Diego Verticchio   |   26/10/2015 16:03

Viúvo faz campanha por mais segurança no Rio

O empresário pretender fazer uma campanha contra a violência, alertando os moradores e visitantes do Rio e pedindo mais empenho das autoridades

O empresário Francisco Múrmura, que há três semanas viu sua esposa, Regina, ser assassinada por traficantes da comunidade do Caramujo, em Niterói, após pegar um caminho errado indicado pelo aplicativo Waze, continua chocado com "a tamanha violência que assola o Rio de Janeiro". Morador do Leme, Francisco e sua esposa Regina, que por anos trabalharam com cruzeiros marítimos da CVC (ela foi vice-presidente da Abrajet), saíram de casa para comer uma pizza com a família em Niterói e foram alvejados por 19 tiros. “Não sei como consegui sair vivo”, contou ele que, embora não tenha sido atingido por tiros, recebeu uma coronhada dos bandidos.

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Por conta do seu trabalho, Francisco tem recebido inúmeros e-mails de agências e turistas perguntando sobre o Rio e ele é enfático em dizer que não recomenda que ninguém visite a cidade neste estado. “Por anos trabalhamos, eu e minha esposa, pelo turismo do Rio. Sempre fomos um casal alegre e deixamos essa alegria transparecer.

Sempre que chegávamos a um novo país demonstrávamos a alegria e dizíamos que era algo natural do carioca, mas como posso recomendar o Rio de Janeiro para turistas com esta violência?”, questionou. “Não quero trabalhar contra o turismo do Rio, mas quero que todo turista possa vir para cá e voltar para sua casa, mas hoje ninguém tem essa garantia”, lamentou o empresário, bastante emocionado ao falar sobre Regina, sua companheira de 53 anos, dos quais 48 como casados.

“Saímos para nos divertir e voltei sem metade de mim. Não dá mais para viver num Rio de Janeiro a base de sorte. O Estado tem que nos dar o direito de ir e vir. Esta violência toda não é coisa de terceiro mundo, é coisa de quinto mundo. Estão conseguindo destruir a imagem do Rio de Janeiro”, complementou.

CAMPANHA
Ainda bastante sentido com a morte da sua esposa, Francisco Múrmura trabalha para que este caso não fique impune. O empresário pretender fazer uma campanha contra a violência, alertando os moradores e visitantes do Rio e pedindo mais empenho das autoridades. “Não adianta aumentar o prêmio pela captura do traficante, é preciso fazer algo maior para acabar de vez com essa insegurança.

De que adianta a gente ter Olimpíadas no próximo ano se nada for feito. Sabemos que na época dos Jogos a cidade estará repleta de segurança, mas e depois? Não queremos um Rio seguro apenas de fachada, queremos uma cidade 100% segura”, questionou.
O empresário tem conversado com ONGs e instituições para definir uma forma de atuar. Ele tem em mente que não dá para ficar parado. “A morte da Regina não pode virar estatística. Ela não merecia passar por isso”, afirmou, emocionado.

Vinte dias depois da morte de Regina Múrmura, a Polícia segue tentando capturar os bandidos que executaram a empresária. Uma semana antes deste ataque a atriz Fabiana Karla também teve seu carro alvejado por tiros ao entrar por engano na comunidade.

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