Raphael Silva   |   12/01/2018 18:04

Temer e golden share: os entraves na venda da Embraer

Definição de negócio com a Boeing depende de um decreto presidencial, além de a norte-americana ter que convencer o governo a vender sua 'ação dourada'

Antonio Cruz/Agência Brasil
Presidente em exercício, Michel Temer precisaria elaborar um decreto para liberar a venda da Embraer à Boeing
Presidente em exercício, Michel Temer precisaria elaborar um decreto para liberar a venda da Embraer à Boeing
A concretização de uma possível venda do controle da Embraer à Boeing precisa da autorização do governo por conta da chamada golden share, detida pelo órgão, mas não depende apenas disso. Informações do jornal Valor Econômico apontam que a negociação só poderia ser concluída caso o presidente do País assine um decreto a autorizando.

A restrição aparece em um parecer da Advocacia Geral da União emitido em 2000, que mantém uma limitação máxima de 40% em participação do capital estrangeiro na fabricante de aeronaves brasileira.

De acordo com o documento, a proibição só seria retirada por uma lei específica ou caso "o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, por razões de Estado, venha a retirar a exigência referente a limitação do capital estrangeiro".

Sendo assim, além de o governo aceitar vender sua golden share à Boeing, também seria necessário o presidente Michel Temer assinar de próprio punho um decreto autorizando o negócio.

A PROPOSTA
Mesmo diante da recusa do governo em negociar a golden share, a Boeing pretende fazer uma oferta pública de compra de ações de até 100% do capital da Embraer, com uma estratégia para 'driblar' a negativa.

Neste caso, as resistências no governo e Forças Armadas por conta da área de Defesa, a empresa norte-americana segregaria a divisão em uma subsidiária em que o poder público mantivesse o direito a veto em pontos estratégicos, como acontece atualmente pela golden share.

Representantes da Boeing apostam na tentativa de mostrar formas de negócio que mantenham o poder do governo em questões ligadas à divisão de Defesa da Embraer, uma vez que esse surge como principal entrave para a negociação.

Obstáculos, porém, não faltam. Caso o negócio pela compra de ações avance, será preciso negociar com os acionistas atuais da Embraer a retirada das chamadas 'pílulas de veneno' do estatuto social, dispositivos que foram incluídos na época da pulverização do capital da fabricante com o objetivo de dificultar tomadas de controle hostis. A permissão de órgãos de concorrência mundiais, por exemplo, é outro problema encontrado pela Boeing no negócio.


*Fonte: Valor Econômico

conteúdo original: http://bit.ly/2D5vZdB

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