Artur Luiz Andrade   |   17/05/2021 09:00

Presidente da ITA, Sidnei Piva revela planos da nova empresa aérea; confira

Empresa voará para 14 destinos brasileiros na primeira etapa de lançamento



Presidente e dono do Grupo Itapemirim, Sidnei Piva apresenta hoje para todo o Brasil a ITA Transportes Aéreos, mais nova companhia aérea brasileira, que começa a voar em 29 de junho, com vendas a partir desta sexta-feira, 21 de maio.

Em sua estreia no mercado aéreo doméstico, a ITA estará presente em 8 cidades brasileiras: Belo Horizonte-Confins (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Porto Seguro (BA), Rio de Janeiro-Galeão (RJ), Salvador (BA) e São Paulo-Guarulhos (SP). Em 1º de agosto, a malha da ITA ganha 6 novas cidades: Florianópolis (SC), Fortaleza (AL), Maceió (AL), Natal (RN), Recife (PE) e Vitória (ES). A meta é chegar a 35 destinos e 50 Airbus A320 até junho de 2022, e 110 destinos no longo prazo. Os Airbus estão configurados em duas classes, ITA Class e econômica, e a configuração de 162 assentos dá mais espaço entre as poltronas tanto na frente quanto na traseira da aeronave (de 79cm a 107 cm).

A companhia não cobrará pela primeira bagagem despachada, até 23 quilos, e pretende, em um ano, ter um sistema único de reservas, de rodoviário mais aéreo.

Sidnei Piva conversou com exclusividade com o Portal PANROTAS, na sexta-feira, 14. Confira a seguir trechos da entrevista (ou assista ao vídeo completo acima). Na entrevista, ele conta os diferenciais da empresa, o projeto de integração de sistemas do rodoviário com o aéreo, com um total de 2,7 mil destinos disponíveis no Brasil, e sua visão sobre a aviação no País. A questão da distribuição de slots em aeroportos concorridos, claro, é uma das defesas de Piva.

ENTREVISTA
PORTAL PANROTAS – Como nasceu e qual o projeto para a ITA Transportes Aéreos?

SIDNEI PIVA Todo dono de companhia rodoviária sonha em voar. Na Itapemirim, o sonho de montar a companhia aérea surgiu em 2016, logo que eu adquiri a companhia, sabendo que no passado a empresa trabalhou com carga. O sonho é ter uma empresa de qualidade e diferenciada, como tivemos com a PanAir, a Varig, tão saudosamente lembrada. Quando reuni essa mesma equipe em 2017, coloquei pra eles que pretendia montar uma aérea consistente, mas não com a visão de apenas baixo custo e preço, sem se importar com a qualidade. Proximidade e bom atendimento ao cliente, ter respeito e qualidade no seu voo foram as diretrizes principais. Não foi possível naquela época, pois estávamos negociando com a Bombardier, que foi vendida para a Airbus. Isso foi bom, pois tivemos mais tranquilidade para trabalhar. Mantive parte da equipe e fizemos mais pesquisas, no Brasil e no mundo, sobre como melhorar qualidade de atendimento e do voo. Chegamos ao projeto atual e estamos muito felizes por termos atingido objetivo. Uma companhia aérea em plena pandemia já é um enorme desafio.

EMPRESA TEVE APORTE DE R$ 500 MILHÕES
PANROTAS – Como é então começar na pandemia? Como está o caixa e de onde veio o dinheiro para o investimento na ITA?

PIVA A estratégia para esse momento foi benéfica. Nosso projeto está inteiro montado, sem dívidas, com uma empresa sólida e com disponibilidade ampla de aeronaves devido à pandemia, então isso nos facilitou para escolha do modelo de avião. A ITA está em um momento fortalecido, com todas as certificações da Anac com a melhor qualidade possível, sem qualquer inconsistência e em tempo recorde. Abrimos as vendas no dia 21 de maio, sexta-feira próxima, com grande expectativa.

PANROTAS – Quanto tem no caixa da companhia e o senhor confirma que esse investimento inicial veio de um fundo árabe?

PIVA – O fundo árabe está em confidencialidade, mas logo será divulgado. O volume aportado foi de R$ 500 milhões e já usamos parte dele. Estamos capitalizados e também contamos com o case multimodal da Itapemirim, que é muito atrativo para investimentos.

