Karina Cedeño   |   27/02/2024 19:12
Atualizada em 27/02/2024 20:32

Falta de aviões e preços de passagens nas alturas; qual a solução?

CEOs da Latam, BeFly e Atlantica falaram sobre este cenário e como ele afeta suas empresas


PANROTAS / Emerson Souza
Eduardo Giestas (Atlantica Hotels), Artur Andrade (PANROTAS), Jerome Cadier (Latam) e Marcelo Cohen (BeFly) participaram do último debate do Lacte19
Eduardo Giestas (Atlantica Hotels), Artur Andrade (PANROTAS), Jerome Cadier (Latam) e Marcelo Cohen (BeFly) participaram do último debate do Lacte19

A 19ª edição do Lacte, que aconteceu hoje (27) no WTC Events Center (SP), teve em seu encerramento um debate entre CEOs para falar de assuntos pertinentes ao setor de viagens corporativas. Na ocasião, o editor-chefe da PANROTAS, Artur Andrade, levantou a questão da falta de aviões e da alta nos preços das passagens aéreas que o País enfrenta. Como isso tem afetado o mercado e quais são as soluções?

O CEO da Latam, Jerome Cadier, lembrou que as tarifas altas para voar são resultado da regra da oferta e demanda. “Se não tem oferta e tem demanda, os preços sobem. É óbvio que gostaríamos que baixassem os preços do combustível e outras questões fossem resolvidas, mas isso no curto prazo não vai alterar o preço. O que vai mudar é a maior oferta”, afirma Cadier.

E o que explica essa crise na oferta? “São dois fatores. O primeiro é que, durante a pandemia, todas as cadeias de suprimento das empresas que produzem aviões foram desfeitas. Foram dois anos nos quais essa cadeia não funcionou, fazendo com que os números de produção de aviões da Boeing e da Airbus ficassem com esse gap de dois anos. O segundo fator é que tem motores de nova geração precisando ficar mais tempo em manutenção do que o planejado, o que tira o avião de circulação. Tem menos avião útil voando e mais aeronave esperando para fazer manutenção. Enquanto houver no mundo a falta de aviões de pequeno porte, os preços das tarifas serão pressionados para cima”, continua o CEO da Latam.

A companhia aérea recebeu 15 aviões novos no ano passado. “Para este ano projetamos um aumento de 7% a 9% na oferta doméstica, mas o mercado pede mais. Estamos buscando alternativas para conseguir aumentar esse número, como trazer aviões de outros países, já que o mercado brasileiro está aquecido”.

O CEO da BeFly, Marcelo Cohen, comenta que, com as tarifas aéreas mais altas, as empresas limitam os viajantes para fazer viagens mais curtas de automóvel ou pelo modal rodoviário. “Esse problema de falta de aviões nos afeta também, assim como afeta a hotelaria, o passageiro, a companhia aérea. Mas esse não é um problema somente do Brasil e sim mundial", diz Cohen.

"Temos uma séria questão de oferta hoteleira também. O Brasil é um mercado subofertado em UHs e tem índice menor do que qualquer país da América do Sul. A reposição do aumento de oferta é complexa, leva tempo e é necessário ter um cenário com taxas de juros mais baixas para competir no segmento imobiliário. Estamos vivendo um incremento de preços, as tarifas subiram nos últimos dois anos, mas a hotelaria tem um comportamento diferente do setor de aviação, pois é um mercado muito fragmentado e reage muito mal em crises. O setor de hotelaria teve cinco anos de crise nos últimos dez e precisamos recuperar patamares de 2013. Sem falar que secou o pipeline de novos lançamentos, o que nos faz apostar em novos modais de hospitalidade, como o residencial com serviços e o modelo multipropriedade", comenta o CEO da Atlantica, Eduardo Giestas.

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