Victor Fernandes   |   12/04/2022 12:24   |   Atualizada em 12/04/2022 12:25

Tap cumpre plano de reestruturação com EBITDA positivo

2021 da Tap foi encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros

Divulgação
2021 da Tap foi encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros
2021 da Tap foi encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros
A Tap Air Portugal divulgou os resultados acumulados de 2021, revelando um resultado líquido negativo de 1,6 bilhões de euros em 2021, melhor que o previsto no Plano de Reestruturação da empresa (1,75 bilhões de euros), incluindo o reconhecimento de custos não recorrentes de bilhões de euros.

Outros destaques foram:
  • Decisão de encerrar a Tap Manutenção e Engenharia Brasil no final de 2021. Maior parte dos custos não recorrentes derivam de perdas acumuladas da unidade;
  • Recuperação significativa do EBITDA recorrente no segundo semestre de 2021, anulando as perdas operacionais registadas durante o primeiro semestre, permitindo que o ano de 2021 fosse encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros;
  • No último trimestre, no contexto do Plano de Reestruturação e reorganização da Tap SGPS, a aérea registou custos não recorrentes de 1024,9 milhões de euros com impacto nos resultados.

PLANO DE REESTRUTURAÇÃO

No final de 2021, com a aprovação do Plano de Reestruturação e com o objetivo de concentrar a Tap no negócio do transporte aéreo, foi tomada a decisão de alienar ou encerrar algumas das participadas, nomeadamente a unidade de negócios de manutenção no Brasil, cujo desempenho histórico se tinha refletido em crescentes perdas acumuladas.

Assim, no âmbito da reestruturação empresarial do Grupo Tap incluída no Plano de Reestruturação, foi registrada uma imparidade na conta a receber da Tap SGPS, que representa a maioria dos custos não recorrentes registados no quarto trimestre de 2021.

Apesar da lenta reabertura das fronteiras, nomeadamente fora do espaço Schengen, e da propagação da variante ômicron, a companhia conseguiu limitar as perdas resultantes da imobilização forçada da sua frota, por meio de:

  • Uma gestão cuidadosa das rotas disponíveis para operação, com a utilização do tipo apropriado de aeronaves mais flexíveis e eficientes;
  • Redimensionamento dos recursos humanos e dos custos com pessoal;
  • Renegociação em grande escala dos contratos com os fornecedores;
  • Adoção de uma nova política de controle rigoroso das despesas e investimentos por todas as áreas da empresa.

RESULTADOS

A prossecução desta estratégia reflete-se na recuperação significativa do EBITDA recorrente no segundo semestre de 2021, anulando as perdas operacionais registadas durante o primeiro semestre, permitindo que o ano de 2021 seja encerrado com um EBITDA recorrente positivo de 11,7 milhões de euros.

No último trimestre de 2021, no contexto do Plano de Reestruturação e reorganização da Tap SGPS, a aérea registou custos não recorrentes de 1024,9 milhões de euros com impacto nos resultados.

Em termos operacionais, o número de passageiros cresceu 25,1% (ano a ano) em 2021, ainda cerca de 34,2% do nível de 2019. A procura (medida em RPK) aumentou 25,6% (ano a ano), apesar de ainda ser de 35,5% dos números de 2019. As receitas de passageiros aumentaram 25,8% em 2021, acima do crescimento global de 20,1% (de acordo com a Iata) das receitas de passageiros da indústria.

As receitas operacionais totais atingiram 1388,5 milhões de euros, um aumento de 328,4 milhões de euros (+31,0%) em comparação com as receitas operacionais de 2020. As receitas de passageiros aumentaram 218,8 milhões de euros. As receitas de carga e correio subiram 88% (110,5 milhões de euros), compensando totalmente o declínio das receitas de manutenção de 13,7 milhões de euros ano a ano (-20,1%).

Os custos operacionais recorrentes ascenderam a 1866,5 milhões de euros em 2021, uma diminuição de EUR 52,1 milhões (-2,7%) quando comparado com o mesmo período do ano passado, começando a refletir as medidas de reestruturação empreendidas pela empresa, nomeadamente custos com trabalhadores (EUR -46,3 milhões e -11,0% ano a ano), custos de manutenção das aeronaves (EUR -5,0 milhões e -20,5% ano a ano) e custo dos materiais consumidos (EUR -10,1 milhões e -25,1% ano a ano).

A diminuição dos custos com trabalhadores reflete a saída gradual de 1.480 funcionários (valor líquido) ao longo do ano e os cortes nos salários que tiveram início em março de 2021.

O EBIT recorrente teve uma evolução positiva de 380,4 milhões de euros em 2021, para -478 milhões de euros, com um EBITDA recorrente de 11,7 milhões de euros (a 2ª metade de 2021 teve um EBITDA recorrente positivo de 176,4 milhões de euros).

Os resultados operacionais (EBIT) após as rubricas não recorrentes registaram um decréscimo de EUR 523,9 milhões de ano a ano para EUR -1488,7 milhões em 2021.

O resultado líquido do ano foi negativo em EUR 1599,1 milhões. É de salientar o impacto líquido negativo das diferenças cambiais (EUR 175,5 milhões) relacionado com a depreciação do EUR face ao USD (com um forte impacto nas rendas futuras e, portanto, não monetárias neste ano), e também a depreciação do BRL face ao EUR. Por outro lado, o resultado líquido da cobertura do Jet Fuel teve um impacto positivo de 8,7 milhões de euros.

Relativamente à liquidez, 2021 foi um desafio e a Tap manteve-se concentrada nas suas medidas de proteção da liquidez beneficiando dos aumentos de capital de maio e dezembro de 2021 de 462 e 536 milhões de euros, respetivamente (no contexto da Ajuda por Compensações de Danos da COVID e do Auxílio à Reestruturação). A Tap terminou o ano com 812,6 milhões de euros em caixa (+57% do que no início do ano).

ROTAS E FROTA

Relativamente às rotas e à frota, ao longo de 2021, a Tap lançou uma estratégia de diversificação para impulsionar a recuperação, que resultou na abertura de novos destinos, com várias rotas tanto de longo como de curto/médio curso, como por exemplo: Montreal, Cancun, Punta Cana, Maceió, Zagreb, Ibiza, Fuerteventura, Agadir, Oujda, Monastir e Djerba.

Na frota operacional, a Tap passou por uma redução líquida de 2 aeronaves para 94, com a eliminação progressiva de 2 Airbus A330ceo, 3 Airbus A320ceo e 2 Airbus A319ceo, enquanto 5 aeronaves da nova geração passaram a ser gradualmente introduzidas (2 A321neo LR e 3 A320neo), com a Tap a assegurar com êxito os acordos de financiamento para estas aeronaves. No final de 2021, 66% da frota operacional de médio e longo curso consistia em aeronaves da família NEO (contra 57% até 31 de dezembro de 2020 e 43% até 31 de dezembro de 2019).

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