Artur Luiz Andrade   |   22/12/2014 17:56

Falco fala sobre Rextur Advance e novas aquisições

O presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco, falou com exclusividade ao Portal PANROTAS sobre a compra de 51% da Rextur Advance, anunciada na semana passada. Segundo ele, a consolidação de empresas no turismo está apenas começando e outras devem vir, por parte da CVC e de outros grupos do setor.

O presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco, falou com exclusividade ao Portal PANROTAS sobre a compra de 51% da Rextur Advance, anunciada na semana passada. Segundo ele, a consolidação de empresas no turismo está apenas começando e outras devem vir, por parte da CVC e de outros grupos do setor. Falco confirmou que este ano se dedicou a conversar com dezenas de empresas de turismo, para fazer da CVC um grupo grande, com atuação em vários segmentos, o que oferece fontes diferentes de receita e atuação em multimercados, com um compensando outro em momentos diferentes do ciclo do turismo ou da economia.

“Sim, fomos atrás de muitas opções. Somos uma empresa de capital aberto e as ações são uma moeda que podemos usar”, disse ele, que não pode revelar nomes ou negociações em andamento. O mercado, por exemplo, dá como certa a compra da Nascimento Turismo, mas Falco se limita a dizer que a CVC está de olho em empresas que estejam alinhadas com sua estratégia de varejo, de vendas pulverizadas. “Não queremos, por exemplo, concorrer com a Alatur ou a CWT, na área de grandes contas. Mas as contas pequenas e médias que compram da Rextur Advance, aí sim, fazem sentido em nosso negócio”, explica. Algumas negociações continuam em andamento, mas novos fechamentos ficam para o começo de 2015.

A negociação com a Rextur Advance foi bastante elogiada por especialistas do mercado financeiro, pois se estima que o próprio caixa da consolidadora pagará de 50% a 60% o valor da compra. Foi uma compra diferente da que o Carlyle executou com a CVC, por exemplo.

VENDA DIRETA
E como o modelo B2B da Rextur Advance vai conviver com o modelo multicanal da CVC, com um modelo que contempla mais de 800 lojas próprias? “Fizemos muita pesquisa e a conclusão é que não importa quem é dono da Rextur Advance, desde que ela continue prestando um ótimo serviço e ofereça mais produtos e mais opções fazendo parte de um novo grupo”, diz Falco.

As compras no segmento da consolidação continuam ou a Rextur Advance já esgota as possibilidades? “O mundo do negócio nunca para e o turismo não vai ficar de fora desse modelo de consolidação de empresas. Começamos agora nesse segmento e uma consolidadora regional pode sim fazer sentido dentro da estratégia da Duotur (Rextur Advance)”.

Dificilmente uma nova aquisição, porém, terá um peso tão grande em vendas como a da Rextur Advance. Com os mais de R$ 3 bilhões de movimentação por ano da consolidadora e com a previsão de crescimento da CVC para este ano, analisando os dados divulgados até agora, a CVC começa 2015 com o dobro do tamanho em relação a 2013. Isso não ocorre a qualquer momento.

PODER DE NEGOCIAÇÃO
Com todo esse tamanho, muita gente já decretou que o poder de barganha da CVC com os fornecedores será, no mínimo, “assustador”. Falco é contra essa tese. Seja porque os negócios são diferentes e com operações separadas, seja porque o objetivo é ser um parceiro melhor para as companhias aéreas e demais fornecedores. “Agora podemos ajudar mais as aéreas no yield e no aproveitamento dos voos. Na CVC, a antecedência de compra é de 90 dias, na Rextur Advance de 30 ou 14... São negócios diferentes cuja soma não é um negócio único e sim dois negócios que continuam diferentes. Isso cria sim uma flexibilidade e um diálogo melhor para os dois lados. Não existe isso de chegar e dizer que vamos ter melhores condições porque agora compramos a Rextur. O Valtinho vai continuar comprando aéreo pela CVC e o Marcelo pela Rextur Advance. Vamos gerar mais valor como canais de venda para nossos fornecedores, em comparação a outros canais concorrentes. Essa é a leitura. Somos uma ferramenta mais valiosa para as empresas aéreas. E vamos mostrar isso”.

E AS OTAS?
A compra da Rextur Advance ajuda ou não a brigar com as OTAs, especialmente a Decolar.com? Falco é objetivo quando o assunto é OTA: “no mundo dos negócios quem vale mais, manda mais”. “O valor de mercado da CVC é equivalente ao da Orbitz, terceira maior OTA do mundo. A empresa que ganha mais dinheiro lidera as compras no setor. Pode ser uma OTA? Pode, desde que os acionistas coloquem mais dinheiro. Nosso caminho é outro”, finaliza, insinuando que o negócio da CVC, explicitado na bolsa, é mais rentável e valioso que o das OTAs que atuam no País.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.