PANROTAS – O grupo deve sair este mês da recuperação judicial?

PIVA – Agora dia 24 de maio iremos sair da recuperação judicial, mas ainda precisa o juiz fazer a homologação, pelos trâmites normais. Saímos com a tranquilidade de missão cumprida. Recuperamos a empresa e vamos sair de um processo de RJ com um troféu maior ainda, que é o investimento em uma companhia aérea.

Divulgação/ITA
O QUE O PASSAGEIRO QUER DA ITA?

PANROTAS – Como foram as pesquisas para o projeto da ITA? O que o cliente gostaria de ver na empresa?

PIVA – 2016 e 2017 era outro período. A Avianca se destacava e depois abandonou o foco para ser uma low cost. O cliente, nas pesquisas, pediu conforto nas poltronas, facilidade no atendimento de check-in, atendimento com os parceiros de vendas, como as agências de viagens... Estamos buscando novidades para esse público e para oferecer diferenciais a esses parceiros. O atendimento olho no olho, com uma jornada tranquila e agradável, de poder esticar as pernas até a qualidade do atendimento de bordo. Teremos uma classe especial de atendimento, mas também o cliente da última fileira da aeronave vai experimentar esse espaço a mais. No check-in, teremos também atenção especial e atendimento diferenciado.

PANROTAS – Então a empresa começa com duas classes de serviço?

PIVA – Teremos uma classe, a ITA Class, com conforto e tratamento especiais. Ele vai ter o prazer de voar em uma classe especial em voo doméstico. E também a classe econômica terá atendimento diferenciado em suas poltronas. Todos os pontos que incomodam os viajantes, como remarcação e bagagem, terão mais conforto. Não cobraremos pela primeira bagagem, até 23 quilos. Estudamos o modelo low cost e as empresas lá fora. Há grande quantidade de malas e mochilas, tumultuando o embarque. Esse trabalho é dar essa comodidade ao viajante. Pode fazer tudo no seu tempo, despacha a mala com tranquilidade e não paga a mais por isso.

PANROTAS – E vocês vão conseguir ser competitivos não cobrando por um ancillary que as demais vendem?


PIVA – Somos competitivos, sim. É uma questão de direcionar custos e lucros. É uma companhia de um único dono, eu, e estabeleço onde a companhia quer chegar. Não é a busca incessante por lucro, isso não é o mais importante. Consigo fazer atendimento de qualidade sem comprometer os ganhos da companhia.

Divulgação/ITA
Sidnei Piva
Sidnei Piva
CONTRA A DISTRIBUIÇÃO ATUAL DE SLOTS

PANROTAS – Há mercado para quatro companhias aéreas nacionais?

PIVA – O País ganha com mais companhias. Cabe até mais de quatro. Vai ganhar a companhia que oferecer maior qualidade. O que não podemos é pensar que o País precisa de monopólio. Concorrência é importante e não vejo uma possível guerra de preços. As empresas estão focadas em seus negócios. Transportamos apenas 4% da população e tem um público a ser conquistado, com qualidade, preço adequado e a possibilidade de chegar nessas cidades para trazer aos grandes centros. Há poucos aeroportos no País e a qualidade das pistas (não é boa). Temos uma capilaridade muito grande com os ônibus. Vamos buscar modelo adequado para que esse público voe com a gente. A interligação bem trabalhada, que estamos implantando, será um diferencial que nenhuma outra pode oferecer.

PANROTAS – O senhor é a favor da autorização para mais capital estrangeiro nas empresas nacionais e para que aéreas estrangeiras operem voos domésticos no Brasil?

PIVA – Sou a favor, da mesma forma que nós, como companhia brasileira, temos de buscar espaço fora e atender também principalmente na América do Sul, que é um mercado rico a ser explorado. Sou a favor também do fim do monopólio de slots em alguns aeroportos. O entrante tem de ter uma fatia desses slots. A Anac promete uma nova regulamentação sobre isso e quem vai ganhar é o usuário, com mais opções de voos. Quanto mais companhias aéreas, vai ganhar aquela que tem diferencial e qualidade de serviço.

FROTA E COLABORADORES
PANROTAS – Como foi a escolha pelo Airbus?

