Artur Luiz Andrade   |   18/10/2016 15:46

AF-KLM dá sua receita para combater aéreas árabes

A atuação das empresas aéreas árabes pelo mundo (a saber Etihad, Emirates e Qatar Airways) é motivo de polêmica entre grandes players dos Estados Unidos e da Europa, que acusam essas companhias de receberem subsídios dos governos de seus países


Emerson Souza
O vice-presidente de Estratégia Comercial do grupo Air France-KLM, Pieter Bootsma
O vice-presidente de Estratégia Comercial do grupo Air France-KLM, Pieter Bootsma

A atuação das empresas aéreas árabes pelo mundo (a saber Etihad, Emirates e Qatar Airways) é motivo de polêmica entre grandes players dos Estados Unidos e da Europa, que acusam essas companhias de receberem subsídios dos governos de seus países e assim “concorrer deslealmente” com aéreas 100% privadas. A Air France-KLM tem a mesma opinião e em entrevista ao Portal PANROTAS, o vice-presidente de Estratégia Comercial do grupo, Pieter Bootsma, incluiu ainda a Turkish Airlines. Segundo ele, os investimentos mundiais da Turkish e demais empresas não são racionais, como todo planejamento de rotas das “companhias tradicionais”.

“As empresas árabes têm custos 30% menores do que os nossos por conta disso”, afirmou Bootsma, que acusa essas companhias de comprar mercado. “E elas não têm um produto de custo baixo, vale ressaltar”. Como se defender disso, tendo custos maiores?

Para o VP da Air France-KLM, um dos diferenciais das empresas americanas e europeias é a proximidade e o conhecimento do mercado, muito graças às parcerias, como a que o grupo tem no Brasil, com a Gol, ou nos Estados Unidos, com a Delta, e ainda na Ásia, com a China Eastern e China Southern. “Isso as árabes não possuem, podermos lutar com parceiros ao nosso lado”. Curiosamente, na Índia, a Air France-KLM se aproxima da Jet Airways, que pertence à aliança liderada pela Etihad. “Estamos trabalhando duro para uma parceria com eles”, afirmou o executivo holandês.

Além das parcerias, para concorrer com as árabes, a Air France-KLM aposta no aumento da eficiência e da produtividade. “O Boeing 787, que usamos na ligação do Rio com Amsterdã é um exemplo de como podemos ser mais eficientes”, exemplificou Bootsma.

A briga com as companhias árabes se dá, especialmente, nas ligações da Ásia com os Estados Unidos e a Europa. “Há um excesso de capacidade para a Ásia e já vemos as europeias olharem para outros mercados, como a América Latina”, explica.

DISTRIBUIÇÃO
Outro desafio, não apenas por causa do embate com as árabes, está no custo de distribuição, principalmente, segundo Bootsma, dos GDSs. “Observamos o que a Lufthansa fez (criando uma taxa para reservas feitas via GDS) e estamos atento. Quando for necessário tomaremos as nossas medidas”, afirmou ele, ressaltando que considera o custo com os GDSs extremamente alto. “E nos GDSs somos mais um, o processo é comoditizado. Acreditamos na política que a NDC, da Iata, trará, e estamos nos preparando para esse novo ambiente”.

No mundo, cerca de 30% dos bilhetes do grupo Air France-KLM vêm da venda direta, o que representa 25% da receita. Qualquer decisão que venha a ser tomada será feita, de acordo com o vice-presidente, como um grupo. Desde a fusão Air France e KLM unificaram a parte comercial, estratégica e de planejamento.

Ontem, os executivos da matriz da KLM e da Air France participaram da festa de 70 anos da empresa holandesa no Brasil.

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