Pedro Menezes   |   02/10/2025 15:34

Abear: processos contra companhias aéreas cresceram quase 200% em 4 anos

País já bateu todos os recordes de ações contras as empresas aéreas ajuizadas na Justiça em 2025

Divulgação/Inframérica
Segundo o executivo, o crescimento é consequência direta de uma indústria de litigância predatória instalada no Brasil
Segundo o executivo, o crescimento é consequência direta de uma indústria de litigância predatória instalada no Brasil

O número de ações judiciais contra empresas aéreas teve um aumento de 190% nos últimos quatro anos, segundo o presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Juliano Noman. Segundo o executivo, o crescimento é consequência direta de uma indústria de litigância predatória instalada no Brasil.

“Isso afeta segurança jurídica, investimento, desenvolvimento e também a integração nacional. O setor aéreo é um setor que conecta. O principal benefício do setor aéreo não é o desenvolvimento econômico e empregos que ele gera, mas sim os que ele induz. Há estudos que mostram que o que se investe no setor aéreo volta de 3 a 5 vezes mais como Produto Interno Bruto para aquela localidade”

Juliano Noman, presidente da Abear

Dados apresentados pelo presidente da Abear revelam que os níveis de pontualidade e regularidade das companhias ficaram em torno de 90% no mesmo período em que a judicialização do setor triplicou. Isso faz com que o Brasil seja o país com maior número de ações contra empresas aéreas no mundo, com 95% dos processos, que, na prática, representa aumento de custos.

“Esse ano vamos gastar mais de R$ 1 bilhão com despesas por causa de condenações na Justiça. Isso não está associado à prestação de serviço. É uma indústria que se formou”

Juliano Noman, presidente da Abear

Reflexo do País

A litigância excessiva descrita por Juliano Noman no setor aéreo é semelhante ao que o país vive como um todo. Segundo o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, o ano de 2025 já superou todos os anteriores em relação a ações ajuizadas na Justiça. O recorde anterior havia sido em 2024.

O AGU mostrou dados que revelam que o Brasil gasta 4 vezes mais com o Poder Judiciário do que a média mundial e tem 5 vezes mais processos que a União Europeia no campo cível e 7 vezes mais em matérias administrativas.

“Em 4 anos, aumentamos em 42,9% o número de novas ações. A litigância excessiva é irmã gêmea da insegurança jurídica. Isso afeta a confiança no estado e mostra que as relações podem não ser previsíveis quando temos uma litigância, que mostra um colapso do sistema de Justiça", disse.

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Sobre o autor

Natural do Rio de Janeiro, Pedro Menezes é bacharel em Comunicação Social/Jornalismo e atua há 12 anos na imprensa especializada em Turismo. Atualmente, é editor do maior portal brasileiro voltado a profissionais do setor, com base em São Paulo. O jornalista tem experiência em cobertura nacional e internacional de feiras, congressos e eventos, além de pautas de política e economia ligadas ao Turismo.