Karina Cedeño   |   07/12/2022 15:29
Atualizada em 07/12/2022 15:36

Transporte de passageiros internacionais em 2021 foi similar a 1992

Os dados foram revelados pelo Panorama 2021, divulgado pela Abear


Pixabay
Apesar do retrocesso nos níveis de demanda doméstica e internacional, a eficiência operacional das empresas aéreas que operam no Brasil se manteve em patamares positivos
Apesar do retrocesso nos níveis de demanda doméstica e internacional, a eficiência operacional das empresas aéreas que operam no Brasil se manteve em patamares positivos
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) lança hoje (6) o Panorama 2021, publicação anual com dados e análises sobre a aviação comercial brasileira. A 10ª edição do estudo traz uma visão detalhada sobre o segundo momento mais desafiador da história do setor, superado apenas por 2020, auge da pandemia de coronavírus.

O levantamento mostra que em 2021 a demanda doméstica retrocedeu a níveis de 2010, quando foram transportados 69,9 milhões de passageiros. No mercado internacional, os números foram similares ao patamar de 1992, ano em que foram embarcadas 4,7 milhões de pessoas.

Esse cenário atingiu de forma diferente cada uma das companhias aéreas brasileiras, considerando que as proporções de suas operações em cada um dos segmentos citados são muito distintas. Apesar das dificuldades, os indicadores operacionais das empresas aéreas brasileiras foram bastante razoáveis, apresentando aproveitamentos de 80% e 73% nos voos domésticos e internacionais (incluindo as empresas estrangeiras), respectivamente.

Confira mais informações levantadas pelo estudo:


DESAFIOS DO SETOR
O Panorama 2021 também indica caminhos para uma recuperação consistente da aviação comercial, apontando três dos maiores desafios do setor: a alta do preço do querosene de aviação (QAV), o excesso de judicialização nas relações entre companhias aéreas e consumidores, além da necessidade de aprimoramentos na infraestrutura necessária para o desempenho do transporte aéreo.

Um ponto interessante observado pelo estudo é que as aeronaves brasileiras gastam em média cerca de 8% mais tempo no ar nos voos domésticos do que o necessário quando comparado ao verificado nos Estados Unidos e conforme as recomendações dos fabricantes das aeronaves para um mínimo consumo de combustível.


CONTRIBUIÇÃO PARA O PIB
De acordo com o relatório de 2022, as viagens e o Turismo contribuíram em 2019 para 10,3% do PIB global, gerando empregos diretos, indiretos e induzidos, os quais somados, corresponderam a 333 milhões de posições de trabalho (World Travel & Tourism Council, 2022). Ou seja, o Turismo gera um em cada dez dos 3,3 bilhões de empregos existentes no mundo (Statista, 2022).

A Covid-19 provocou uma queda geral na economia mundial que atingiu particularmente as viagens e o Turismo, fazendo que estas atividades reduzissem sua participação na economia global para 5,3 e 6,1% em 2020 e 2021, respectivamente. A participação dos empregos proporcionados pelo Turismo caiu para 8,5% em 2020 e subiu para 8,8% no ano seguinte (World Travel & Tourism Council, ibid; Statista, ibid).

2021 foi marcado por discreta recuperação da demanda do transporte aéreo em relação ao ano anterior, tanto no cenário mundial quanto no brasileiro. Assim, segundo a International Civil Aviation Organization - ICAO, a retração do tráfego aéreo mundial em 2020, medida em passageiros transportados, foi de 60% em relação a 2019, em decorrência da pandemia.

Em 2021, tomando como base o ano de 2019, a mesma medida mostrou redução de 51%. Entretanto, as variações não foram uniformes, sendo que o segmento internacional permaneceu praticamente estagnado durante o ano de 2021 (ICAO, 2022). Dessa maneira, o crescimento do tráfego mundial em 2021, em relação a 2020, foi de cerca de 28%, cifra modesta considerando a retração sem precedentes de 2020.

A recuperação do tráfego brasileiro total em 2021 foi semelhante ao verificado em todo o mundo. Contudo, sua distribuição entre os segmentos doméstico e internacional foi significativamente diversa. Assim, o segmento doméstico cresceu cerca de 38%, e o internacional contraiu-se 29%, ambos em relação a 2020.


Frota
Refletindo a situação da queda da demanda, a quantidade de aeronaves que compõem a frota das empresas aéreas foi reduzida em cerca de 8%. Contudo, essa contração se deu principalmente em aeronaves de menor porte ou as mais antigas,


Participação no mercado de passageiros
Em 2021, verificou-se uma significativa alteração na participação de mercado das empresas aéreas brasileiras no segmento doméstico. Entretanto, as três maiores companhias mantiveram constante a sua participação conjunta. No segmento internacional, houve um aumento expressivo da participação conjunta das empresas estrangeiras, confirmando a tendência que já vinha sendo observada em anos recentes.


Preço do querosene de aviação do Brasil (QAV)
Historicamente, o preço do querosene de aviação (QAV) na bomba nos voos domésticos é cerca de 30% a 40% mais alto do que o equivalente nos Estados Unidos. As três principais razões são: precificação seguida pela Petrobras, tributação elevada e distribuição ineficiente e oligopolizada. Como se compreende, custos operacionais altos da indústria limitam as empresas aéreas a praticarem preços mais baixos, inibem o crescimento da demanda e subtraem sua competitividade em relação às empresas estrangeiras.

O efeito perverso para o Brasil é a indução dos consumidores às viagens aéreas internacionais, que se tornam proporcionalmente mais baratas do que as domésticas porque o QAV destinado aos voos internacionais não estão sujeitos à tributação no Brasil.

Para acessar o Panorama 2021 na íntegra, clique aqui.

Tópicos relacionados