Beatrice Teizen   |   17/10/2022 18:13
Atualizada em 17/10/2022 18:15

Executiva da CTM fala sobre papel da TMC pós-pandemia

ctm

Está no ar mais uma entrevista que serviu como base para montar a programação do Download, evento realizado em parceria pela Academia de Viagens Corporativas e PANROTAS. A primeira edição do encontro – que pretende acontecer todo segundo semestre – reuniu mais de 150 profissionais, entre gestores, compradores e stakeholders das áreas de viagens corporativas, em São Paulo, no dia 28 de setembro, para debater o futuro deste setor.

A agenda, totalmente criada pelas empresas parcerias do evento, contou com painéis sobre foco do travel manager, política de viagens assertivas, desafios da indústria para 2023 e muito mais. Todos estes temas foram abordados por meio dos bate-papos internacionais feitos com profissionais e especialistas do mercado.

A seguir você pode acompanhar a entrevista com a COO da CTM (Corporate Travel Management) América do Norte, Maureen Brady.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Maureen Brady, COO da CTM América do Norte
Maureen Brady, COO da CTM América do Norte
PANROTAS – Quais foram as principais mudanças pós-pandemia no seu negócio?

MAUREEN BRADY – Acho que a maior mudança foi a atitude em relação às viagens. Antes da pandemia, todos nós assumíamos que mobilidade era um direito nosso e nos foi tirado o direito de ir do ponto A ao ponto B sem nenhuma disrupção. O que está acontecendo agora, como um resultado da pandemia, é que as pessoas estão olhando para as viagens de maneira diferente. Empresas estão olhando para o bem-estar de seus viajantes, os viajantes não querem viajar o tanto que viajavam antes. As pessoas estão de olho nos efeitos no meio-ambiente... É tudo sobre pessoas encontrando pessoas. E agora valorizamos isso mais ainda depois de não poder nos encontrarmos por dois anos.

PANROTAS – E sobre o papel da TMC, o que mudou? Foi melhorado?

MAUREEN – Obviamente, vindo de uma TMC, eu acredito que o papel melhorou. Por anos a indústria falou sobre o fim da TMC. Mas, na verdade, nosso papel se tornou mais importante. O que está acontecendo é que empresas que antes permitiam seus colaboradores fazerem a organização de suas viagens em qualquer lugar, agora falam que precisam de uma TMC. Que precisam saber onde seus funcionários estão, que estão seguros, que estão viajando bem. Também acredito que as TMCs estão se vendo como um verdadeiro parceiro, especialmente das empresas, em relação a informações, para onde as pessoas estão viajando... É mais do que nunca sobre uma relação de parceria.

PANROTAS – Como você vê os próximos três anos?

MAUREEN – Vejo as pessoas voltando a viajar, visitando clientes, vendedores. Na CTM observamos uma explosão de viagens, especialmente nas áreas de grupos e reuniões. As empresas estão reunindo pessoas que não estiveram juntas nos últimos dois anos e reconhecendo que, quando elas estão juntas no mesmo lugar, há muita criatividade e inovação. Eu vejo isso continuando nos próximos três anos.

PANROTAS
– Um dos problemas atualmente é a falta de mão de obra. Vocês estão passando por isso? As habilidades que vocês procuram em um funcionário mudou? Como vocês enxergam este problema?

MAUREEN – Houve uma grande renúncia de trabalhadores na indústria de viagens quando a covid-19 chegou. Agora estamos tentando trazer essas pessoas de volta. Algumas mudaram de setor, outras decidiram que não valia mais a pena. Então, algumas coisas que estamos fazendo, é que estamos muito flexíveis nas nossas ofertas. Pedimos para as pessoas voltarem, talvez trabalhando apenas três dias na semana, ou quatro, ou trabalhando em horários diferentes. Estamos tentando acomodar, deixar as pessoas trabalharem de casa. Também estamos olhando para problemas fora da indústria, trabalhando com universidades, com indústrias e outras empresas para realmente tentar ensinar às pessoas novas habilidades. Enquanto eles tenham uma atitude de atendimento, seremos capazes de falar com eles.

PANROTAS
– O viajante quer flexibilidade, o colaborador quer trabalhar com flexibilidade... e vocês precisam ser flexíveis?

MAUREEN – Temos de ser flexíveis. Como um empregador, eu tenho de aceitar isso. Vimos muitas pessoas com filhos pequenos em casa etc., talvez eles queiram trabalhar nas horas em que as crianças estão na escola. E tudo bem por nós. Temos tantos tipos diferentes de negócios, trabalhamos com viajantes que fazem arranjos por e-mail, outros que gostam de ligar, alguns on-line... E eu consigo direcionar a maneira que o viajante faz sua gestão com as pessoas que podem trabalhar nestes horários mais flexíveis.

PANROTAS – Qual o maior desafio no seu trabalho atualmente?

MAUREEN – A inflação. A demanda de viajantes excede a oferta de viagens. Todas as companhias aéreas estão com dificuldade em lidar com essa demanda, assim como todos os hotéis. E nós também. Então, o preço da mão de obra, de todos os serviços, excedeu a receita que temos de bilhetes aéreos ou das empresas que pagam pelas taxas de serviço. Tem um gap entre receita e custo no momento. E nós temos de ter transparência, honestidade, conversas claras com esses que estão procurando por serviços de viagem.

PANROTAS – Como a inteligência artificial está ajudando a CTM a dar ofertas personalizadas ao viajante, especialmente em tempos de disrupção?

MAUREEN – Na CTM falamos muito “show me you know me”. Então, usamos a IA para mostrar ao viajante que o conhecemos. Quando ele nos liga, sabemos quem ele é, sabemos onde ele está, quais as suas próximas viagens... Queremos mostrar ao cliente que o conhecemos. A IA está em todo lugar, na Amazon, Netflix. Acreditamos que ela terá um papel importante em viagens para prover serviços para o usuário final.

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