Felipe Niemeyer   |   12/02/2010 13:50

Aéreas ainda não se recuperam da crise no internacional

Segundo a analise setorial do Snea, relativo ao transporte aéreo regular de passageiros no quarto trimestre de 2009, o setor ainda não se recuperou dos efeitos da crise.

Segundo a análise setorial do Snea, relativo ao transporte aéreo regular de passageiros no quarto trimestre de 2009, em dezembro de 2009, observou-se acentuado crescimento de 13,37% na demanda por transporte aéreo das empresas brasileiras, no mercado internacional, que se constituiu na maior taxa incremental em termos de comparação mensal (com 2008), tendo sido transportados 1,94 bilhão de passageiros-quilômetros pagos (“Revenue Passenger Kilometers”–RPK).

Analisando-se o comportamento mensal da demanda, observa-se que até setembro de 2009 os registros são sistematicamente inferiores àqueles correspondentes aos mesmos meses do ano anterior, exceção feita apenas a abril e junho, que foram ligeiramente superiores. “O aumento gradual na variação mensal da demanda por transporte aéreo, ocorrido a partir de setembro de 2009 em relação a 2008 (setembro +8,15%, outubro +11,85%, novembro +12,06% e dezembro +13,37%), pode ser atribuido ao reaquecimento da economia brasileira e a situação cambial favoravel, conjugado com a base de comparação expressa pelos fracos resultados do final do ano passado, que apresentava os reflexos inciais da recente crise financeira mundial”, avalia o Snea.

“Entretanto, este acentuado crescimento verificado no último quadrimestre não foi suficiente para reverter o desempenho da demanda anual referente às empresas brasileiras, que atuam no mercado internacional, devido a forte retração observada na maior parte do primeiro semestre (janeiro -7,9%, fevereiro -11%, março -13,2%, maio -5,29%) e também em julho (-10,15%) e agosto (-3,43%), tradicionalmente período de alta estação nos voos para o Exterior”, destaca o sindicato.

Em consequência, a demanda anual atingiu apenas 21 bilhões de passageiros-quilômetros pagos (“revenue passengers kilometers”- RPK), representando uma redução de 0,6% sobre o total de 2008. Este resultado da demanda anual (RPK) é o pior registrado nesta década, excetuando-se os anos de 2005 e 2006, em função do processo de recuperação judicial da antiga Varig.

A oferta no mês de dezembro com 2,595 bilhões de assentos-quilômetros disponíveis (“Available Seat Kilometers”-ASK) foi pouco superior (+1,80%) ao ano anterior, quando se verificou 2,549 bilhões (ASK). Em termos da oferta acumulada no decorrer de 2009, registrou-se um total de 30,186 bilhões de assentos-quilômetros disponíveis (“Available Seat Kilometers”-ASK), representando um crescimento, apenas marginal de 0,7%, com relação ao ano anterior.

Como resultante do maior crescimento total, em 2009, da oferta em relação à demanda, houve queda no fator de aproveitamento médio anual (“Annual Average Load Factor”), que totalizou no ano 69,6%, tendo ficado 0,9 ponto percentual abaixo do registrado no ano anterior (70,5%). No entanto, o fator de aproveitamento médio (“Average Load Factor”) mensal mostrou, ao longo do ano, acentuadas oscilações na faixa 62% a 76%, e sua tendência de comportamento foi de queda até setembro, tendo se revertido para crescimento nos últimos meses de 2009.

“As empresas aéreas brasileiras, no contexto do mercado internacional em 2009, apresentaram um resultado pouco abaixo de estacionário, encerrando o período com pequena redução na demanda e pequeno aumento na oferta, e conseqüente redução no aproveitamento (“Load Factor”). Apesar dos sinais de recuperação neste setor, que ficaram visíveis no terceiro quadrimestre do ano, não se pode afirmar que haverá continuidade nesta tendência. Contudo, deve-se reiterar que tais resultados referem-se apenas às empresas brasileiras, pois não estão ainda disponíveis dados suficientes a respeito das empresas estrangeiras que operam no Brasil”, conclui o Snea.

“Restam também dúvidas quanto aos efeitos de estratégias das empresas aéreas estrangeiras no sentido de ampliar a participação no promissor mercado internacional brasileiro, em função da completa liberdade tarifária nos voos com origem e/ou destino no Exterior, que estará totalmente implementada a partir de abril de 2010”, acrescenta.

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