Raphael Silva   |   10/07/2017 15:58

Turismo do Rio perde R$ 320 milhões com criminalidade

Fatores como desemprego, aumento de gastos com viagens no exterior também contribuíram com a baixa nos cofres

Ao todo, o Rio de Janeiro já perdeu R$ 788,5 milhões das receitas, em comparação com 2016
Ao todo, o Rio de Janeiro já perdeu R$ 788,5 milhões das receitas, em comparação com 2016
Os cofres do Turismo do Rio de Janeiro foram as novas “vítimas” da violência no Estado. Dados do Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que a criminalidade nos últimos meses contribuiu decisivamente para uma queda de R$ 320 milhões nas receitas fluminenses, número que equivale a 42% do total da perda de faturamento do setor (R$ 788,5 mi) entre janeiro e abril deste ano, em comparação com 2016.

A análise do estudo também leva em consideração outros fatores que levaram o setor a perder 7,9% de seu faturamento bruto. Desemprego, aumento dos gastos dos com viagens ao Exterior, escassez de crédito e alta base comparativa com a geração de receitas provocadas pelos Jogos Olímpicos de 2016 também afetaram as finanças.

Segundo estimativa da CNC, para cada aumento de 10% na criminalidade, a receita bruta das empresas que compõem a atividade turística do Estado recua, em média, 1,8%.

O estudo identifica que a sensibilidade ao aumento da violência no Rio de Janeiro é maior nos segmentos mais dependentes do turismo, tais como hospedagem (1,9%) e transporte (2,0%). Já nos segmentos de alimentação e serviços culturais e de lazer, mais ligados à prestação de serviços a residentes, o aumento de 10% na criminalidade no estado reduz suas receitas em 1,7% e 1,5%, respectivamente.

IMPACTO

A CNC avalia que, embora o turista não seja frequentemente vítima direta da maior parte dos crimes registrados, o avanço da criminalidade nos últimos meses e a consequente queda na percepção de segurança contribuíram decisivamente para a queda no nível de atividade do setor no estado do Rio de Janeiro.

A perda de R$ 320 milhões, atribuída à violência em 2017, impactou de forma significativa o segmento de bares e restaurantes (R$ 167,2 milhões), seguido pelas atividades de transportes, agências de viagens e locadoras de veículos (R$ 105,5 milhões), hotéis, pousadas e similares (R$ 47,8 milhões) e por atividades culturais e de lazer (R$ 7,2 milhões).

Para o presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC, Alexandre Sampaio, os dados vão ao encontro da realidade vivenciada pelos hoteleiros do estado. “A violência afeta o turismo porque dilapida a imagem do Rio de Janeiro, o próprio brasileiro não quer mais visitar o Rio. Essa é uma realidade perversa, ampliada pela crise econômica do País e do estado. E o impacto no turismo e em segmentos como hotelaria e alimentação reflete em mais de 50 segmentos da economia”, afirma o hoteleiro carioca.

MAIS VIAGENS AO EXTERIOR
Outro aspecto negativo para o Turismo interno, a queda de aproximadamente 10% na taxa de câmbio, voltou a estimular gastos de brasileiros no exterior. De acordo com o Banco Central, nos cinco primeiros meses deste ano, quando comparadas ao mesmo período de 2016, houve uma retração de 2,6% nos gastos com o turismo doméstico e um crescimento de 41,4% nas despesas com viagens para fora do País.

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