Da Redação   |   12/03/2014 16:26

REPÓRTER CONVIDADO - Aprendizados de um superevento

Carolina Sass de Haro, da Mapie, esteve em um dos principais festivais de marketing digital, tecnologia, música e filmes do mundo, para traduzir as tendências para a hospitalidade, e conta o que viu no PanHotéis

Por Carolina Sass de Haro

Estive em Austin (Texas, EUA) para acompanhar um dos principais festivais de marketing digital, tecnologia, música e filmes do mundo e traduzir as tendências identificadas para o universo da hospitalidade.

O South by Southwest (sxsw.com) acontece anualmente em março e reúne gente de mais de 70 países com um público total de aproximadamente 50 mil participantes. São dez dias e mais de 800 palestras, workshops, sessões de cinema, shows, exposições, feiras e tudo que você pode imaginar em um evento espalhado em muitos locais na cidade.

É um festival complexo, criativo e que envolve a cidade inteira em diversos formatos, sejam eles tradicionais ou inovadores. O que queremos compartilhar aqui são as curiosidades, diferenciais e aprendizados para inspirar a criação de mais eventos legais, lucrativos e bem organizados no Brasil.

FORMATOS PARA TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO
A seleção de grande parte do conteúdo exposto no festival foi feita de forma participativa com o público. Interessados em fazer apresentações e painéis, inscreveram-se na organização do festival, passaram por uma seleção prévia e os escolhidos foram para votação. É uma grande movimentação prévia ao festival com expositores fazendo campanha para serem votados, muito compartilhamento on-line e divulgação.

Os formatos para transmissão de conhecimento são inúmeros: palestras individuais tradicionais, duplas, painéis, workshops, encontros para network, rodadas de apresentação, feira, shows, sessões de 15 minutos e mentores são apenas alguns exemplos. Isto confere uma boa dinâmica ao festival, garantindo muita interatividade e participação. O evento acontece em 21 locais diferentes que vão desde o centro de convenções e salas em hotéis até estúdios de ioga e agências de publicidade.

As perguntas são feitas pelo Twitter, através da hashtag indicada já que algumas sessões contam com mais de 3.000 pessoas na platéia.

Como já mencionado, são mais de 800 opções disponíveis o que gera uma certa angústia na hora de escolher o que ver. A sensação de estar perdendo algo importante é constante. Para minimizar este efeito, o festival dispõe de um aplicativo para auxiliar na escolha, programação completa no site, muitos quiosques de informação espalhados pelos locais e em um caderno entregue na chegada. Além disso, há o envio de uma newsletter todas as noites com o melhor da programação prevista para o dia seguinte.

Quase tudo é por ordem de chegada e então surgem as filas quilométricas e super organizadas para os temas mais concorridos, shows e filmes do momento. O workshop é o único formato que aceita inscrições prévias.

Todas as sessões começaram e terminaram no horário, sem exceção.

MÃO DE OBRA
Além da própria equipe já existente em cada local, mais de cinco mil voluntários trabalham no SXSW. A escala de trabalho é definida pelos organizadores e cada voluntário trabalha de dois a quatro dias, sendo que no tempo restante podem usufruir do conteúdo de forma ilimitada.

A maioria dos voluntários são jovens, mas também há idosos, artistas e executivos locais. Todos são muito solícitos e sabem como ajudar ou encaminhar a massa de participantes.

TRANSPORTE
Com este volume de gente de fora circulando na cidade e de participantes indo de um lugar para outro todo o tempo, o transporte é um dos pontos mais relevantes do evento.

São três linhas regulares grátis que circulam ininterruptamente entre os locais. Muitas marcas aproveitam esta necessidade para se promoverem como o caso da Chevrolet que disponibilizou quase 100 veículos que funcionam como táxis, porém 100% gratuitos. A campanha “Catch a Chevy” foi um sucesso e aliviou filas e esperas.

Outras alternativas ao transporte oficial são o aluguel de bicicletas grátis para os participantes e também os chamados pedicabs, bicicletas que transportam pessoas como aquelas muito comuns em países asiáticos, algumas pagas outras patrocinadas por marcas.

Além disso, um aplicativo chamado Uber fez sucesso durante o festival. É um sistema parecido com táxis, porém com carros particulares e motoristas certificados. Bem fácil e toda a operação é via app.

COMIDAS E BEBIDAS
Dá para sobreviver sem gastar um tostão no festival, desde que você tenha paciência para ficar horas na fila. Muitas marcas lançam produtos aqui e marcas não relacionadas à área de alimentos & bebidas oferecem cafés, almoços, jantares e coquetéis.

A alimentação dentro do centro de convenções é bem convencional, com poucas opções saudáveis, mas o festival organiza uma feira com food trucks que são deliciosos. São opções habituais e conhecidas da cidade de Austin que foram reunidas para o SXSW.

HOTÉIS
Os hotéis são envolvidos diretamente pelo festival. Não somente porque a demanda é maior que a oferta ou porque recebem parte dos eventos, mas também para potencializar a venda de alimentos e bebidas e promover as marcas. O Courtyard by Marriott criou um lounge gratuito com wifi e muitas tomadas, o Hyatt fez uma linda exposição de sombrinhas, o W enfocou nas baladas, o Four Seasons promoveu seu restaurante e café da manhã e assim por diante. É muito bacana ver as marcas sendo criativas e aproveitando ao máximo o momento e a energia da cidade.

Outra opção de hospedagem bastante utilizada pelos participantes foi o Airbnb já que tudo estava lotado com bastante antecedência.

ATIVAÇÃO DE MARCAS
Muita marcas estão presentes e patrocinam no festival, mas não se agradece nenhuma vez aos patrocinadores e a coisa toda não é massante. As marcas atuam de forma criativa e inusitada, oferecendo experiências aos participantes, como o exemplo da Chevrolet já mencionado, da marca de sanduíches Subway que investiu em um jogo ativado pelo pensamento e ondas cerebrais ou dos biscoitos Oreo que eram impressos ao vivo em uma impressora 3D. A principal lição aqui é estar presente de forma inteligente e espontânea.

OUTROS APRENDIZADOS
Um diferencial bem legal é que as sessões mais relevantes estavam sendo registradas pela empresa Image Think que faz mapas mentais com desenhos e palavras chaves.

Para um festival deste tamanho e complexidade, o SXSW é muito bem organizado e as filas e esperas não são tão desagradáveis. Há conteúdos bons e ruins e muita opção. O importante é selecionar não somente pelo tema, mas buscar o currículo dos palestrantes e ver o que eles estão fazendo.

Como organizadores de eventos, é importante envolver ativamente todos os atores e explicar como cada um pode maximizar sua participação no festival. Desta forma há um engajamento da sociedade e todos saem ganhando. Como marca expositora, é importante saber aproveitar as oportunidades para se conectar de verdade com seus clientes potenciais, oferecendo conteúdo relevante e boas experiências, como fez a IBM e seu food truck comandado por um computador.

Para ver as imagens do evento, clique no ícone de fotos.


Carolina Sass de Haro é sócia-diretora da Mapie Especialistas Estratégicos em Serviços e comanda ainda o portal Disque9 (www.disque9.com.br). Professora da Universidade Positivo em Curitiba e doutora em turismo com enfoque em gestão do conhecimento pela Universidade de Málaga (Espanha), é também pós-graduada em gestão do conhecimento, tecnologia e informação pela PUC-PR

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