Leonardo Ramos   |   07/02/2018 16:37

Iata: expansão de aeroportos irá elevar preço e afastar pax

Altos custos de expansão e construções "exageradas" em aeroportos podem cair nas mãos das aéreas e, por fim, nos passageiros

Pixabay
Um alerta que vale para aeroportos, aéreas e passageiros foi dado nesta semana pelo CEO da Iata, Alexandre de Juniac, durante o Airshow Aviation Leadership Summit (SAALS), em Cingapura. Segundo ele, se os investimentos "exagerados" previstos para expansão de infraestruturas aeroportuárias não forem contidos, o mercado aéreo não conseguirá manter as tarifas dos bilhetes acessíveis para o público, e as reformas surtirão um efeito oposto do desejado: afastar a demanda de passageiros.

Para ele, projetos "grandiosos" deviam ser evitados, com o foco devendo se voltar a objetivos práticos, como ampliar a capacidade aérea dos aeroportos. Ele citou como exemplo o aeroporto de Heathrow, em Londres, cujo custo proposto chega as 14 bilhões de libras (US$ 19,8 bilhões) para a construção de uma terceira pista; e ainda o projeto para um quinto terminal no aeroporto de Changi, em Cingapura.

O aeroporto londrino, inclusive, chegou a gerar polêmicas quanto ao destino dos gastos, que poderiam cair nas mãos das aéreas - e, por fim, na dos passageiros. Já o aeroporto de Cingapura prevê uma cachoeira interna de 40 metros de altura além do quinto terminal, algo considerado exagerado e desnecessário.

"Gostaríamos, por exemplo, de evitar grandes projetos nos quais vemos preços acima do necessário, porque a arquitetura é fantástica, maravilhosa, mas é muito dispendiosa ... temos de ser mais modestos", explicou Juniac, acrescentando que os custos de construção de aeroportos estão subindo para níveis muito acima do que as companhias aéreas conseguem suportar.

Wikicommons/Tony Hisgett
Terceira pista de Heathrow deve custar quase US$ 20 bilhões
Terceira pista de Heathrow deve custar quase US$ 20 bilhões
"Alguém terá que pagar por isso. Elas terão que colocar os custos nos bilhetes e, se ele for muito alto, poderá prejudicar o nível de demanda", explicou o CEO da Iata.

A entidade está trabalhando com as autoridades de Heathrow e Changi para gerenciar os custos de suas expansões, e propôs aos governos envolver as companhias aéreas nas negociações desde o início dos projetos.

AUMENTO DA DEMANDA EXIGIRÁ EXPANSÃO
Na contramão do alerta Juniac explicou que, de um modo ou de outro, a capacidade dos aeroportos precisa aumentar - embora sempre com o mínimo de gastos possível. Segundo ele, 7,8 bilhões de pessoas deverão voar em todo o mundo até 2036, muito acima dos esperados quatro bilhões em 2018. Metade disso voará de ou para a região Ásia Pacífico,

Assim, mesmo com as previsões de expansão e novos aeroportos, o crescimento do número de passageiros deve superar o desenvolvimento infraestrutural dos aeroportos e sistemas de controle de tráfego aéreo, segundo ele.

"Eu acredito nisso. Estamos indo para uma crise. A infraestrutura em geral não está sendo construída o suficiente para atender a crescente demanda. Todos os grandes negócios de avião que serão feitos neste Airshow não significarão nada se não tivermos a capacidade de administrar o tráfego no ar e os aeroportos em cada final da viagem", finalizou Alexandre de Juniac.


*Fonte: AFP

conteúdo original: http://bit.ly/2EobsSd

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