engarrafamentos, pois fica no caminho da populosa Zona Norte de Natal), surge com expectativas surpreendentes, mas ainda sem acesso pavimentado. É aposta de desenvolvimento para o Estado, sem dúvida. Mas faltam as fichas na mesa.

O CEO do Consórcio Inframérica, que administrará o primeiro equipamento aeroportuário privado do Brasil, sem as “mãos” da Infraero, Alysson Paolinelli, esteve ontem em Natal, onde participou do seminário “Motores de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”. Voltou a enaltecer as características do terminal, fez megaprojeções, prometeu o aeroporto em funcionamento no próximo dia 22, mas não tocou no assunto principal, pelo menos neste momento: os acessos. Sem rodovia antes, não dá para voar...

No que geralmente depende da iniciativa privada, como é o caso do aeroporto Governador Aluísio Alves, em São Gonçalo do Amarante, os passos são consistentes e rápidos. Quando o poder público assume sua parte – e principalmente no Rio Grande do Norte –, começa o ciclo de promessas infundadas e jeitinhos banalizados, que roubam a cena.

Paolinelli lembrou que o novo terminal terá capacidade para 6,2 milhões de passageiros-ano e enfatizou o número de balcões de atendimento (45), que serão móveis, de acordo com a demanda das empresas aéreas. Também relembrou as oito pontes de embarque e o estacionamento para 850 veículos, números exaustivamente divulgados em Natal ao longo dos dois últimos anos. Quem atua no Turismo já até decorou.

O presidente do Consórcio Inframérica estimou o custo total do novo aeroporto em R$ 1,7 bilhão. Disse ainda que o equipamento terá ampla atuação no setor de cargas, o que realmente gera dúvidas nos especialistas. Como ser um aeroporto intermodal se os acessos rodoviários, que inexistem, serão longínquos? O porto de Natal, precário, não escoa produção em larga escala. E a ferrovia mais próxima, a Transnordestina, passa bem longe do Rio Grande do Norte.

Ficam duas perguntas “voando”:

Teremos acesso pavimentado e iluminado ao novo terminal ainda neste ano? No dia 22 de maio, convenhamos, é claro que não. Se for inaugurado mesmo antes da Copa, o acesso será off-road.

Teremos saudade do “velho” Augusto Severo, que acaba de ser eleito em pesquisa da Secretaria de Aviação Civil o melhor equipamento aeroportuário do Brasil?

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