Colaborador   |   11/10/2016 08:55

Onde está o ganho e como ter resultados com "bleisure"

Artigo escrito pelo consultor da Qualitas Travel Partner e instrutor na Iccabav Julio Verna esclarece um dos assuntos mais quentes do mercado de viagens corporativas: a mescla de viagem a negócios com lazer.

*Por Julio Verna, consultor da Qualitas Travel Partner e instrutor na Iccabav

Tem aumentado em muito as informações, textos e comentários sobre bleisure. O termo é um acrônimo ou um neologismo. É a junção de duas palavras em inglês: businesse leisure(negócios e lazer) – de fato é a realização de uma viagem combinada, uma viagem de trabalho com uma viagem de lazer.

O entendimento é algo como "já que estou viajando a trabalho, por que não posso aproveitar os momentos livres com atividades pessoais? Ou, por que não chegar alguns dias antes ao destino ou ficar alguns dias depois do período de trabalho?" Também se pode considerar uma conexão como uma possibilidade de parada, como um destino intermediário, e aproveitar de tudo o que o lugar tem a oferecer.

Moyan Brenn/Flickr

Desfrutar de atividades pessoais, particulares e de lazer em momentos livres durante uma viagem de trabalho não é nenhuma novidade. Faz-se isso há décadas. O que tem acontecido é um aumento desse tipo ou modelo de viagem por alguns novos motivos, como mais jovens viajando a negócios, "novos" jovens de qualquer idade viajando mais, viajantes ultraconectados com o que está acontecendo em diversos canais digitais, destinos antigos com seus serviços e produtos melhorados e disponibilizados eletronicamente, entre tantos outros motivos.

Bleisurenão é uma tendência de utilização de um novo serviço. Bleisureé a descoberta de uma potencial fonte de venda que toda a cadeia produtiva de viagens e turismo deve aproveitar. Bleisureé lembrar que uma boa parcela dos viajantes de negócios querem passear, conhecer, aprender, comprar e visitar além de trabalhar.

A necessidade de realizar atividades pessoais, a intenção e o interesse em concretizar estes momentos aumentaram com todas as facilidades de aquisição de serviços através das novas ferramentas de engajamento via web - e também pelos destinos estarem preparados tecnologicamente com a venda e transações facilitadas através de dispositivos móveis.

O que tem que ficar claro é que as estratégias de bleisurenão são vender viagens de lazer para cliente corporativo (esta é outra estratégia), nem vender viagem longa a partir do destino de onde o viajante está (também esta é uma outra estratégia) - tampouco é trabalhar durante os momentos de lazer (isso é ruim) ou fazer lazer durante o horário de trabalho (isso não é "legal"). Entretanto, muitos confundem tudo isso.

ONDE ESTÁ O GANHO

Jorge Gonzalez/Flickr

Mas o que a agência de viagens corporativas, a TMC, ou mesmo a agência de lazer ganham com isso?

Há várias agências de viagens corporativas falando sobre os benefícios que os viajantes de negócios têm ao aproveitar seus momentos livres para realizar atividades pessoais e de lazer. Mas quase todos os textos só falam sobre o ganho que os prestadores ou fornecedores de serviços finais em viagens e turismo têm. Principalmente os meios de hospedagem.

A compra por serviços no destino sempre aconteceu, principalmente na recepção do hotel ou numa indicação do concierge. Os próprios hotéis demoraram para reconhecer que poderiam oferecer o melhor dos seus próprios serviços ou de terceiros, como um serviço diferenciado e personalizado, e com isso, aumentarem suas receitas. Os meios de hospedagem são os maiores beneficiados com estas possibilidades, pois no mínimo o viajante pernoita no destino.

Sempre digo para as agências de viagens que o que o viajante não compra com a sua agência de viagens ele compra com outra agência ou direto no destino. E realmente é muito mais fácil se obter atividades de lazer para o viajante no destino do que com as agências de viagens corporativas, que em grande parte não estão preparadas tecnicamente para realizar a venda para este perfil de viajante.

Os produtores ou fornecedores finais de serviço como hotéis, locadoras de automóveis, operadores de receptivo, casas de shows e espetáculos e outros estão redesenhando as ofertas com facilidades de reservas e ingressos (tickets), assistência, atendimento e acompanhamento especial para tours, capacitação e experiências - tudo por meio do aumento das possibilidades destas intenções e interesses deste "novo viajante" como uma nova forma de geração de receita.

COMO TER RESULTADOS

Michael Theis/Flickr

Pesquisas atuais apresentam resultados quantitativos e mostram que um em cada cinco viajantes a negócios realiza atividades de lazer. Além disso, cerca da metade das viagens do tipo tem bleisureno final, sendo 30% no início. As pesquisas mostram, também, que quanto maior a distância da origem ao destino maior probabilidade da utilização de atividades de lazer. Isto é, quanto mais longo o voo, maior a tendência ao bleisure.

Como oportunidade de negócios para a agência de viagens é preciso se preparar e investir tempo e dinheiro para ter resultado em com bleisure. Para a grande maioria das TMCs, fazer parcerias é fundamental para a operação, porque sua expertise em lazer ou em atividades no destino é quase nenhuma.

Guian Bolisay/Flickr

Para se preparar para vender o destino é preciso planejar algumas etapas respondendo a perguntas como:

- Seu cliente empresa sabe o que é bleisure?
- Se não sabe, como mostrar para ele os benefícios para os viajantes da empresa?
- Como é a politica de viagens e a politica de benefícios da empresa? E a legislação trabalhista com as responsabilidades sobre o período fora de trabalho?
- Quem será responsável pelo viajante de negócios durante suas atividades ou viagem de lazer? E o seguro do funcionário?
- Como seria implantar como benefício a viagem bleisure aos viajantes da empresa? E a política de Recursos Humanos?
- Você está preparado para auxiliar na revisão da politica de viagens da empresa? Que tipos de flexibilidades poderiam ser implementadas?
- Quais são as estratégias de cobrança de serviço do cliente empresa, e quais são os programas de benefícios, de vantagens e de fidelização com o cliente empresa e com o viajante?
- Quem é o viajante? Ele é funcionário, é terceirizado, é representante, é cliente, é fornecedor, ou é convidado da empresa?
- Como será a estratégia de abordagem, de convencimento, de recolhimento de informações, de engajamento em mídias sócias e de tecnologia aplicada com o viajante?

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