Filip Calixto   |   27/10/2023 12:19

População brasileira acima de 65 anos cresceu 57% em 12 anos, aponta Censo

Total de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população, aponta IBGE

Unsplash/Jacek Dylag
A idade mediana da população brasileira aumentou seis anos desde 2010 e atingiu os 35 anos em 2022
A idade mediana da população brasileira aumentou seis anos desde 2010 e atingiu os 35 anos em 2022

Nesta sexta-feira (27), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados do Censo 2022, revelando transformações na estrutura etária da população brasileira. Os índices mostram aumento expressivo no número de idosos e mudanças nas proporções demográficas em relação a uma década atrás.

De acordo com os dados mais recentes do levantamento, o Brasil agora abriga 22.169.101 idosos com 65 anos ou mais, aumento de 57,4% em relação aos 14.081.477 contados no censo anterior de 2010.

Essas mudanças também se refletem na proporção de idosos em relação à população total. Em 2010, os idosos representavam 7,4% de todos os habitantes do País, enquanto em 2022 esse número subiu para 10,9%.

Por outro lado, o total de crianças com até 14 anos diminuiu em 12,6%, passando de 45.932.294 em 2010 para 40.129.261 em 2022. Em 2010, essa faixa etária compreendia 24,1% da população total, mas agora representa 19,8%.

As faixas etárias intermediárias, entre 15 e 64 anos, tiveram uma variação leve, passando de 68,5% do total em 2010 para 69,3% em 2022.

Outro dado relevante é o aumento na idade mediana da população brasileira, que cresceu seis anos, saindo de 29 em 2010 para 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento, que mede a proporção de idosos em relação a crianças, subiu para 55,2. Em 2010, esse índice estava em 30,7. Ou seja, há no Brasil hoje 55 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

IBGE

As regiões do Sudeste (12,2%) e Sul (12,1%) concentram a maior proporção de idosos com 65 anos ou mais. Entre os Estados, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram essa estatística. Por outro lado, as regiões Norte (25,2%) e Nordeste (25,2%) têm uma população mais jovem, com crianças de até 14 anos.

Predominância feminina na população

A pesquisa mostra também aumento notável no número de mulheres em relação aos homens, acentuando a tendência histórica de predominância feminina. Dos 203.080.756 residentes no Brasil, 51,5% (104.548.325) eram mulheres, enquanto 48,5% (98.532.431) eram homens, indicando um excedente de cerca de 6 milhões de mulheres em relação aos homens.

A razão de sexo, que expressa o número de homens em relação a cada grupo de 100 mulheres, ficou em 94,2. Essa taxa representa um aumento significativo em relação a décadas anteriores, quando em 1980, havia 98,7 homens para cada 100 mulheres, e em 2010, a razão era de 96 homens para cada 100 mulheres.

Especialistas apontam que essa discrepância de gênero está intrinsecamente ligada à maior taxa de mortalidade masculina em todos os grupos etários, desde a infância até as idades mais avançadas. A sobremortalidade masculina se acentua ainda mais na vida adulta. O envelhecimento da população, com a redução do número de jovens e o aumento da população idosa, contribui para esse desequilíbrio, uma vez que as mulheres têm uma maior expectativa de vida em comparação aos homens.

Essa tendência de aumento na proporção de mulheres é observada em todas as grandes regiões do Brasil. Desde 2000, a região Sudeste apresenta a menor proporção de homens, com uma razão de sexo de 92,9 em 2022. Surpreendentemente, a região Norte registrou a maior razão de sexo, com 99,7 mulheres para cada 100 homens, representando a primeira vez na série histórica em que essa região apresentou um maior número de mulheres do que de homens.

Analisando as unidades da federação, os Estados do Rio de Janeiro (89,4), Distrito Federal (91,1) e Pernambuco (91,2) possuem as menores razões de sexo, indicando um número substancialmente menor de homens em relação às mulheres. Por outro lado, Mato Grosso (101,3), Roraima (101,3) e Tocantins (100,4) apresentam uma proporção ligeiramente maior de homens do que mulheres.

Dados gerais foram atualizados

Inicialmente, em junho, o IBGE anunciou que o Brasil tinha 203.062.512 habitantes. Contudo, no final de agosto, uma nota oficial revelou correções, e a população recenseada no Censo 2022 aumentou para 203.080.756 pessoas, um acréscimo de 18.244 em relação ao número anteriormente informado. Essa variação representa apenas 0,009% do total da população do País.

Essa atualização englobou a população de 566 municípios. Desses, 71 apresentaram problemas pontuais na coleta de dados, o que exigiu correções. Além disso, os dados de 361 cidades foram alterados devido a situações em que os recenseadores não observaram corretamente os limites de suas áreas de atuação, resultando em visitas equivocadas a alguns domicílios. Em alguns municípios, as variações nos números ocorreram após um aprimoramento na etapa pré-crítica, que envolve o refinamento dos dados coletados.

Essas correções, informa o IBGE, são cruciais para garantir a precisão e a confiabilidade dos dados do Censo 2022, fornecendo uma imagem mais clara da população brasileira. A instituição responsável pela coleta de dados está assegura que está comprometido em fornecer informações demográficas precisas que sejam valiosas para o planejamento de políticas públicas, recursos e programas governamentais. Esses ajustes, embora pequenos em proporção, são parte fundamental do processo contínuo de coleta de dados e análise demográfica do País.

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