Raphael Silva   |   01/12/2017 11:30

Vídeos anti-muçulmanos podem minar restrição de Trump

Conteúdo compartilhado pelo presidente deverá ser usado por grupos muçulmanos contra a medida restritiva imposta a países como Irã, Líbia, Síria e Iêmen

Flickr/ Gage Skidmore
Trump deverá ver ações no Twitter se voltarem contra ele nos tribunais dos Estados Unidos
Trump deverá ver ações no Twitter se voltarem contra ele nos tribunais dos Estados Unidos
A restrição de entrada a viajantes de países com maioria muçulmana foi levantada há pouco mais de um mês pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que viu um desencadeamento de protestos e ações judiciais contra sua decisão. Agora, o próprio mandatário norte-americano pode ter minado a medida restritiva após reproduzir uma série de vídeos anti-islâmicos em sua conta no Twitter.

Vinculados a Jayda Fransen, representante de um grupo de extrema direita do Reino Unido, os vídeos foram retweetados por Trump através da rede social, fato que já se tornou 'defesa' àqueles que brigam na justiça contra a restrição. Com o conteúdo, ganha força a versão que acusa o presidente de proibir muçulmanos de entrarem nos Estados Unidos apenas por conta da religião.

A Aliança Iraniana Pelas Fronteiras (IAAB), por exemplo, um dos grupos que estão processando a decisão de Trump, usará os vídeos publicados no caso, de acordo com a própria advogada do IAAB, Sirine Shebaya.

Já Peter Spiro, professor de Direito da Imigração na Universidade Temple da Filadélfia, acredita que outros também deverão utilizar os vídeos como prova de que a proibição é realmente motivada contra a religião muçulmana. "Ele [Trump] não entende que, em termos judiciais, como esse tipo de manifestação pública podem se voltar contra ele", criticou Spiro.

O Tribunal Federal de Apelação em São Francisco ouvirá um dos apelos à proibição na próxima quarta-feira (6 de dezembro), enquanto outro órgão, em Richmond, Virgínia, terá outra sessão para discutir o assunto dois dias depois.

Os dois casos representam a comunidade de muçulmanos e imigrantes dos EUA e alegam inconstitucionalidade na decisão, que, segundo eles, mira apenas a religião para restringir o acesso ao país. Atualmente, Irã, Líbia, Síria, Iêmen e Somália, além de Coreia do Norte, Venezuela e Chade integram o veto imigratório.

NÃO SERÁ BEM-VINDO
Após a polêmica envolvendo os posts, Trump viu o prefeito de Londres, Sadiq Khan, rechaçar sua visita à capital britânica. O mandatário londrino, inclusive, pediu à primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, que suspenda qualquer convite de visita feito ao presidente norte-americano.

"Está nítido que qualquer visita oficial do presidente Trump à Grã Bretanha não será bem-vinda", disse o prefeito em comunicado oficial. Khan, que é muçulmano, ainda pediu que as autoridades usem sua influência para fazer com que Trump apague os vídeos e se desculpe com o povo britânico.


*Fonte: Skift

conteúdo original: http://bit.ly/2i3UI5U

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