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Marcel Buono   |   16/01/2019 16:32

Aeroporto Campo de Marte pode ser fechado por João Doria

CEO da ABAG repudiou os planos do recém-eleito governador de São Paulo, João Dória

Na última semana, o recém-eleito governador de São Paulo, João Doria, reforçou seu plano de fechar o aeroporto Campo de Marte, na capital paulista, para transformá-lo em um “espaço de lazer” administrado pelo setor privado.

Nesta quarta-feira (16), a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) se posicionou a respeito do tema, repudiando a ideia do político do PSDB, principalmente pelos motivos argumentados, como a insegurança gerada na região.

Wikimedia Commons
Campo de Marte, aeroporto localizado no bairro de Santana, em São Paulo
Campo de Marte, aeroporto localizado no bairro de Santana, em São Paulo
“Campo de Marte é um aeroporto seguro e importantíssimo para São Paulo. É o quinto maior aeroporto do País em número de operações, tendo fechado 2018 com 70 mil pousos e decolagens. Em 12 anos, foram três fatalidades, muito menos do que as mortes em acidentes de trânsito na avenida 23 de Maio. Nem por isso se cogita o fechamento da via”, disse o CEO da Abag, Flavio Pires.

Na visão dele, também causa estranheza ver um governador de Estado querer fechar as portas de um aeroporto municipal, gerido por uma autarquia federal como a Infraero. A entidade está participando de uma série de ações contra a ideia do governador de fechar o terminal, incluindo manifestações, abaixo-assinados e articulações políticas.

“A aviação continua sendo o transporte mais seguro do mundo e o governador sabe disso. O argumento de que o Campo de Marte precisa ser fechado por falta segurança é completamente descabido. A proposta sequer representa a vontade dos moradores da região, que temem muito mais pela exploração imobiliária que pode surgir e, consequentemente, o caos que seria provocado no trânsito pelo adensamento populacional”, comentou Pires.

Atualmente, o Campo de Marte conecta São Paulo a mais de 900 destinos em todo o território nacional. Já a aviação comercial, que não opera no aeroporto, liga a capital paulista a um pouco mais de 100 outras cidades.

O Brasil é dono da segunda maior frota de aeronaves da aviação geral, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. No total, são mais de 15 mil veículos divididos entre jatos (770), turboélices (1,3 mil), helicópteros (dois mil), anfíbios (40) e modelos convencionais (11,2 mil).

MISSÃO MARTE
Hoje em dia, o Campo de Marte é uma alternativa para o aeroporto de Congonhas, que dispõe de pouco espaço para os aviões de pequeno e médio porte. O usuário do aeródromo localizado na região Norte da cidade não é o de grandes aeronaves da aviação executiva, mas sim o de pequenos aviões e helicópteros.

“Os aeroportos de Jundiaí e de Sorocaba não teriam como absorver estas 70 mil operações por ano, e o aeroporto Catarina, que está sendo erguido pela JHFS e foi mencionado como alternativa pelo governador, estaria um pouco mais distante dos centros empresariais de São Paulo”, explicou o CEO da Abag.

QUAL A SOLUÇÃO?
De acordo com a entidade, é possível fazer usos diferenciados do Campo de Marte sem abrir mão das operações. Ao todo são 2,5 milhões de metros quadrados, o suficiente para fazer um parque e o Museu Aeroespacial, que vem sendo discutido, sem sacrificar pousos e decolagens.

“O potencial do Campo de Marte a ser explorado é enorme. Inclusive, estamos em negociação para levar para lá a Labace, segunda maior feira do mundo de aviação executiva, que será realizada em agosto”, completou Pires.

Segundo a Abag, o plano é buscar uma solução conciliatória e inclusiva que contemple novos usos e até mudanças na forma de aproximação das aeronaves, permitindo a exploração imobiliária da região.

“Repudiamos veementemente a ideia de fechar qualquer aeroporto no País. O Campo de Marte faz parte do novo desenho do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) para o futuro da aviação em São Paulo. Isso que falta aos governantes: visão de futuro. Fechar é rápido, erguer um novo aeroporto leva décadas. Todos sabem disso”, completou.

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