Movida

Renê Castro   |   05/10/2017 11:30

Eduardo Nascimento envia carta explicando falência; leia

Após decretada falência da Nascimento, o patriarca e fundador da operadora, Eduardo Nascimento, enviou carta ao Portal PANROTAS explicando os motivos que levaram a empresa de 54 anos encerrar suas atividades. Confira o texto na íntegra.

Emerson Souza
Após decretada falência da Nascimento, o patriarca e fundador da operadora, Eduardo Nascimento, enviou carta ao Portal PANROTAS explicando os motivos que levaram a empresa de 54 anos encerrar suas atividades. Confira o texto na íntegra.

Infelizmente chegamos ao final previsível, a falência de uma empresa de 54 anos que passou incólume às inúmeras crises que o país vivenciou, bem como a crises setoriais. Uma empresa que não tem estoque e vive de sua credibilidade, credibilidade esta que se perde automaticamente ao requerer RJ, dificultando enormemente a possibilidade de recuperação.

Foram inúmeros fatores que nos levaram a esta situação. Posso citar entre outras, talvez a maior delas a aquisição de uma empresa em recuperação, a New Line, que adquirimos na intenção de aumentar nosso market share. Os cadáveres no armário foram muito além da nossa expectativa. Inexperiência. Outros prejuízos importantes foram as operações de charteres, que em duas temporadas seguidas os aviões contratados acabaram tendo problemas, e tivemos de alocar mais de três mil passageiros em voos de empresas regulares, sem deixar nenhum passageiro no chão. Uma delas foi a Ryan International, que entrou em “chapter 11” (concordata americana), na véspera de iniciar os voos contratados.

Não podemos deixar de citar, o que talvez tenha sido a maior razão desta situação, a negociação de venda da Nascimento para uma grande operadora do mercado, processo este que demandou quase um ano de auditorias e reformulações. Tempo em que mantivemos um quadro muito inchado, com mais de 400 funcionários, regiamente pagos, com alguns dos melhores salários do mercado, que culminou pelo desinteresse da pretendente quatro meses antes de nossa solicitação de recuperação. Tempo este que nos desfizemos ou alienamos aos bancos boa parte de nosso patrimônio pessoal, inclusive “bens da família” para cobrir as despesas correntes, já em época de crise, coma eleição da presidenta e, consequentemente, desvalorização do real.

Evidentemente que nos faltou um melhor controle financeiro, e isto não podemos negar. Foi nossa culpa, mas não dolo. E em momento algum pudemos imaginar que uma história de sucesso de 54 anos fosse levada na enxurrada de uma falência.

Felizmente, o bom senso do juízo desconsiderou o grupo econômico, envolvendo várias empresas, das quais outrora participamos como investidores, que seguem criando novas oportunidades no mercado.

O turismo ainda é um ramo muito volátil, e inerente à crises, talvez incompreendido. Basta ver o histórico de falências que nos precederam: Soletur, Dimensão, Transatlântica, Panexpress, Ati, Viagens Costa, Imperial e tantas outras.

O tempo dirá...

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