Beatrice Teizen   |   21/12/2023 12:58

Na Argentina, Milei avança com desregulamentação das agências de viagens

Presidente recém-eleito do país vizinho acusa as empresas turísticas de monopolistas


Reprodução/Instagram
Javier Milei, presidente recém-eleito da Argentina
Javier Milei, presidente recém-eleito da Argentina

O Diário Oficial da Argentina publicará hoje (21) um Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) assinado pelo presidente Javier Milei para desregulamentar a economia, que inclui mais de 300 reformas, incluindo a privatização de empresas públicas.

Segundo o Ladevi, parceiro da PANROTAS no país vizinho, o argumento para o DNU é "iniciar o caminho da reconstrução da Argentina, devolver a liberdade e autonomia dos indivíduos, bem como de desmantelar a enorme quantidade de regulamentações que impediram, dificultaram e detiveram o crescimento econômico do país".

Neste decreto, o dirigente vai incluir a desregulamentação total das agências de viagens da Argentina, acusando as empresas turísticas de "monopolistas", mesmo que reconhecendo a importância que o desenvolvimento do Turismo tem no crescimento econômico do país.

No DNU, Milei refere-se ao setor de Turismo em três parágrafos:

  • "Não é possível ignorar a importância que o desenvolvimento do Turismo tem no crescimento econômico do país, ainda mais quando este dispõe de atrativos turísticos ímpares e em um contexto de crescente globalização";
  • "Que, neste sentido, a revogação da Lei nº 18.829 é fundamental para aumentar a oferta dos empreendimentos turísticos, deixando a atividade totalmente desregulamentada, resultando em maior concorrência entre as empresas do setor e em benefício dos cidadãos";
  • "Que, da mesma forma, é necessária a revogação das Leis nº 18.828 e nº 26.356, a fim de desembaraçar a atividade de alojamento turístico privado e reduzir sua carga burocrática".


Quanto às agências de viagens, continua o Ladevi, e embora não esteja esclarecido, estima-se que entre os requisitos mínimos seria estabelecido nome, representante técnico e seguro para a proteção do turista.

As leis nº 18.828 e nº 26.356 são consideradas obsoletas pelos especialistas, pois ambas foram absorvidas pelo código civil e são regidas por regulamentos provinciais ou municipais. A primeira regulamenta a hotelaria e, a segunda, os sistemas de turismo de tempo compartilhado.

Agências "em pé de guerra"

De acordo com o Ladevi, a Faevyt (Federación Argentina de Asociaciones de Empresas de Viajes y Turismo - Federação Argentina de Associações de Empresas de Viagens e Turismo) está há várias semanas trabalhando para neutralizar a decisão do presidente Milei.

"Caso se registrem progressos na revogação da lei dos agentes de viagens, a Faevyt está preparada para propor alternativas que protejam e contenham os interesses dos agentes de viagens e Turismo. Entendemos que há uma mudança de paradigma e estamos trabalhando para liderá-la, priorizando os interesses das agências e os direitos dos consumidores", diz a entidade.

O Ladevi acrescenta que a decisão do líder argentino implicaria, a princípio, que qualquer pessoa poderia vender viagens.

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