Movida

Alex Souza   |   06/06/2014 10:49

Artigo: prós e contras do novo aeroporto de Natal

Baseado em Natal, o correspondente da PANROTAS no Nordeste, Antônio Roberto Rocha, viveu sua primeira experiência no recém-inaugurado aeroporto de São Gonçalo do Amaran

PANROTAS / Emerson Souza
Foto: Portal da Copa
Foto: Portal da Copa
Baseado em Natal, o correspondente da PANROTAS no Nordeste, Antônio Roberto Rocha, viveu sua primeira experiência no recém-inaugurado aeroporto de São Gonçalo do Amarante. No artigo abaixo, ele faz uma análise crítica dos processos pelo qual passou desde o pouso do avião até a chegada em sua residência. “Inauguraram o aeroporto antes do tempo, em busca de recursos. Iniciativa privada é assim. Nem tudo é ´passageiro´. De qualquer maneira, é importante saber que Natal dispõe de um moderno aeroporto atualmente, mesmo que ainda em obras.”

Leia o texto na íntegra.

Pró e contras do novo aeroporto de Natal

Antônio Roberto Rocha

Desembarquei (e estreei) na madrugada de ontem no novo aeroporto da Grande Natal, que leva o nome do Governador Aluísio Alves e do município onde fica (São Gonçalo do Amarante), embora as placas de sinalização indiquem "Aeroporto de Natal". O pró é assim mesmo, no singular. Mas os contras - por enquanto - são inúmeros. A inauguração no sábado passado, decididamente, foi precoce. O aeroporto funciona no estilo "meia-boca". Bem Brasil. É óbvio que o terminal está moderno. É o mais novo do Brasil. É amplo, até certo ponto. Com material e acabamento (embora inacabado) de bom nível. É uma pena que não seja intermodal. Não escoa carga pelo porto, por qualquer ferrovia e muito menos por rodovia, como era a proposta inicial.

Cheguei à 00h55 de ontem. Levei 17 minutos para sair do avião, aguardando a simbiose mecânica entre finger e aeronave. Faz parte. Se fosse na hotelaria, diria que o equipamento está em soft opening. A bagagem, porém, chegou logo. Muito rápido mesmo. Funcionou. Mas na hora de pagar antecipadamente o táxi... surge a primeira grande falha do aeroporto "da Copa". É preciso estar com dinheiro em espécie, para facilitar. Passar cartão num local com sinal tão precário pode levá-lo a 13 minutos de espera pelo êxito da maquininha, como foi o meu caso, fora o tempo na fila. Os terminais bancários ainda não conhecem o caminho para São Gonçalo. Nada de tirar dinheiro por lá.

Outro detalhe: nestes primeiros 30 dias de operação, é bom optar pelo pagamento prévio do táxi, que fica bem mais em conta. Paguei R$ 70. Se a corrida tivesse base no taxímetro, seria mais cara. Mas a "farra" vai acabar. Trata-se de uma fase de teste, adaptações, estudos. Daqui a um mês, a corrida para o meu bairro (assim como para Ponta Negra e Via Costeira, onde ficam os hotéis) vai custar R$ 120. Tabelada. Padrão São Paulo. Ida e volta serão R$ 240. E imaginem que em minhas buscas notívagas por promoções aéreas já viajei ao Rio de Janeiro e a São Paulo por pouco mais de R$ 300 (ida e volta). Então significa que as corridas de táxis de e para o novo aeroporto custarão quase o preço da passagem aérea, de ida e volta, de Natal para as duas principais cidades do país, quando adquirida em megapromoções.

Mas foi uma "luta" pagar o táxi em São Gonçalo. Tentei três cartões e nada. Um de débito e dois de crédito. Consegui na última tentativa. Era também meu último cartão. E se não passasse? Dormiria lá? A estrutura de pagamento ainda é muito precária. Pleno improviso. Uma pequena sala, duas atendentes apenas, somente uma máquina para passar cartão. Resultado: gera filas, claro. Quando chegam dois ou três voos ao mesmo tempo, não dá vazão. E a demora no atendimento poderá deixar o passageiro sem táxi em plena madrugada, pois ainda não estão circulando os 120 veículos. Há cerca de 90 táxis atualmente, que podem ser absorvidos facilmente pela ampla demanda entre meia-noite e 04h.

O percurso do aeroporto à minha casa levou 52 minutos. Obviamente, sem trânsito algum. Imaginem de dia, quanto tempo levaria? Meu voo pousou às 00h55, como já relatei, e cheguei em casa às 02h44. Mais 11 minutos e seriam duas horas entre as duas "chegadas". Guarulhos? Não. É Natal mesmo. São Gonçalo do Amarante, diria. Durante o dia, entre o desembarque e os principais bairros de Natal, serão certamente quase três horas.

Para embarcar, idem. Ou seja: tempo equivalente a uma "perna" São Paulo-Natal. Mais um lembrete: daqui a um mês começa a ser cobrado R$ 8 por duas horas de estacionamento. O mesmo preço que pagará o simples mortal que levar tão-somente algum passageiro ao aeroporto, que tem até pedágio. Isto mesmo o que você leu. Cruzou a cancela na estrada, pagou. Nem na Infraero é assim.

O motorista do táxi comentou ainda que os engarrafamentos causados pelo novo aeroporto estão gerando transtorno ao já caótico trânsito da populosa Zona Norte de Natal (quase 300 mil habitantes). Nos jornais, a matéria mais carimbada dos últimos cinco dias remete à perda de voo dos incautos. Virou tendência em Natal. Ou mico. O aeroporto, porém, foi finalmente alfandegado há dois dias e já recebeu seu primeiro voo internacional, da Tap. Dizem os jornais de Natal (eu não estava na cidade) que foi uma confusão generalizada, já que os passageiros internacionais desembarcaram ao lado dos que vieram de algum lugar do Brasil, em plena área doméstica. Improviso "federal".

Mas a água, que não corria pelos encanamentos do terminal nos três primeiros dias de funcionamento, já chegou às torneiras. Sede saciada. Mas não há opções ainda para combater a fome. E não é só: as imagens de fios pendurados, paredes por pintar e retoques grosseiros desanimam. Inauguraram o aeroporto antes do tempo, em busca de recursos. Iniciativa privada é assim. Nem tudo é "passageiro".

De qualquer maneira, é importante saber que Natal dispõe de um moderno aeroporto atualmente, mesmo que ainda em obras. Daqui a menos de um ano, quase todos os problemas serão resolvidos e todos nós já estaremos habituados à "viagem" entre Natal e São Gonçalo do Amarante, assim como a seus engarrafamentos. Quando o acesso sul, via Macaíba, for concluído (temo pela demora), o congestionamento na Zona Norte poderá melhorar. Haverá maior distribuição de veículos e consequente ganho de tempo, mas não de quilometragem, pois o aeroporto continuará longe. Muito longe até mesmo do ideal."

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