Artur Luiz Andrade   |   30/11/2022 23:20
Atualizada em 01/12/2022 07:37

Para Abracorp, mão de obra ainda é grande gargalo em viagens corporativas

Para entidade, TMCs não têm do que reclamar em 2022


PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Duda Vasconcellos e Gervásio Tanabe, com o palestrante do encontro, Daniel Dias, atleta paralímpico e medalhista na natação
Duda Vasconcellos e Gervásio Tanabe, com o palestrante do encontro, Daniel Dias, atleta paralímpico e medalhista na natação
O presidente do Conselho da Abracorp, Eduardo Vasconcellos, da Kontik, e o presidente executivo, Gervário Tanabe, comandaram, no Palácio Tangará, em São Paulo, a última reunião do ano da entidade que reúne 24 das maiores TMCs do Brasil. Segundo Duda Vasconcellos, foi um ano para ninguém reclamar, com as vendas já superando, especialmente nos últimos meses, os números de 2019. Os principais motivos: a volta das viagens corporativas, o crescimento de alguns segmentos e, claro, o aumento das tarifas aéreas e preços de serviços diversos no setor.

Durante o evento, além de debaterem as tendências para 2023 e possíveis mudanças no estatuto da entidade, os associados Abracorp receberam Renzo Mello e Juliane Castiglione, da Gol Linhas Aéreas, e Guilherme Wroclawski, da Hero Seguros, que fizeram apresentações às TMCs. O jantar que encerrou as atividades do sai também recebeu Marcel Marin, head de Vendas do Palácio Tangará, Jamyl Jarrus, da Movida, Manuel Vale, da Bradesco Cartões, Giovana Jannuzzelli, da Alagev, Marcos Fernando, da B2B Reservas, e Artur Luiz Andrade e Heloisa Prass, da PANROTAS.

Ponto alto encerrando a confraternização da Abracorp, que este ano não realizou viagem com os associados por conta da Copa do Mundo e do momento aquecido da retomada, foi a apresentação do paratleta e medalhista paralímpico Daniel Dias (@danieldias88no Instagram), que inspirou a todos com sua trajetória e vitórias.

O ANO DA ABRACORP

Confira a seguir, um resumo da entrevista que fizemos com o presidente do Conselho da Abracorp, Duda Vasconcellos. E depois mais fotos do encontro da entidade no Palácio Tangará.

PANROTAS – Qual o balanço do ano para as associadas Abracorp?
DUDA VASCONCELLOS – Foi um ano muito bom para as viagens corporativas. Ninguém pode reclamar desse ano. Acho que as agências fizeram um trabalho de reestruturação durante a pandemia e agora aproveitaram a onda da volta (das viagens). O tíquete médio continua muito alto, e a Gol esteve aqui hoje com a gente explicando o porquê e faz muito sentido. O custo está altíssimo para as empresas aéreas, dólar, querosene, leasing dolarizado, e a tendência é que isso continue em 2023.

PANROTAS – Esse tíquete médio alto então compensou o ano, já que em volume de passageiros ainda está aquém de 2019?
VASCONCELLOS – Sim. O número de passageiros ainda não voltou, a Gol mesmo comprovou isso e as agências também. O que compensou foi o tíquete médio. Mas em 2023 deveremos recuperar isso.

PANROTAS – Todos os segmentos e empresas já voltaram a viajar 100%?
VASCONCELLOS – Não. Tem empresas que não voltaram e não vão voltar ao ritmo pré-pandemia. Tem outras que voltaram igual ou mais e apareceram também novos viajantes corporativos, gente que não viajava antes. Mas é fato que alguns setores da economia descobriram que não precisavam viajar tanto. E acho também que de modo geral o executivo que rodava o Brasil para fazer reuniões, hoje está usando as ferramentas on-line para isso (entrar em contato com seu time).

PANROTAS – Mas parte de quem ainda não voltou pode estar com medo de retornar ou pressionada ainda pelos custos?
VASCONCELLOS – Acho que aprenderam mesmo a viajar menos. Mas há também os setores mais aquecidos, que estão viajando mais e fazendo mais negócios. Mais um ano ou dois, a demanda volta e supera 2019, mas com um perfil diferente de novos viajantes dentro das empresas, com novas necessidades.

PANROTAS – E os eventos?
VASCONCELLOS – Estão voltando com força. Teve essa mini-crise da covid-19 agora, e alguns eventos foram cancelados, mas é um segmento que continua crescendo.

PANROTAS – Você acha que o custo alto das viagens está impactando na decisão de viajar?
VASCONCELLOS – A gente discutiu isso aqui hoje, e as opiniões são diferentes. Eu acho que não inibe. Quem precisa viajar para fechar um negócio não deixa de viajar por causa do preço da passagem aérea. Muito pouca gente deixaria de viajar por causa da tarifa alta, mas há associados que acham que sim, isso cria uma demanda reprimida.

PANROTAS – Quais os gargalos do setor que você quer ver resolvidos logo?
VASCONCELLOS – Hoje sem dúvida, mão de obra é o maior gargalo. Muita gente saiu do segmento e as empresas estão se movimentando no RH para treinar melhor e reter talentos. Há duas formas principais de resolver isso: investindo em tecnologia para otimizar alguns processos e investir em pessoas e treinamento, pois a tecnologia não vai suprir e substituir tudo. E quando vamos atrás de profissionais de tecnologia, fica mais difícil ainda, pois eles são disputados por todos os setores da economia. Nós na Kontik dobramos os investimentos em tecnologia e também investimentos em treinamentos e retenção de talento. É um grande gargalo de todo o Turismo hoje e de empresas de todos os tamanhos.

PANROTAS – E qual o balanço nesse primeiro ano como presidente da Abracorp?
VASCONCELLOS – Estamos em vias de atualizar o estatuto da entidade, nada muito grande, mas visando o empoderamento dos agentes de viagens. Vamos tentar criar pilares que ajudem as TMCs associadas tanto na parte financeira, com o pilar de compras antecipadas, por exemplo, como na parte de conteúdo, entre outras. Um dos principais pilares está também no Conselho de Clientes, que tem potencial para, junto com as TMCs, mudar e melhorar o mercado. Começamos com quatro clientes (Informov, Petrobras, KPMG e Bundy), que já estão trazendo ideias e dialogando com nossos insights e que nos ajudarão a melhorar esse mercado para todos.

Confira abaixo mais fotos do encontro de fim de ano da Abracorp no Palácio Tangará, em São Paulo.

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