Da Redação   |   24/11/2015 14:27

Para empresário, Turismo será último a superar a crise

Estamos em novembro e já passamos pela WTM, em abril, pela Abav, em setembro, e pelo Festuris, no início deste mês. Estes são alguns dos principais eventos do trade turístico brasileiro. Sem dúvida alguma, são termômetros, indicadores de como anda nosso mercado. Não só em 2015, mas em todos os anos.

O diretor geral da BWT Operadora, Adonai Aires de Arruda Filho (foto), enviou artigo ao Portal PANROTAS sobre o atual momento da indústria.

Com opiniões claras e objetivas, o empresário faz uma rápida passagem sobre o que aconteceu desde janeiro e como o mercado está se comportando em um momento tão delicado. Confira abaixo.

E o Turismo? Como vai superar a crise?

Estamos em novembro e já passamos pela WTM, em abril, pela Abav, em setembro, e pelo Festuris, no início deste mês. Estes são alguns dos principais eventos do trade turístico brasileiro. Sem dúvida alguma, são termômetros, indicadores de como anda nosso mercado. Não só em 2015, mas em todos os anos.

O que ocorre é que este ano é especial. Sem dúvida alguma, nosso País vive um momento de delicada crise. Crise econômica? Sim. Crise política? Sim. Mas não é só isso – como se isso fosse pouco. O Brasil vive uma de suas principais crises: a crise de confiança, como há muito não se observava.

Começamos o primeiro trimestre com a recuperação judicial da Nascimento Turismo, uma das operadoras mais tradicionais do turismo. Depois, vivemos inúmeros outros fechamentos.

É fato: a indústria do turismo, que é responsável por movimentar outros 50 subsetores econômicos, está em crise. A hotelaria está sentindo a crise. A aviação está sentindo a crise. Os restaurantes estão sentido a crise. As agências e operadoras estão sentindo a crise. Ela está aí. É inegável e, em nosso mercado, particularmente, vem nos impactando a cada dia.

Se fizermos uma avaliação fria do nosso setor, sem sombra de dúvidas podemos afirmar que nossa indústria é a primeira a sofrer com a crise e a última e se recuperar desta situação. Isso porque em um momento de insegurança, o investimento em viagens normalmente é o primeiro gasto cortado, sendo retomado apenas quando a segurança se reinstala.

E é em meio a este cenário conturbado, de incertezas e de insegurança que vimos brotar os grandes players. Grandes, não por tamanho. Grandes por coragem, pela capacidade de “enfrentar o bicho de frente”, de “pegar o boi no laço” e “de colocar mão na enxada”. Estes são ditos populares que, em momentos como o que vivemos, fazem a diferença.

Nós, na BWT Operadora vivemos estes desafios todos os dias. Somos parte da holding Higi Serv. Orgulhosamente criada pelo meu avô há quase 40 anos e presidida por meu pai, a Higi Serv tem negócios em outros segmentos econômicos e nos dá o lastro necessário para enfrentar este momento. Mas, ao mesmo tempo, exige que não nos acomodemos.


E esta é a beleza do desafio: ao mesmo tempo em que estamos “tranquilos”, somos desafiados e demandados para melhorar nossa performance. Por isso, fizemos nossa lição de casa e nos cercamos de profissionais e de parceiros antenados com inovação, plurais e capazes de atender os diversos nichos.

Podemos afirmar que as empresas focadas e que atuam em um único segmento sofrem mais? Humildemente, digo que não sei. O que sei é que este não foi nosso caminho. Nossa escolha foi sair da zona de conforto e ir atrás.

Curiosamente, ir atrás para sair na frente. Fomos atrás de capacitação e conquistamos uma equipe coesa – o capital humano é um grande diferencial de nosso mercado. Fomos atrás de ampliação de parcerias e fizemos um roadshow impecável no Paraná, estado que vem se destacando como importante emissor para fora do País. Fomos atrás de inovação e ampliamos alianças em destinos no Brasil e no exterior.

Hoje, ao lado de nossos pares, estamos em busca da melhor equação para a sustentabilidade do setor e, consequentemente, do negócio individual de cada empreendedor.

Algumas agências passaram a trabalhar pedindo mais comissionamento. E perdem para a internet. Algumas operadoras seguem com projetos parcelados em até 10 vezes sem juros como era no passado, com a estabilidade econômica, o que hoje se revela uma decisão desesperada de quem precisa fazer caixa. Outros estão buscando caminhos alternativos para adotar políticas próprias que permitam sua sustentabilidade e que deem alguma margem ao viajante. Ao mesmo tempo, além disso, todos nós sabemos que é preciso vender melhor e atender melhor nosso cliente nas diversas frentes: o timing corporativo mudou também na organização dos eventos – enquanto convenções eram planejadas com, pelo menos, seis meses de antecedência, não é raro hoje, os fechamentos ocorrerem com um ou dois meses entre a contratação e execução.

O que importa, agora, é a segurança e a garantia da manutenção da oferta – ao mercado, ao agente e ao viajante, que não pode ficar no chão. Esta é a premissa que baliza o setor na atualidade.

E, de tudo isso, nos fica uma certeza: não há atalho. Há muito trabalho a ser feito e é preciso arregaçar as mangas. Do contrário e em todos os casos, o tempo responderá.

Adonai Aires de Arruda Filho é diretor-geral da BWT Operadora, da Serra Verde Express, presidente do Curitiba, Região e Litoral Convention & Visitors Bureau (CCVB) e da Associação Brasileira de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC), além de vice-presidente do Núcleo de Turismo Receptivo de Curitiba, no Paraná.