Roberta Queiroz   |   13/05/2016 09:50

Atingi o topo da carreira, e agora? – com Magda Nassar

Como outros profissionais do mercado, seja de Turismo ou não, Magda alcançou o auge da carreira. Mas o que fazer quando esse momento chega? É tempo de pensar em aposentadoria ou de realizar desejos guardados na gaveta? Conversamos com a presidente da Braztoa, Magda Nassar, e de

Emerson Souza

Foi aos 20 anos que Magda Nassar deu o seu primeiro passo em direção ao Turismo. Ela estava em uma quadra de basquete, assistindo aos jogos de seu irmão, quando uma amiga a convidou para trabalhar em uma agência de intercâmbio. Ansiosa pela independência financeira, Magda aceitou. Hoje, aos 53 anos, Magda é mãe, proprietária da Soft Travel e presidente da Braztoa.

Como outros profissionais do mercado, seja de Turismo ou não, Magda alcançou o auge da carreira e, durante a entrevista, até brincou: “Me considero uma boa profissional ou, no mínimo, razoável”.

Mas o que fazer quando esse momento chega? É tempo de pensar em aposentadoria ou de realizar desejos guardados na gaveta? Conversamos com a executiva e descobrimos um pouco sobre a sua rotina e os planos daqui para frente.

DIA A DIA
Vida pessoal à parte, a semana de Magda é dividida entre compromissos da Braztoa e da Soft Travel. A jornada dupla não significa remuneração em dobro. Afinal, quem preside a entidade não recebe salário. “Na Braztoa, trabalho por paixão, trabalho para o mercado. Meu pagamento aqui é institucional. O Turismo me deu tudo o que eu tenho e a presidência da Braztoa me deixa retribuir”, confessou.

Magda sempre esteve ligada à área criativa das empresas em que atuou e é esse conhecimento que ela tenta aplicar na entidade. “Crio projetos e os executo com a equipe. Eles são um verdadeiro dream time. Essa equipe é da Braztoa, e não do presidente”, contou. Magda não poupou elogios aos profissionais que a cercam e aproveitou a deixa para falar sobre outro benefício que o cargo traz. “A Braztoa também me dá visibilidade e vastas possibilidades de networking. Mas, aqui, trabalho o triplo do que na Soft”, disse.

A operadora de Magda tem 27 anos, por coincidência, a mesma idade que a Braztoa completou na última terça-feira (10). A empresa funciona em formato de sociedade – composta por ela e por Fausto Adriano. “Continuo frequentando a Soft, mas em uma frequência um pouco menor”, afirmou. “A presença física não faz tanta diferença quando a empresa já está consolidada. Além disso, tenho braços direito e esquerdo que trabalham por lá, como o meu gerente comercial, Ricardo Campos”, argumentou. Antes de assumir a principal cadeira da Braztoa, Magda conversou com Fausto Adriano e Campos para alinhar a nova rotina da Soft.

PRÓXIMOS PASSOS
Emerson Souza

Há algo certo no futuro de Magda Nassar, pelo menos, naquele que ela planeja em seus pensamentos: a carreira não será encerrada tão cedo. “Quando eu tinha 45 anos, pensava em me aposentar aos 50. Depois da Braztoa, eu me renovei e repensei”, pontuou. “Quando você tem uma carreira longa, você deve olhar pela janela. E hoje eu olho pela janela, por isso a aposentadoria saiu dos meus planos. Enquanto eu tiver vontade de trabalhar, vou seguir”, reiterou.

Magda avisou que “desafios estão vindo pela frente”, mas não revelou, de fato, quais são eles e para qual direção eles caminham. Questionada sobre os desejos que ainda a sondam, ela citou, sem titubear, o mundo on-line. “A Soft tem porte médio e, para mim, o mundo on-line é um grande desafio. Nunca trabalhei em uma empresa inteiramente on-line e tenho essa vontade”, admitiu. Algumas empresas, inclusive, já tentaram colocar este desafio em prática. “Durante a minha carreira já recebi convites para assumir OTAs, mas os convites vieram de empresas estrangeiras. De empresas brasileiras eu nunca recebi convites”, declarou.

Como pode-se perceber, Magda ainda tem uma lista de sonhos. Mas, sem dúvida, ver a transformação do Turismo tem seu lugar de destaque em meio às ambições. “Eu acho que até conseguiria encerrar minha carreira logo, mas não dá. Estamos vivendo um novo momento, com empresas sendo criadas, empresas se juntando, desmembrando. É um momento que ainda não passou, está acontecendo”, opinou. “Ainda tenho grandes planos e o trabalho que executo aqui na Braztoa me ajuda nisso”, emendou. Magda ainda deixou claro que não quer ser uma pessoa ultrapassada e, também por isso, faz questão de estar cercada por pessoas com ideias jovens.

TENDÊNCIAS
Entre as transformações do Turismo que intrigam Magda está o futuro das operadoras, inclusive aquele que ronda a Soft. “O modelo de operadora vai mudar, todos nós sabemos. Quero saber qual será o nosso último momento Kodak”, ansiou. No entanto, Magda não acredita que o desafio das operadoras está na concorrência com as OTAs. “É besteira pensar assim”, alertou. Para ela, o obstáculo está na oferta de produtos. “Será que a solução desse impasse é ter uma operadora e uma rede de hotéis? Será que é ter parcerias mais consolidadas? Eu não sei”, indagou.

O amanhã em que Magda verdadeiramente aposta é uma tendência defendida por muitos empresários do setor: a fusão de empresas. “O mercado só vai funcionar quando as empresas tiverem maturidade para se unir”, opinou. “Para mim, o futuro é investir em um nicho específico ou unir empresas. E isso não é questão de sobrevivência, mas questão de futuro. É neste futuro que eu acredito hoje”, defendeu. Magda, por sinal, já foi procurada por empresários interessados em adquirir ou fundir a Soft Travel. “Nenhuma proposta foi satisfatória”, garantiu.

MANDATO NA BRAZTOA
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Ambições e convites não atrapalham o cumprimento do mandado de Magda na Braztoa. “Garanto 100% que vou cumprir meu mandato de dois anos na Braztoa. Prometi isso tanto para a Mônica, como para a minha equipe”, reforçou. O segundo mandato, porém, está em aberto. “Essa decisão depende de mim, da equipe e dos associados. Eu amo a Braztoa, mas não posso prometer”, disse. Magda foi a primeira mulher a sentar na cadeira da presidência da entidade e, por ora, ela apenas torce uma sucessão feminina.

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