Da Redação   |   08/12/2014 10:22

Fecomercio-SP prevê pessimismo e inflação para 2015

O cenário macroeconômico esperado para 2015 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é de certo pessimismo, de acordo com comunicado divulgado na manhã desta segunda-feira.

O cenário macroeconômico esperado para 2015 pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é de certo pessimismo, de acordo com comunicado divulgado na manhã desta segunda-feira. Com ajustes restritivos por parte do governo, a economia deve manter os principais indicadores macroeconômicos nos mesmos patamares de 2014. As projeções para 2015 levam em conta a premissa de que os ajustes esperados para o ano poderão recompor aos poucos a confiança de famílias e empresários.

A federação estima que o índice oficial de inflação (IPCA) ficará em torno de 6%, ante os 6,5% previstos para este ano, enquanto a taxa Selic deve atingir 12%. A cotação do dólar continuará pressionada e deve fechar o ano em R$ 2,60, ante a expectativa de R$ 2,50 para o fim de 2014. O PIB, por sua vez, deverá crescer 1% - a alta esperada para 2014 é de apenas 0,5%. A produção industrial, depois de encolher 3% em 2014, deve subir 1% em 2015.

Com o cenário macroeconômico mais cauteloso, os consumidores devem evitar novos endividamentos e os bancos devem manter a seletividade na concessão de crédito. Por esse motivo, o saldo das operações de crédito com recursos livres deve subir 5% em 2014 e encerrar 2015 sem variação.

CONFIANÇA
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), até o fim de 2014, deve cair 19,1% em relação a 2013. Um dos fatores que mais influenciaram o desempenho no ano foi a aceleração da inflação. Com menor demanda, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) deve fechar dezembro em 102,9 pontos e, na média geral do ano, cair em 9,2% em relação ao verificado em 2013.


EMPREGO
É provável ainda que, em 2015, as contratações no varejo permaneçam em ritmo lento, como indica a Pesquisa de Emprego na região metropolitana de São Paulo (PESP). Enquanto em 2013 o melhor desempenho das vendas resultou em um aumento de 1,3% no estoque de empregados, no mesmo período de 2014 o avanço deverá ser de apenas 0,7%.

CONSUMO
Cada vez mais preocupadas com o cenário econômico, as famílias reduziram a intenção de consumo. Essa preocupação pode ser notada no Índice de Intenção de Consumo de Famílias (ICF), que teve o seu pior desempenho em 2014, registrando 107,9 pontos em agosto, o menor patamar da série histórica. No ano, o indicador deve apontar queda de 10,3%, em média, em relação a 2013. Em todos os meses deste ano, o índice geral ficou abaixo da pontuação de 2013, revelando um paulistano que gasta menos e prioriza bens essenciais de consumo.

DÍVIDAS
O nível de endividamento do consumidor paulistano apresentou queda gradativa ao longo de 2014, sinalizando maior preocupação das famílias quanto ao comprometimento da renda com novas dívidas. A proporção de famílias endividadas deve cair de 54,7%, em janeiro, para 44%, em dezembro. Já a proporção de famílias com contas em atraso tende a recuar de 14,8% para 12,5% no mesmo período.

O apetite do consumidor por tomar crédito também foi reduzido em 2014. Entre janeiro e dezembro de 2014, o índice de intenção de financiamento, que compõe a Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE), deve registrar queda de 4,5%, o que indica uma retração da propensão a consumir - que pode influenciar também o início de 2015.

INFLAÇÃO
Ao longo dos dez primeiros meses do ano, o Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), acumulou alta de 4,85%, com destaque para o aumento dos preços dos grupos educação, alimentação e bebidas, e transportes. A classe de renda que menos sentiu esse aumento foi a D (4,35%), ao contrário da A (5,42%). Para os dois últimos meses do ano, há expectativa de elevações, especialmente por causa do recente aumento da gasolina nas refinarias e da estiagem persistente que incide sobre regiões produtoras do Brasil.

Alimentação e bebidas foi o grupo que mais influenciou o IPV, juntamente com transportes e saúde e cuidados pessoais. A classe A foi a mais prejudicada, com inflação acumulada no ano de 4,63%. Por outro lado, a classe B foi a que sofreu o menor impacto, com variação positiva de 4,07%. Para os dois últimos meses do ano, é provável que os produtos continuem com preços em aceleração, especialmente porque os grupos de maior peso nos gastos (alimentação e transportes) são os mais voláteis.

Habitação e alimentação e bebidas foram os principais responsáveis pelo aumento do IPS. A classe D foi a que menos sofreu os efeitos dos preços, com alta de 3,94% nos primeiros dez meses do ano, ao passo que a classe B foi a que mais oscilou positivamente, com 6,33%. É provável que, nos últimos dois meses de 2014, os serviços ligados à habitação e aos transportes continuem pressionando ainda mais o custo de vida.