Antonio R. Rocha   |   31/01/2017 09:45

Brasileiro VP na Loews Hotels fala sobre desafios do setor

Alínio Azevedo Neto é natural de Natal e traça um panorama sobre a hotelaria da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil; confira

Arquivo Pessoal
Uma grife do planejamento e das aquisições do mercado hoteleiro estadunidense. Assim pode ser considerado o brasileiro Alínio Azevedo Neto, que hoje ocupa a vice-presidência de Desenvolvimento e Aquisições da Loews Hotels. Natural de Natal, Azevedo Neto saiu da capital potiguar em 2001, após iniciar a carreira no hotel da família. Fez MBA nos Estados Unidos e ingressou na Ernest & Young, para depois passar pelo Four Seasons e, agora, na Loews, sempre como diretor ou vice-presidente. Azevedo Neto viaja o mundo em busca de oportunidades.

Ao Portal PANROTAS, Alínio Azevedo Neto traça um breve comparativo entre a gestão hoteleira americana e a europeia, aborda as características da hotelaria nordestina, com foco em Natal, e explica as principais dificuldades que o Nordeste enfrenta para receber o visitante estrangeiros.

Portal PANROTAS:
Há quantos anos você atua na hotelaria internacional? Em quais redes? Sempre baseado em Miami?
ALÍNIO AZEVEDO NETO: Comecei minha carreira na hotelaria em 1994, no Novotel Ladeira do Sol, em Natal. Em 2001, iniciei meu MBA na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e ao concluí-lo, em maio de 2003, retornei à hotelaria, desta vez nas áreas de desenvolvimento e investimentos. Minha carreira profissional nos EUA teve início na multinacional Ernst & Young, onde atuei na Consultoria para Projetos Turísticos e Imobiliários por cinco anos. Posteriormente, assumi a responsabilidade pela expansão na América Latina e Caribe para a Four Seasons Hotels and Resorts, a maior operadora global de hotéis de luxo, e em seguida encampei a responsabilidade por novos projetos em toda as Américas. Em 2016, juntei-me a Loews Hotels, tradicional empresa hoteleira norte-americana (fundada em 1945) e focada também em hotéis de luxo. Lá tenho a missão de coordenar a expansão internacional da companhia.

PP: Como você avalia a hotelaria de Natal?
AZEVEDO NETO: A hotelaria natalense passa por um momento de transição. Se por um lado temos um parque hoteleiro expressivo e de qualidade competitiva dentro do contexto nacional, por outro lado há gargalos no crescimento da demanda como a situação macroeconômica do País, a limitação de voos (sobretudo internacionais) para o destino, e uma limitada demanda corporativa, insuficiente para balancear a sazonalidade do mercado de lazer. Junte-se a estes desafios os recentes problemas com a segurança pública, amplamente divulgados na imprensa nacional e internacional. Uma vez superados alguns destes desafios, e desses o mais relevante seria a recuperação econômica do Brasil, teremos um ambiente mais rentável do ponto de vista operacional e mais favorável a novos investimentos.

PP: O Nordeste não está nas intenções das grandes redes hoteleiras. O que falta? Perfil corporativo?
AZEVEDO NETO: Ao decidir pela entrada em um novo país, a expansão natural de cadeias internacionais é quase sempre baseada na estratégia de se estabelecer primeiro nos mercados de destaque (no caso do Brasil, as regiões Sudeste e Sul) e só então partir para os mercados secundários. Muitas empresas internacionais, sobretudo a maiores como Marriott, Hilton e Hyatt, por exemplo, chegaram aos principais mercados brasileiros aproveitando o último ciclo econômico positivo do País. Mas então veio a crise econômica atual e a chegada a mercados secundários foi atrasada até que o próximo ciclo se inicie. No caso específico do Rio Grande do Norte, além dos fatores aqui descritos, tenho lido com certa frequência sobre problemas nas aprovações e reclamações sobre falta de segurança jurídica em certos projetos. Isto sem dúvida prejudica muito.

PP: Quais as diferenças entre a gestão hoteleira norte-americana e a europeia?
AZEVEDO NETO: A hotelaria norte-americana tende a ser mais institucional, com grande foco nos resultados financeiros e busca constante de aumento de produtividade nas operações do dia a dia. O mercado é enorme e há muita liquidez para venda de ativos, o que leva muitos investidores a executarem estratégias de investimento de curto ou médio prazos. Já a Europa possui uma hotelaria mais personalizada, com hotéis menores e “locais”; focada mais na qualidade do serviço do que em produtividade. Do ponto de vista de horizonte de investimento, trabalha com uma visão de mais longo prazo.

PP: Os Estados Unidos ainda descobrirão o Nordeste brasileiro?
AZEVEDO NETO: É possível, mas não é uma tarefa fácil. As ligações aéreas são escassas e caras, e a exigência de visto é muito prejudicial. Acrescente-se a isto o fato de que, para o turismo simplesmente de sol e mar, e até o cultural, o México, o Caribe e a América Central oferecem opções excelentes e a três horas de voo dos principais mercados norte-americanos. É preciso, portanto, definir o nosso diferencial de maneira clara.

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