PANROTAS / Emerson Souza

Com o recente anúncio de investimentos na ordem de R$ 1,4 bilhão em seis terminais aeroportuários do Nordeste, Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais e Comunicação na Aena Brasil, conversou com o 100x Brasil para detalhar os aportes e projetar os investimentos futuros da companhia espanhola em outras regiões do País.

Ao 100x Brasil, o ex-diretor de Planejamento e Alianças da Azul revelou novos planos da Aena Brasil de investir nos mercados do Sudeste e Centro-Oeste e comentou quais melhorias os usuários dos aeroportos administrados pela rede podem esperar ainda este ano, com a entrega de seis estruturas aeroportuárias revitalizadas e novas concessões já adquiridas.

100X BRASIl – O recente anúncio de investimento de R$ 1,4 bilhão da Aena será para quais terminais?

Marcelo Bento – O valor anunciado será destinado a reformas e ampliações no bloco Nordeste, que foi adquirido pela Aena durante o leilão da 5ª rodada de concessões aeroportuárias em 2019, marcando o início das operações do grupo espanhol no Brasil. Essas obras, iniciadas este ano, foram postergadas por conta da epidemia de covid-19. Além dos R$ 1,4 bilhão anunciados, houve investimento de R$ 500 milhões em novos equipamentos, resultando em um valor final de quase R$ 2 bilhões para o bloco Nordeste.

100X Brasil – Quais as construtoras responsáveis pelas obras?

Marcelo Bento – São três consórcios contratados. Em Recife, a obra será executada pela Método Engenharia. Já em Aracaju, Juazeiro do Norte e Maceió, serão reformados pela Voa Nordeste, consórcio formado pela Azevedo & Travassos Infraestrutura, em parceria com a Encalso Construções. Por fim, os aeroportos de Paraíba, João Pessoa e Campina Grade também serão reformados pela Encalso Construções.

100x Brasil – Quando é a expectativa de conclusão destas obras?

Marcelo Bento – Esses terminais do Nordeste serão todos entregues ainda este ano. O terminal de Maceió foi entregue agora no dia 13 de julho, o aeroporto de Juazeiro será entregue em agosto, o de Campina Grande em setembro, os de João Pessoa e Aracaju serão entregues em novembro e o de Recife em dezembro.

100x Brasil – Quais as melhorias previstas?

Marcelo Bento – É importante lembrar que, quando assumimos um aeroporto, a Anac passa a cobrar padrões de qualidade superiores aos anteriores. Isso é natural, afinal a concessão visa melhorar os serviços e a infraestrutura desses ativos. A maior parte dos nossos investimentos será nas áreas operacionais, como ampliação, readequação e recapeamento das pistas, ampliação de áreas de escape nas pistas, construção de novos pátios e novos Taxiways, além de novas pistas de acesso. Esses investimentos são voltados principalmente para aumentar a segurança e comodidade dos passageiros. Parte das obras se dedica a colocar os aeroportos dentro das normas estabelecidas pela Anac e outra se dedica a melhorar a parte operacional dos serviços oferecidos.

Todos os terminais terão expansão de capacidade prevista entre 60% e 100%, o que não significa, necessariamente, que o aeroporto vai dobrar de área, mas sim dobrar sua capacidade operacional, podendo atingir esse patamar a partir da redistribuição de espaços, realocação de equipamentos, entre outras intervenções que não envolvam área construída.

100x Brasil – Uma vez entregues os terminais renovados, há expectativa no aumento da oferta de voos?

Marcelo Bento – Resolvendo alguns gargalhos, passaremos a oferecer uma operação melhor que, com certeza, resultará no aumento da oferta de voos. Isso, porém, depende inteiramente das companhias aéreas, que devem identificar um aumento na demanda que justifique o incremento na oferta. Maceió é um bom exemplo disso, pois bateu recorde de oferta na última temporada, o que resultou no incremento de voos, assim como Campina Grande, que ganhou novos voos da Gol e da Azul. O incremento de voos é um movimento natural que acompanha a expansão da estrutura aeroportuária: quanto mais espaço e mais serviço, maior o número de usuários, que aumentam a demanda por mais voos.

100x Brasil – Quais as demandas das aéreas em relação às melhorias nos aeroportos?

Marcelo Bento – Existem nos aeroportos uma demanda por ampliação do espaço operacional para alocar mais escritórios, mais espaço para áreas de manutenção e carga ou descarga. Vários pontos das melhorias previstas por nós, e pela Anac, atendem às reinvindicações das companhias aéreas.

100x Brasil – Neste lote do Nordeste, qual era o aeroporto que demandou mais investimentos? E qual estava mais preparado em relação aos outros?

Marcelo Bento – O Aeroporto de Juazeiro do Norte foi o que mais demandou investimentos, que resultaram em um aumento de 250% na área do terminal. Tratava-se de um aeroporto muito antigo e defasado, portanto demandou mais recursos nossos para ampliar sua operação e adequá-lo às normas estabelecidas pela ANAC.

O aeroporto de Maceió estava um pouco mais ajeitado que os outros e demandou mais uma readequação dos espaços do que a construção e ampliação dos mesmos. Mesmo assim, foram necessárias intervenções financeiras significantes para adequá-lo .

100x Brasil – Quais os planos futuros de expansão da Aena neste mercado?

Marcelo Bento – A Aena ganhou a 7ª rodada do lote de concessões aeroportuárias em agosto do ano passado, arrematando o Aeroporto de Congonhas, quatro aeroportos no Pará, quatro no Mato Grosso do Sul e três em Minas Gerais. Todas as outorgas e taxas já foram pagas, em um investimento de R$ 2,4 bilhões da Aena.

Ao longo do mês de setembro, estaremos assumindo a operação dos aeroportos menores e, ao longo do mês de outubro, passaremos a assumir também o Aeroporto de Congonhas.

Com isso, a Aena Brasil passa a administrar 17 aeroportos no País, tornando-se a maior administradora de aeroportos em território nacional – e no mundo – e a segunda maior em número de passageiros. Congonhas passa a ser o 4º maior aeroporto da rede Aena no mundo, ficando atrás do Aeroporto de Madri, de Barcelona e Palma, em Maiorca.

A partir do início das nossas operações, iniciaremos estudos para apresentar para a Anac, até o final de dezembro, um projeto de melhorias para esses ativos, visando a adequação e ampliação, assim como fizemos no bloco Nordeste.