Roberta Queiroz   |   27/07/2016 13:15

Crise faz brasileiro trocar luxo clássico por experiência

A instabilidade econômica e política mudou o hábito de grande parcela dos brasileiros. O lazer, como de costume, é o primeiro a ter o orçamento reduzido em momentos de dúvidas e especulações. As decisões atingem diretamente a indú

A instabilidade econômica e política mudou o hábito de grande parcela dos brasileiros. O lazer, como de costume, é o primeiro a ter o orçamento reduzido em momentos de dúvidas e especulações. As decisões atingem diretamente a indústria de viagens, desde a popular até a de luxo. Esta última, por sinal, não lida só com a readaptação do consumo, mas com a substituição de valores.

Quem acredita neste cenário é um dos diretores e fundadores do Mountain Lodges of Peru (MLP), Enrique Umbert. “Antes, o viajante brasileiro interessado em luxo no Brasil focava no material, em veículos e hotéis cinco estrelas”, disse. “Com a atual crise, as pessoas não veem mais com bons olhos a ostentação que o luxo tradicional gera. Agora, as pessoas desejam um luxo de experiências. Algo que possa gerar autotransformação”, argumentou.

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Enrique Umbert dirige o MLP ao lado da família e outros sócios

O MLP atua em diversas frentes ao mesmo tempo. Há dez anos, a empresa administra lodges, opera e desenha experiências turísticas nos destinos do Peru ligados diretamente à cultura andina. Salkantay e Lares Adventure são os dois circuitos do MLP e ambos vão de Cusco a Macchu Picchu. Enquanto o primeiro é repleto de trilhas longas, o segundo existe há dois anos, une caminhadas a atividades culturais e é frequentemente adotado por famílias.

“O MLP oferece circuitos lodge to lodge. Isso significa que depois de um dia de circuito intenso, os turistas podem se abrigar, ou melhor, se refugiar em pequenos hotéis nas montanhas. Eles unem conforto, simplicidade ao encanto da natureza”, esclareceu a diretora da Sul Hotels, representante da empresa no Brasil, Clara Davies. “O luxo, na verdade, está nas experiências que essas aventuras transmitem”.

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Clara Davies é diretora da Sul Hotels

LARES ADVENTURE E O MERCADO DE RECIPROCIDADE

Para agradar desde os iniciantes até os apaixonados por trekking, o circuito Lares possui diversas opções – todas com guias especializados. O viajante pode escolher entre caminhadas moderadas a difíceis e passeios por comunidades locais, por exemplo. Seja qual for a decisão, a imersão cultural acontece e provoca uma série de emoções. Os sentimentos veem à tona nos passeios por sítios arqueológicos, nas lendas, no contato com senhoras vendendo tecidos nas estradas e, claro, no olhar de cada criança que cruza o circuito.

“Dentro da aventura, praticamos, protegemos e promovemos a cultura andina. Muitos acreditam que o modo de vida baseado nos incas é obsoleto. Nós não. Nós valorizamos e guardamos essa comunidade e tudo o que existe ao redor dela por meio do Turismo”, destacou o arquiastronomo e desenvolvedor de Produtos do MLP, Andres Adasme, que estuda a influência da astronomia na arquitetura inca.

A reciprocidade é o pilar do negócio praticado pelo MLP. Os nativos compartilham seu lar e abraçam o projeto com a certeza do resguardo. Um resguardo com poucas cifras, mas muito valor. “A comunidade é a primeira preocupação do MLP. Cuidamos da educação, da saúde, das crianças e dos animais antes do business”, contou o diretor de Marketing, Germán Sarmiento. Alguns vilarejos, aliás, tem participação nos lucros do anuais do MLP.

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Germán Sarmiento e Andres Adasme, chefe de Marketing e desenvolvedor de Produtos do MLP, respectivamente

Andres também destacou a singularidade das pessoas que habitam os povoados privilegiados pelas construções incas. “Sim, as pessoas vivem com muito pouco por aqui, mas isso não quer dizer que elas são pobres. Pelo contrário, elas são felizes com pouco e sem nenhuma tecnologia”, contou. “Aqui o valor está na terra e não no dinheiro. Para se ter uma ideia, eles gastam cem dólares por ano porque fazem escambo. São ricos como jamais seremos”, completou.

RECEITA E RESULTADOS
No circuito Lares Adventure, realizado em cinco dias, os viajantes ficam em lodges ou em hotéis parceiros. Os dois lodges do roteiro, Lamay Lodge e Huacahuasi Lodge, são propriedades do Mountain Lodges of Peru, assim como os outros quatro utilizados no circuito de Salkantay.

De acordo com Umbert, o MLP arrecada, ao todo, cerca de dez milhões de dólares por ano e a expectativa é que nos próximos cinco anos a receita ganhe outros cinco milhões de dólares. “Recebemos quatro mil passageiros em 2015 e a tendência é que o número duplique daqui a três ou cinco anos”, revelou o diretor.

Os norte-americanos representam 75% dos clientes na rota Lares Adventure, já os brasileiros 23%, dígito bastante celebrado pelo MLP. “O número de brasileiros aumentou a partir de visitas ao Brasil, da representação da Sul Hotels e do nosso projeto de relações públicas voltado para o trade”, destacou Sarmiento. “A alta do dólar tornou o brasileiro mais exigente e forçou a adaptação das viagens. Hoje, ele quer manter o padrão, mas com menos dias e dinheiro. Nossos produtos se encaixam perfeitamente nesta mudança”.

O Portal PANROTAS viaja a convite do Mountains Lodges of Peru e da Sul Hotels, com proteção GTA

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