Filip Calixto   |   06/08/2025 17:01
Atualizada em 06/08/2025 17:02

Cenipa aponta falhas na torre em colisão entre avião e veículo de manutenção no Galeão

Relatório aponta uso de celular e falhas de vigilância na decolagem de avião da Gol

Divulgação
O documento atribui o episódio à liberação indevida da pista pela torre de controle e ao uso de celular por um supervisor no momento da decolagem
O documento atribui o episódio à liberação indevida da pista pela torre de controle e ao uso de celular por um supervisor no momento da decolagem

Um relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) identificou falhas operacionais como causa do acidente entre um avião da Gol e um veículo de manutenção na pista do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, em 11 de fevereiro. As informações foram antecipadas pelo portal g1.

O documento atribui o episódio à liberação indevida da pista pela torre de controle e ao uso de celular por um supervisor no momento da decolagem. A investigação também apontou uma "cultura permissiva" no controle de tráfego, com tolerância ao uso de celulares e conversas paralelas, o que, segundo o relatório, comprometeu a segurança operacional.

Falhas na vigilância

A colisão aconteceu às 22h08, quando o Boeing 737-8 MAX, com 103 passageiros e 6 tripulantes, iniciava a decolagem. O avião atingiu uma picape que fazia manutenção no balizamento noturno e ainda estava parada na Pista 10. A aeronave trafegava a cerca de 200 km/h no momento do impacto.

De acordo com o Cenipa, o controlador de tráfego liberou a decolagem sem confirmar a retirada do veículo da pista e desativou, sem verificação adequada, o sistema eletrônico que indicava a interdição. O supervisor da torre, que ainda estava no local após seu turno, não percebeu o erro porque estava manuseando um celular. Imagens internas confirmam o uso do aparelho durante o momento crítico.

Além disso, a investigação apontou que a torre de controle tinha pontos cegos causados por vegetação, dificultando a visualização da pista à noite. O relatório também mencionou que as cadeiras da sala de controle estavam abaixo da linha ideal de visão.

Reação dos tripulantes

Os pilotos só visualizaram o veículo a aproximadamente 185 metros de distância. Uma manobra à direita permitiu evitar uma colisão frontal. Mesmo assim, houve danos ao sistema hidráulico, tubulações de combustível e à fuselagem do avião. A picape teve o teto destruído, mas os dois ocupantes sofreram apenas ferimentos leves. Ninguém no avião ficou ferido.

Após o impacto, a decolagem foi abortada e o avião parou cerca de um quilômetro à frente. O plano de emergência do aeroporto foi acionado, e a evacuação ocorreu de forma controlada.

Conclusões do Cenipa

O relatório não tem caráter punitivo e visa prevenir novos acidentes. Entre as recomendações emitidas pelo órgão estão:

  • Reforço em treinamentos operacionais na torre;
  • Melhoria das condições ergonômicas da sala de controle;
  • Poda da vegetação que compromete a visibilidade da pista.

O que dizem os envolvidos

O g1 procurou a Força Aérea Brasileira, responsável pela operação da torre de controle, e aguarda resposta.

A concessionária RIOgaleão informou que já havia implementado todas as recomendações operacionais sob sua responsabilidade e que promoveu ajustes internos antes mesmo da publicação do relatório final.

A Gol, empresa responsável pelo voo G3-1674 com destino a Fortaleza, informou que não vai comentar o caso.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados