Pedro Menezes   |   15/10/2025 10:39
Atualizada em 15/10/2025 15:12

EUA deixam Top 10 dos passaportes mais poderosos do mundo pela primeira vez

Reino Unido também registrou seu pior desempenho histórico, caindo da 6ª para a 8ª posição no ranking

Divulgação
País, que já ocupou o topo do Henley Passport Index em 2014, caiu para a 12ª posição, empatado com a Malásia, e oferece acesso sem visto a apenas 180 dos 227 destinos globais analisados
País, que já ocupou o topo do Henley Passport Index em 2014, caiu para a 12ª posição, empatado com a Malásia, e oferece acesso sem visto a apenas 180 dos 227 destinos globais analisados

Pela primeira vez em 20 anos, o passaporte dos Estados Unidos deixou de figurar entre os dez mais poderosos do mundo. O país, que já ocupou o topo do Henley Passport Index em 2014, caiu para a 12ª posição, empatado com a Malásia, e oferece acesso sem visto a apenas 180 dos 227 destinos globais analisados. O Reino Unido também registrou seu pior desempenho histórico, caindo da 6ª para a 8ª posição.

A liderança da nova edição do índice ficou novamente com Singapura, cujo passaporte permite entrada sem visto em 193 destinos, seguida por Coreia do Sul (190) e Japão (189). O ranking é elaborado pela consultoria britânica Henley & Partners, com base em dados exclusivos da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

Segundo a Henley & Partners, a queda norte-americana se deve a uma série de mudanças de reciprocidade. A perda do acesso sem visto ao Brasil, em abril, e a exclusão dos EUA da lista de países com isenção da China iniciaram a tendência de queda. Alterações em Papua-Nova Guiné e Mianmar, somadas às recentes medidas de Somália e Vietnã, consolidaram a descida para fora do Top 10.

“O declínio do passaporte americano é mais do que uma simples troca de posições — reflete uma mudança profunda na mobilidade global e no equilíbrio de poder”

Christian H. Kaelin, presidente da Henley & Partners e criador do índice

Embora os americanos possam viajar sem visto para 180 países, os Estados Unidos permitem a entrada livre a cidadãos de apenas 46 nacionalidades, ocupando o 77º lugar no Henley Openness Index, que mede o grau de abertura dos países. Essa disparidade é uma das maiores do mundo (maior apenas que a da Austrália e logo à frente de Canadá, Nova Zelândia e Japão).

De acordo com Annie Pforzheimer, do Center for Strategic and International Studies (CSIS), o isolamento político é o principal fator da retração. “Mesmo antes de um segundo mandato de Trump, os EUA já vinham adotando uma política cada vez mais voltada para dentro. Essa postura isolacionista agora se reflete na perda de poder do passaporte americano”, afirmou.

China sobe e amplia influência

Alejandro Luengo/Unsplash
Enquanto os EUA recuam, a China vem registrando um salto expressivo
Enquanto os EUA recuam, a China vem registrando um salto expressivo

Enquanto os EUA recuam, a China vem registrando um salto expressivo. Em dez anos, passou da 94ª para a 64ª posição, com um aumento de 37 destinos acessíveis sem visto. No índice de abertura, o país também subiu, agora permitindo entrada sem visto a 76 nações (30 a mais que os Estados Unidos).

Os novos acordos firmados por Pequim com Rússia, países do Golfo, América do Sul e Europa reforçam a estratégia de abertura e ampliam a influência chinesa no cenário da mobilidade global. “Enquanto os EUA revivem conflitos comerciais e restringem acesso, a China aposta em cooperação e ganha poder geopolítico”, observa Tim Klatte, da consultoria Grant Thornton China.

Busca por segunda cidadania cresce entre americanos

A perda de prestígio do passaporte norte-americano tem levado um número recorde de cidadãos dos EUA a buscar segunda cidadania ou residência em outros países. Segundo a Henley & Partners, os americanos são agora o maior grupo de clientes de programas de investimento em cidadania, superando turcos, indianos, chineses e britânicos juntos.

As solicitações cresceram 67% em 2025 em relação ao ano anterior. O professor Peter J. Spiro, da Universidade Temple, resume a tendência: “Ser cidadão americano continua valioso, mas não é mais suficiente. A dupla cidadania está se tornando o novo sonho americano", disse ele.

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Sobre o autor

Natural do Rio de Janeiro, Pedro Menezes é bacharel em Comunicação Social/Jornalismo e atua há 12 anos na imprensa especializada em Turismo. Atualmente, é editor do maior portal brasileiro voltado a profissionais do setor, com base em São Paulo. O jornalista tem experiência em cobertura nacional e internacional de feiras, congressos e eventos, além de pautas de política e economia ligadas ao Turismo.