Renato Machado   |   07/12/2017 14:36

Reino Unido investiga bordéis ilegais criados em Airbnbs

Há quem queira ser mais disruptivo que os disruptivos – sem que sejam necessárias novas tecnologias ou ideias revolucionárias. A plataforma Airbnb, que virou de cabeça para baixo a indústria da hotelaria, enfrenta uma questão ética e legal com

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Há quem queira ser mais disruptivo que os disruptivos – sem que sejam necessárias novas tecnologias ou ideias revolucionárias. A plataforma Airbnb, que virou de cabeça para baixo a indústria da hotelaria, enfrenta uma questão ética e legal com hóspedes que tentam lucrar às custas das brechas do sistema.

Um comitê parlamentar britânico investiga a utilização de Airbnbs para a prática de sexo remunerado. A prostituição no Reino Unido é legalizada, porém a reunião de mais de um profissional em um mesmo local configura a criação de um bordel, o que não é permitido pelas leis locais.

O grupo parlamentar, que reúne representantes de todos os partidos do parlamento, quer abrir inquérito sobre o que tem sido chamado de “pop-up brothels” (bordéis que surgem do dia pra noite). O presidente da comissão, o membro do parlamento Gavin Shuker, afirma que o intuito é “buscar evidências que mostrem a escala do problema, quem está envolvido e quais as ações cabíveis do governo”.

“Há diversos relatórios mostrando que grupos de crime organizado têm montado bordéis temporários ao redor do Reino Unido para explorar sexualmente mulheres em troca de dinheiro”, explica Shuker. “No entanto, tais relatórios são apenas a ponta do iceberg. Esta investigação irá escancarar o mercado negro do comércio sexual.”

Em reportagem recente, a BBC conversou com Charlotte Rose, uma profissional que descobriu no Airbnb uma forma fácil e segura de lucrar em meio ao conturbado mundo da prostituição. “Por conta do estigma da sociedade diante do que eu faço, quando vizinhos descobrem, eles não gostam e isso pode acarretar em diversos tipos de problemas”, conta ela.

Diferentemente de contratos longos de aluguel, com o Airbnb a residência temporária não se prolonga o suficiente para que a comunidade local saiba o que acontece dentro das quatro paredes do apartamento em questão.

“O Airbnb é tão simples. Você consegue ter um endereço em poucos cliques, sem contar que você deixa de gastar uma boa quantia por muitos meses ao não ter que ficar preso a um aluguel em outro local.”

A questão legal na situação, que é a formação de um bordel ao reunir mais de um profissional do sexo no mesmo local, tem uma explicação válida, segundo Charlotte: “é tudo por conta de segurança”. “Quando vou trabalhar em novos lugares, viajando a diferentes cidades, eu sempre viajo com um/a companheiro/a. O problema disso é que, diante das nossas leis, eu as estou infringindo por tentar me manter segura.”

Em um comunicado, o Airbnb afirma que “tem tolerância zero para este tipo de comportamento e está permanentemente retirando mal usuários de nossa plataforma”. “Mais de 260 milhões de pessoas já viajaram pelo Airbnb e experiências ruins são extremamente raras.”


*Fonte: BBC

conteúdo original: http://bbc.in/2nDaTwY

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