Henrique Santiago   |   19/12/2016 12:58

Abear: tarifa aérea vai diminuir com novas normas

O presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, inclusive, adota a polêmica medida como “desregulamentação” da franquia.

A novela envolvendo a cobrança ou não de bagagem despachada na aviação brasileira tem dado discussões de sobra. O presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, considera a polêmica medida uma “desregulamentação” da franquia de bagagens.

Logo após a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciar as novas Condições Gerais de Transporte Aéreo (CGTA), o Senado barrou esse item da agenda. Após a aprovação unânime da Casa, a demanda irá passar pela Câmara.

Emerson Souza

Em entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS, Sanovicz afirmou acreditar que essa prática no Brasil é feita de forma não transparente com o consumidor.
“Desregulamentar significa que [a bagagem] passa a ser tratada como o lanche a bordo. É mais um instrumento de diferenciação do produto. Uma empresa cobra, outra não cobra. Uma serve lanche, outra refeição quente e outra snack. São produtos diferentes para o cliente optar”, afirmou.

Segundo ele, a Anac tem dado um passo a fim de retomar a “lição de casa” iniciada em 2002, quando, com a liberação tarifária, as empresas aéreas passaram a definir o preço de suas passagens.

Na visão dele, entidades que querem revogar a norma da bagagem têm referências do passado da aviação. “A bagagem é cobrada como era nos anos 1960, 1970, quando a tarifa média era superior a R$ 700 e menos de 25 milhões de brasileiros viajavam”, continuou, acrescentando que o valor do médio aéreo está na casa de R$ 300 e o número de viajantes quadruplicou de lá para cá.

Em relação ao embate de diminuição ou não diminuição do preço da passagem, o presidente da Abear é taxativo. “Eu garanto que vai [baixar o valor do tíquete]. A aviação é um modal extremamente regulamentado. Os números são públicos e as informações estão visíveis para todos. O setor tem uma história documentada e os dados estão lá. Eu afirmo que essa mudança cria uma nova classe de preços e tarifas”, disse, porém, sem quantificar a possível mudança nos preços.

VALE UM DESCONTO?
O viajante corporativo é o principal cliente das transportadoras aéreas, e com uma particularidade: muitas vezes realiza viagens rápidas e não necessariamente carrega malas. Em contrapartida, Sanovicz desconsidera a ideia de as empresas aéreas oferecerem um valor diferenciado a ele. “Arrumar subterfúgios não é a melhor forma de atender ao consumidor.”

Além disso, nas palavras dele, essa adoção teria pouco efeito, pois metade dos brasileiros viaja sem bagagem, citando dados da Anac.

Ele, que à frente da entidade trabalha com Avianca, Azul, Gol e Latam, acredita que a cobrança de franquia não tem a finalidade de contribuir com a saúde financeira das aéreas brasileiras, e sim a de dar continuidade na agenda do setor.

Ao ser questionado sobre o eventual “não” da Câmara ao pagamento de bagagens, Sanovicz lamenta o avanço de um “retrocesso” e diz que cabe à Abear seguir a decisão. “Trabalhamos para voar a preços acessíveis. O preço [da passagem] caiu pela metade em 15 anos. Queremos criar tarifas ainda mais acessíveis”, finalizou, citando mais um imbróglio, agora com o ICMS sobre o querosene, como outro dificultador.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Avatar padrão PANROTAS Quadrado azul com silhueta de pessoa em branco ao centro, para uso como imagem de perfil temporária.

Conteúdos por

Henrique Santiago

Henrique Santiago tem 3136 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Colaboração para o Portal PANROTAS