Henrique Santiago   |   23/08/2017 18:29

Como a Nickelodeon desistiu de ter um parque em uma ilha

Nickelodeon abandona planos de abrir um resort e parque subaquático na ilha Palawan, nas Filipinas.

Flickr/dahon
A ilha Palawan é um patrimônio da Unesco
A ilha Palawan é um patrimônio da Unesco
A Nickelodeon, por meio de sua holding Viacom International Media Networks, a gigante por trás de Paramount, MTV, VH1, tinha planos de abrir um resort temático nas Filipinas. Com empreendimentos de entretenimento e hospedagem nos Estados Unidos e na República Dominicana, a marca estava prestes a estrear em outro continente, mas foi barrada antes mesmo do início.

Anunciado em janeiro, o projeto era um tanto ambicioso, mas polêmico. A ideia era abrir um parque subaquático na ilha Palawan, um dos paraísos naturais filipinos e patrimônio mundial da Unesco. Em uma área de 400 hectares, seria possível visitar, debaixo d'água, atrações e interagir com personagens da Nickelodeon, como Bob Esponja, Dora, a Aventureira, Os Padrinhos Mágicos, entre outros.

A novidade, feita em parceria com a Coral World Park, logo despertou a ira de ambientalistas e dos habitantes do país asiático. Segundo eles, a vida marinha entraria em risco e a barreira de corais do destino “intocado” seria extinta com a construção do complexo de entretenimento.

PRESSÃO POPULAR
Divulgação/Coral World Park
Uma das áreas do resort Nickelodeon
Uma das áreas do resort Nickelodeon

Até mesmo uma petição on-line foi lançada, reunindo mais de 260 mil assinaturas de um total de 300 mil requeridas.
Até mesmo o Greenpeace uniu forças e defendeu a reprovação do projeto, enquanto o Departamento de Turismo (DOT) dava sinal verde para o avanço.

“Contrário ao anúncio de que o parque ‘protegeria o oceano’, irá fazer exatamente o oposto. Ao construir estruturas artificiais, o ecossistema marinho de Palawan será, sem dúvidas, prejudicado. Se você é honesto com a conservação da vida marinha, o dinheiro alocado para o parque deverá ser investido em áreas protegidas, meios de subsistências sustentáveis para a comunidade e programas educacionais ambientais”, justifica o documento.

REPROVAÇÃO
Divulgação/Coral World Park
Área de convivência com presença da vida marinha nos arredores
Área de convivência com presença da vida marinha nos arredores
Mas nem todos os políticos aprovaram tal ideia. A ministra do Meio Ambiente, segundo divulgou a imprensa local, disse que não iria permitir a entrada do complexo subaquático.

“É a nossa riqueza. Isso não é permitido. Não se pode matar os corais. Por um parque temático? Não mesmo”, declarou em entrevista ao canal ABS-CBN.

O plano da Viacom era iniciar as obras em tempo de inaugurar o resort em 2020. Lounges e restaurantes localizados a seis metros abaixo do nível do mar também estavam no cronograma. Mas ontem (22), a empresa de mídia abandonou o projeto após a pressão popular.

“A Viacom International Media Networks (VIMN) concordou mutualmente com a Coral World Park em descontinuar o acordo de licenciamento para a atração e resorts da Nickelodeon [...] Assim sendo, não estaremos mais envolvidos com essa proposta. Desejamos o melhor à Coral World Park”, disse, em nota, sem ter justificado a desistência.

Até o momento, o Coral World Park não se pronunciou sobre a decisão de sua ex-parceira ou se irá manter o planejamento com outra marca. Mas o programa de conservação marinha atesta que o parque não irá destruir os corais.

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