Marcos Martins   |   29/09/2017 19:20

Veja os nichos e oportunidades para o Turismo LGBT

O coordenador da IGLTA listou dicas para quem busca fatias do nicho


Jhonatan Soares
Clovis Casemiro, da IGLTA, realiza palestra na Abav
Clovis Casemiro, da IGLTA, realiza palestra na Abav
Na tarde de hoje aconteceu na Vila do Saber, espaço de capacitação da 45ª Abav Expo e 48º Encontro Comercial Braztoa, a palestra “O mercado LGBT e suas novidades”, realizada pelo coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBT (IGLTA) para o Brasil, Clovis Casemiro. O profissional, que acumula passagens pela Hotéis Othon, Sheraton e CVC, não focou em números na apresentação, mas sim na realidade do nicho com diferentes perfis de turista.

Segundo o executivo, uma das metas da IGLTA é unir as empresas que têm interesse no segmento para atrair viajantes nacionais e internacionais, através de novos pacotes e destinos. “Existe uma confusão muito grande em relação ao percentual da população LGBT no Brasil, mas independente disso, a ONU trabalha com 6,5% a 8% para realizar as pesquisas. Somos o segundo maior mercado do mundo”, revela Casemiro.

Foram citadas como exemplo a ser seguido as cidades de Buenos Aires, na Argentina, e também Nova York, que possuem organização de referência quando o assunto é Turismo LGBT. “Temos um público gay que viaja muito e se acostumou a fazer tudo de maneira independente, procurando o que uma OTA ou hotel direto oferece, além de pedir a opinião de amigos e conhecidos. Ainda não temos operadoras que realmente se posicionam e também há dificuldade de organização”.

PRINCIPAIS DESAFIOS
O representante da associação listou sete dicas para empresas que desejam mirar nesse nicho. Segundo ele, antes de qualquer coisa, é necessário entender os tipos de famílias LGBTQ – a última letra está relacionada aos estudos Queer, que defendem a ideia de que orientação sexual e identidade de gênero são fruto de uma construção social. Outra realidade importante, segundo Clovis, é a dos transgêneros: há mais de 50 tipos de identidades humanas.

Em seguida, foi reforçada a importância de organizar paradas e eventos temáticos, inclusive esportivos, como a European Gay Ski Week e o festival Love Noronha, que aconteceu em agosto na ilha pernambucana com a drag queen Pabllo Vittar. Esse é um complemento na programação dos viajantes e o destino, como um todo, continua como principal atrativo na decisão final do consumidor.
Divulgação / Inprotur
Buenos Aires é referência em Turismo LGBT
Buenos Aires é referência em Turismo LGBT

O investimento no Mice (Meetings, Incentives, Congresses and Exibitions) foi um dos pontos que mais chamaram atenção, devido à quantidade de participantes ao redor do mundo. “Os eventos que discutem a diversidade no mercado são muito grandes, mas falta conhecimento para investir nessa fatia. Além disso, cada vez mais empresários estão se assumindo publicamente e isso não interfere no trabalho deles”, argumenta.

O mercado de casamentos foi apresentado como a grande tendência para os próximos anos. “A cerimônia gay precisa da mesma estrutura de um casamento heterossexual. Há cidades que apostam forte nesse setor com feiras e projetos especiais, com destaque para Cancún, no México, Miami e Fort Lauderdale, nos EUA. Viena, capital da Áustria, também oferece uma estrutura incrível, com mestre de cerimônias, lua de mel e outros serviços”.

No fator social, as políticas públicas foram apontadas como um empecilho para o Turismo LGBT no Brasil, segundo Casemiro. “Temos o caso negativo do prefeito Crivella no Rio de Janeiro, que tem dificultado tudo para nós", desabafa. "Do momento que se dá visibilidade à causa, garante-se também segurança e outros elementos importantes para a comunidade. Por exemplo, a Argentina fez um trabalho incrível, que inclui cerca de 15 a 17 áreas mapeadas, desde El Calafate. Fora isso, por mais que eu tente com as operadoras brasileiras, é muito complicado o trabalho, mas temos esperança”, finaliza.

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