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Janize Colaço   |   14/06/2018 10:00

Dólar: mesmo com alta, brasileiro planeja viagens para fora

Planejadas com antecedência, as viagens são pagas em real e parceladas sem juros

As altas do dólar e do euro na semana passada e nas anteriores assustaram muitos viajantes, preocupados com os valores acima de R$ 4 e R$ 5, respectivamente. Apesar disso, para quem vende pacotes de viagens, sobretudo internacionais, a situação não se mostrou totalmente “fora da curva”.

Jhonatan Soares
Daniel Firmino, diretor de Produtos Nacionais e Operações da Flytour MMT
Daniel Firmino, diretor de Produtos Nacionais e Operações da Flytour MMT
“Independentemente das flutuações câmbios, o ano é atípico para os brasileiros: teremos a Copa do Mundo e as eleições. São dois eventos que, por si só, acabam por impactar nas viagens — mesmo que não de maneira acentuada”, salienta o diretor de Produtos Nacionais e Operações da Flytour MMT, Daniel Firmino.

Para o executivo, embora a alta das moedas estadunidense e europeia tenha sido mais acentuada nas últimas semanas, a tendência ascendente tem sido contínua nos últimos meses.

“Quem já comprou a viagem, e já esteja pagando por ela, não vai deixar de viajar por conta disso. Mas, claro, o montante destinado às compras ou outros gastos na viagem, podem sofrer reduções”, destaca Firmino.

Em nota, a CVC afirma que os consumidores costumam planejar a viagem internacional com antecedência de quatro a seis meses da data de embarque, e preferem absorver a variação da moeda no parcelamento, que é convertido para reais no ato da compra.

A oscilação da moeda, porém, acaba dificultando o planejamento financeiro do quanto ele levará para gastos extras no destino. “Por isso, a CVC orienta os clientes a fazerem o câmbio em diversas épocas antes da viagem para ter um valor médio da moeda”, afirma. Muitas operadoras congelam o câmbio por um período, para estimular os consumidores indecisos.

MAIS CAUTELA
Jhonatan Soares
Ana Maria Berto, diretora da Orinter Tour
Ana Maria Berto, diretora da Orinter Tour
Embora quem já tenha comprado pacotes não irá desistir a essa altura do campeonato de viajar, quem ainda está planejando, contudo, tem mantido a cautela.

“As solicitações de cotação e análise de pacotes não tiveram uma queda alarmante nas últimas semanas, longe disso. O brasileiro está, sim, engajado a viajar, mas tem sido mais precavido na hora de efetivar a compra”, revela a diretora da Orinter Tour, Ana Maria Berto.

A diretora ainda destaca que há uma parcela de viajantes que está aguardando pela possibilidade de o dólar tornar a cair, porém, há quem esteja apenas adaptando as viagens. “Há uma camada que considera as viagens como um item de primeira necessidade e, independente da alta da moeda, eles irão viajar — podendo ou não postergar o fechamento da compra.”

SOLUÇÕES PARA A CRISE
É parte da realidade do viajante brasileiro comprar os pacotes de viagens com pagamento parcelado, sem juros e com a moeda nacional. Porém, para a diretora da Trade Tours, Magda Nassar, para além de mudar a categoria da hospedagem, replanejar tours ou diminuir a duração de estada, há alternativas que também tornam a alta das moedas estrangeiras menos impactantes no bolso.

Emerson Souza
Magda Nassar, diretora da Trade Tours
Magda Nassar, diretora da Trade Tours
“Existe a opção de os viajantes já incluírem nos pacotes o transfer, aluguel de carros, reserva de restaurante, ingressos, entre outros serviços, e fazerem o pagamento parcelado, em real e com o câmbio congelado”, destaca Magda.

Segundo ela, as pessoas tendem a se preocupar com a macroeconomia, quando, na realidade, é a microeconomia que realmente será determinante na hora das viagens.

“É nessa hora que o papel do consultor é extremamente importante. Bem orientado, o cliente vai perceber que, apesar da alta, juntando todas as despesas da viagem e parcelando-as, o valor será diluído e o preço sofrerá uma alta relativamente pequena. Cabe, então, ao viajante ficar de olho no câmbio na hora de fazer as compras extras nos destinos, e isso está fora da alçada dos agentes de viagens e operadoras”, brinca, sabendo da boa fama de comprador dos brasileiros.

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