Janize Colaço   |   14/12/2016 11:36

Agências devem separar inovações de modismos, diz Vabo

Antecipar as tendências na distribuição de serviços do Turismo não é uma tarefa simples. Dentre as novas tecnologias, e inovações que acabam por não se consolidar no trade, é preciso ter bastante minucia na hora de apostar em um m

Marluce Balbino
Luís Vabo, presidente do Reserve e diretor de Tecnologia da Abav Nacional
Luís Vabo, presidente do Reserve e diretor de Tecnologia da Abav Nacional
Antecipar as tendências na distribuição de serviços do Turismo não é uma tarefa simples. Com novas tecnologias e inovações que acabam por não se consolidar no trade, é preciso ter bastante minúcia na hora de apostar em um melhor caminho para atingir os consumidores – que, neste caso, são os viajantes.

Para o presidente do Reserve e diretor de Tecnologia da Abav Nacional, Luís Vabo, ao se pensar no futuro dentro do setor, é preciso antes de mais nada perceber os problemas não resolvidos e as soluções em desenvolvimento, sobretudo em um mercado cujo consumidor, além do crescente interesse, está cada vez mais buscando meios alternativos de facilitar as compras.

“Bebo na fonte das principais entidades e eventos do setor, onde compartilho as opiniões de verdadeiros especialistas, gente que também vive disso, para isso e por isso, como o Rubens Schwartzmann, presidente da Abracorp, que defende uma visão da distribuição mais focada no passageiro e menos no processo”, enfatiza Vabo, em artigo produzido para o Anuário de Distribuição da PANROTAS.

Ainda segundo ele, as agências de viagens ainda são as maiores distribuidoras que têm o poder de escolha – de serviços, sistemas, operadores, brokers, intermediários e de parceiros, sejam preferencialmente ou exclusivos.

Confira abaixo o artigo de Luís Vabo, e clique aqui para ver o Anuário de Distribuição da PANROTAS:

A próxima tendência na distribuição

Inovação é fazer algo de uma forma até então impensada, substituir processos manuais por processos digitais, surpreender o cliente com uma solução que facilite seu dia-a-dia, questionar, duvidar da mesmice, atuar com obstinação por fazer diferente, fazer melhor, mais rápido, mais barato, mais prazeroso, é isso que importa.

Quando penso no mercado de Viagens e Turismo, e o faço diariamente, procuro olhar obstinadamente para o futuro, tentando perceber problemas não resolvidos, movimentos, comportamentos, soluções em desenvolvimento e, ao mesmo tempo, filtrar as pseudo-inovações, aqueles modismos que não duram uma temporada... No final, tento juntar tudo isso para antecipar tendências na distribuição de serviços.

Bebo na fonte das principais entidades e eventos do setor, onde compartilho as opiniões de verdadeiros especialistas, gente que também vive disso, para isso e por isso, como o Rubens Schwartzmann, presidente da Abracorp, que defende uma visão da distribuição mais focada no passageiro e menos no processo. Em viagens corporativas, onde o mercado acostumou-se a dirigir o facho de luz para a empresa pagante, suas políticas e seus processos, o Rubens anteviu uma mudança no comportamento das pessoas, catalisado por esta nova geração, que valoriza mais a satisfação do ser humano do que o processo em si. Traveller Centricity (ou foco no viajante) é uma tendência.

Ao mesmo tempo, a concorrência acirrada pelo consumidor de Turismo, aquele que viaja a lazer, acabou por automatizar o atendimento, a reserva e a compra de serviços de Viagens e Turismo, transformando-o em simples commodity, um modelo sem barreira de entrada, que pode e será replicado por muitos players. Multiplicidade de on-line travel agencies (agências de viagens online) é outra tendência.

Também percebe-se que os grandes players da distribuição, GDSs e grandes OTAs, não estão dispostos a perder espaço nesta verdadeira batalha pela reserva emitida (afinal uma coisa é consultar, outra é reservar e outra, bastante diferente, é emitir o serviço) e prometem brigar muito para manter a hegemonia que conquistaram (os GDSs há 30 anos, as OTAs há menos de dez). Jus esperneandi (direito a reagir) também é uma tendência natural.

Os principais jogadores deste tabuleiro da distribuição são, de um lado, as companhias aéreas e hotéis, e do outro, os clientes. Ambos os lados buscam obstinadamente os melhores movimentos para ganhar o jogo atual, mesmo que não vençam o torneio. O resultado são consumidores buscando reinventar a pólvora, procurando (e às vezes achando) novas soluções na internet, fantasiadas de “aplicativos” ou ”startups”,e fornecedores tentando encontrar o caminho que julgam mais rápido, econômico e direto ao consumidor final (e sofrendo muito com isso).

No meio do caminho, estão diversos sistemas de distribuição (GDSs e agregadores de todo tipo), desenvolvendo freneticamente novas soluções e integrações entre si e com outros sistemas, com objetivo de atender a demanda desenfreada deste consumidor que tudo busca e tudo sabe, e as agências de viagens e turismo, filtrando o que conseguem identificar de melhor para atender seus clientes, neste cipoal de novidades que acaba por gerar uma selva de intermediários, fornecedores e serviços, todos querendo tirar um pedaço do mesmo bolo…

Em um processo darwiniano, percebo nas agências de viagens ainda o maior distribuidor desta teia, uma clara tendência à seleção natural, pela definição de fornecedores (preferenciais ou exclusivos), de serviços, de sistemas, de operadores, de brokers, de intermediários, de parceiros, com quem devem trabalhar, e esta escolha pode ser feita isoladamente por cada agência, ou em bloco, num movimento recente iniciado pela Abav, descrito pelo Edmar Bull no post "O futuro é aqui, e agora" no Blog Espaço Abav do Portal PANROTAS. Group Trading (negociação em bloco) é a mais atual tendência e quem perceber essa nova oportunidade, sairá na frente.

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