PIVA – A previsão é termos 50 aeronaves Airbus A320 até o fim do primeiro semestre. Nosso projeto é de uma grande empresa nacional e um fator muito importante foi o apoio da Airbus no planejamento. Mas também o grande número de pilotos disponíveis. Tivemos 18 mil currículos aprovados, entre pilotos e comissários. Como a maior frota voando no Brasil é de Airbus, isso também pesou na decisão, pois havia muitos profissionais de qualidade disponíveis. Até na formação da equipe de gestores da ITA. Temos quase 500 funcionários contratados e mais 1 mil serão contratados em agosto. Até junho de 2022 chegaremos a 2,5 mil colaboradores na companhia aérea.

PANROTAS – Como é a distribuição do rodoviário hoje na Itapemirim?

PIVA – Estamos em trabalho árduo para fazer a junção (dos dois sistemas – aéreo e rodoviário) e temos intenção também de lançar um serviço de encomendas. Temos duas mil agências próprias de venda, um diferencial muito grande em relação à concorrência. São 63 bases de atendimento em 19 Estados. É uma malha de vendas muito extensa, que será usada em parceria com as agências de viagens. Eles vão ganhar mais pontos de venda com a Itapemirim. Esse modal de integração, em 2,7 mil cidades atendidas pelo rodoviário, é nosso objetivo. Hoje você identifica duas empresas, mas no futuro a integração fará o cliente ver uma empresa só, com 2,7 mil destinos disponíveis. O viajante poderá combinar sua jornada, em um site único, seja aéreo com rodoviário, só aéreo ou só rodoviário, de acordo com o bolso de cada um.

Nós cobrimos 60% do território nacional, com os ônibus, e em breve será 70%, pois já temos novas rotas rodoviárias autorizadas.

Divulgação/ITA
Sidnei Piva
Sidnei Piva
14 DESTINOS PARA COMEÇAR; META É CHEGAR A 110

PANROTAS – Como foi a escolha da malha, com as 14 cidades atendidas nesse lançamento em duas etapas?

PIVA – Fomos e somos assediados e muito bem recebidos pelos aeroportos. Pelo projeto, de entrar e ser uma companhia de grande porte, buscamos as capitais primeiramente. Essas cidades de agora se devem à entrada das aeronaves: cinco aviões em junho, mais cinco até agosto. Vamos aumentando até junho de 2022. Pretendemos atender todas as capitais e 35 destinos no total, até junho de 2022 (e as vendas estão abertas até essa data). O momento está sendo muito aguardado por todos os usuários, há uma expectativa e carinho pela Itapemirim. Vejo sucesso de vendas a partir do dia 21 e uma evolução. Pretendemos ir a diversos outros aeroportos. Vamos colocar primeiro essas 50 aeronaves (até junho/22) e sentir o mercado. Depois buscaremos outras cidades, para chegar a 110 aeroportos no Brasil.

PANROTAS – Há pretensão de voar para o Exterior?

PIVA – Nesse primeiro momento não. Vamos focar no nacional, trazer qualidade para esses voos e a partir de 2023 pensar mundo afora.

TRABALHO COM AGÊNCIAS DE VIAGENS
PANROTAS – Como será o trabalho com os agentes de viagens?

PIVA – Os agentes de viagens são altamente qualificados e temos sido muito bem recebidos por eles, que dão uma qualidade a mais de atendimento. Nosso comercial está em contato com todos eles. Queremos uma parceria olho no olho com os agentes. Já temos mais de 1 mil agências de viagens cadastradas.

PANROTAS – Qual a estratégia operacional?

PIVA – Guarulhos, nosso principal hub, e também daremos atenção especial a Belo Horizonte, Rio e Brasília. A transformação das aeronaves está sendo feita em São José dos Campos (SP) e em alguns casos no Exterior, já chegando prontas no Brasil.

PANROTAS –
Como o senhor espera que os clientes e o trade chamem a companhia? ITA ou Itapemirim?

PIVA – ITA. Uma marca gostosa de falar, simples, e ela vem carregada pela Itapemirim, que é a rainha e a coroa do rodoviário. Vem com peso muito forte. A ITA já é uma companhia conhecida mesmo sem voar. Recebo e tenho a satisfação de batizar a empresa como ITA e assim será conhecida em todos os aeroportos.

Contato para as agências de viagens: comercial.ita@voeita.com.br.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.