Artur Luiz Andrade   |   07/01/2010 20:00

Patriani fala da venda da CVC. “Nada muda. O Carlyle comprou o DNA da CVC”, disse ele, que assinou contrato por 5 anos

“Nada muda. Fica tudo igual”, garante Valter Patriani, presidente e CEO da CVC Brasil Operadora, que teve 63,6% de suas ações hoje vendidas ao Grupo Carlyle. O dinheiro da venda, estimado em R$ 700 milhões, não é da CVC e sim de um dos acionistas, Guilherme Paulus.

“Nada muda. Fica tudo igual”, garante Valter Patriani, presidente e CEO da CVC Brasil Operadora, que teve 63,6% de suas ações hoje vendidas ao Grupo Carlyle. O dinheiro da venda, estimado em R$ 700 milhões, não é da CVC e sim de um dos acionistas, Guilherme Paulus. “Não foi um aporte de capital, até porque a CVC está muito bem. O Carlyle não compra empresas para consertar. Eles compraram o DNA da CVC e nada muda na diretoria e em nossa estratégia, que já está desenhada para chegarmos a 4,5 milhões de pacotes vendidos em 2014”, explica Patriani, que fechou acordo com os novos donos da CVC para continuar no comando da operadora por pelo menos mais cinco anos.

“O Carlyle não compraria 100% da CVC ou se o Guilherme (Paulus) decidisse sair da empresa. Porque o Guilherme é imprescindível para a CVC, é a alma da companhia, que fundou há 37 anos. Por isso repito, o Carlyle comprou nosso DNA e DNA não se muda”, continua o presidente da operadora, que em 2009 vendeu pouco mais de dois milhões de pacotes.

AJUDA DO CARLYLE
Se a máquina de vendas e operações da CVC garante os resultados com que qualquer investidor sonha, a expertise do Carlyle, que controla 260 empresas no mundo, será, segundo Patriani, fundamental em três áreas da CVC: financeira, administrativa e na expansão internacional. Hoje a CVC está presente em diversos países na América Latina, mas o foco será outro a partir de agora. “Ao entrar na Argentina, vamos entrar para servir o consumidor argentino que quer viajar dentro da Argentina e de lá para o mundo. Hoje, nossas bases estão relacionadas ao fluxo de e para o Brasil”.

PORTO SEGURO
Mesmo com esse crescimento de 2,5 milhões de passageiros em cinco anos (mais que dobrando o tamanho da empresa), Patriani garante que 60% do faturamento continuará vindo do doméstico, e 40% do internacional. “O Brasil é um porto seguro. As grandes operadoras que fecharam no Brasil nos últimos anos não fecharam por incompetência e sim por causa das crises internacionais”, diz Valter Patriani.

AQUISIÇÕES
Agora com um dono poderoso internacionalmente, a CVC pretende crescer comprando outras operadoras. Sim e não. Sim na América Latina, o que é uma forte possibilidade. Não no Brasil, onde a CVC já é gigante. “Mas ainda há espaço para crescermos e para outras operadoras. Se já estamos prevendo mais que dobrar de tamanho, antes da entrada do Carlyle, é porque o mercado vai crescer e não porque tomaremos de alguém. Claro que não queremos perder mercado, mas há espaço para mais operadoras”.

CRUZEIROS
Segundo Valter Patriani, a unidade de cruzeiros da CVC sempre esteve na negociação e a presença do Carlyle ajudará muito nesse segmento. Ele reafirma que na próxima temporada (2010/2011) a CVC Cruzeiros trará seis navios ao Brasil, mas ainda não pode revelar todos os nomes. Vem surpresa por aí.

UM NOVO OLHAR
Nada muda também no Workshop CVC, que ocorre em 3 e 4 de fevereiro, no Expo Center Norte, em São Paulo. O tema, Um Novo Olhar, de acordo Patriani, não tem a ver com a venda. “A CVC entra em uma nova década, quer crescer, expandir-se na América Latina. E passa a ter um novo olhar em relação ao mercado”, explica.

AGENTES FIDELIZADOS
A CVC quer chegar a 2014 com mil agências de viagens fidelizadas. Patriani não usa mais o nome loja, pois garante que a CVC não abre mais lojas. “Convidamos agentes de viagens a se fidelizarem com nossa marca e já temos 400 que toparam. Além deles, temos oito mil agências multimarcas que vendem nossos produtos. Lojas próprias da CVC são muito poucas. Não abrimos loja. Convidamos as agências a serem exclusivas revendedoras de produtos CVC”.

WEBJET
A companhia aérea não entrou na negociação com a Carlyle, assim como os hotéis da GJP. A legislação brasileira permitiria uma venda de apenas 20% da aérea e o controle não é permitido, mesmo com a possível mudança de legislação para 49%. E o Carlyle só compra empresas que pode controlar.

CONSELHO
Guilherme Paulus continua presidente do Conselho de Administração da CVC, que será composto de novo membros: seis do Carlyle e três de Guilherme Paulus, ainda não definidos. O Carlyle não terá funcionários na diretoria, mas um profissional será designadopara a transição.

RECADO
“Pode avisar ao trade que nada muda na CVC, no relacionamento com o setor, em nosso DNA. Vamos crescer sim, mas continuamos os mesmos”, finaliza Valter Patriani, que, claro, também fica, para alegria e segurança do Carlyle.

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