Diego Verticchio   |   03/12/2015 09:44

Operadores comentam IRRF, o novo imposto do setor

Para o presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco, “se o governo passar a cobrar o IRRF no patamar previsto antes da isenção, inviabilizaria o negócio das agências e operadoras de viagens que trabalham com o turismo internacional

Ainda que já fosse esperada, a notícia que a partir de janeiro todos os recursos enviados para Exterior por qualquer empresa ligada ao Turismo terá uma taxa extra de 6,38% como Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) não caiu bem entre os operadores. Em um primeiro cenário, essa alíquota seria de 33%, mas o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, entendeu os apelos de entidades e representantes do Turismo e baixou para 6,38% a taxa, o mesmo valor cobrado pelo IOF.

Para o presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco, “se o governo passar a cobrar o IRRF no patamar previsto antes da isenção, inviabilizaria o negócio das agências e operadoras de viagens que trabalham com o turismo internacional. Os valores teriam de ser repassados para o consumidor, que não poderia pagar”, comenta.

Para o diretor da Raidho Viagens, operadora especializada em destinos exóticos e internacionais, Roberto Nedelciu, a redução não significa uma vitória. "Já estamos com um mercado recessivo e isso irá encarecer ainda mais os pacotes", acredita.

O presidente da Flytour Viagens, Michael Barkoczy, afirma que a medida terá impacto no mercado e que poderá prejudicar as vendas no internacional. "Já passamos por uma pancada de desafios e este é mais um. Precisamos ver formas de impactar menos possível o cliente, como renegociar acordos e contratos", sugere. Atualmente, 70% dos pacotes comercializados na operadora são para destinos dentro do Brasil, enquanto que os outros 30% para fora. "Vamos focar e trabalhar mais fortemente o nacional", garante.

Operadora especializada em destinos ecológicos, a Venturas Viagens acredita que agir com prudência é importante nesse momento de oscilação cambial e crise política/econômica. O diretor da empresa, Giancarlo Valias, lembra que esta taxa é um novo fator competitivo. "O passageiro que compra direto no Exterior e paga no cartão já tinha os 6,38% nessa compra (IOF). A operadora não tinha esse custo quando remetia por ordem de pagamento, agora tem", afirma ele, que também tem focado as ações no mercado nacional, principalmente na Chapada Diamantina, onde mantém escritório próprio. “Ser empresário neste País não é pra qualquer um, definitivamente”, complementa.

Diretor da New It, do Rio de Janeiro, Nylvando Oliveira, também lamenta. “Mais um fator para inibir a viagem. O Brasil vive um momento economicamente difícil, com câmbio instável e esta taxa pode impactar o setor”. Já para o carioca Ronnie Corrêa, diretor da Abreu, o momento é de aguardar não só a tramitação final, como também o que se decidirá na Braztoa, entidade que representa os maiores operadores do País.

Oliveira e Nedelciu sugerem que esta taxa venha discriminada e que o consumidor saiba que está pagando. “Deveria ser cobrado a parte e discriminada, como a taxa de embarque”, conclui Nedelciu.

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