Da Redação   |   24/06/2025 09:00
Atualizada em 24/06/2025 10:41

Após tragédias com balões, Abeta cobra respeito às normas do Turismo de aventura

De acordo com Abeta, balonismo é Turismo de aventura e deve ser feito dentro de padrões técnicos


Pixabay
Na última semana, os acidentes com balões de passeio em Boituva (SP) e Praia Grande (SC), deixando nove vítimas fatais e dezenas de feridos, trouxeram à tona a importância da fiscalização
Na última semana, os acidentes com balões de passeio em Boituva (SP) e Praia Grande (SC), deixando nove vítimas fatais e dezenas de feridos, trouxeram à tona a importância da fiscalização

O Turismo de aventura oferece experiências únicas, conectadas à natureza e à superação pessoal. E o Brasil, com sua diversidade de paisagens, é um dos destinos mais promissores para esse tipo de atividade. No entanto, como em qualquer experiência que envolve emoção e risco, seguir regras de segurança é essencial — tanto para operadoras quanto para turistas.

Na última semana, os acidentes com balões de passeio em Boituva (SP) e Praia Grande (SC), deixando nove vítimas fatais e dezenas de feridos, trouxeram à tona a importância da fiscalização, do cumprimento de normas e da escolha criteriosa de prestadores de serviço.

“O Brasil tem um gigantesco potencial de turismo de natureza, de Turismo cultural. Acontece que Turismo de natureza implica em riscos elevados para o ambiente e para as pessoas que praticam, o que vai desde uma picada de cobra até uma máquina mal operada por um humano”

Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), ao Portal PANROTAS
Divulgação
Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta
Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta

Em 2006, a Abeta desenvolveu com Ministério do Turismo, Sebrae, Embratur e outras entidades, a Associação Brasileira de Normas Técnicas: um conjunto de normas que foi reconhecido pela ONU como uma referência para países que queiram estruturar Turismo de aventura. “Ele foi até adotado pela ISO (International Standardization Organization). Essas normas são obrigatórias. Sabe qual é o problema? Muitas vezes elas não são respeitadas", diz.

Toda vez que acontece um acidente midiático com imagens fortes, como essa tragédia do balão que pegou fogo, todo mundo olha, se alarma, e quer inventar a roda com novas medidas. Mas o que precisamos fazer é algo extremamente simples: cumprir a lei.

Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta

Desde 2006, a Abeta e o Sebrae já capacitaram mais de 5 mil profissionais do turismo de aventura com base na norma ISO 21.201. Essa norma estabelece uma metodologia estruturada que envolve diferentes etapas. Entre elas, está a obrigação de a empresa identificar todos os perigos associados à atividade, adotar medidas para reduzir os riscos e desenvolver um plano de ação para emergências. Também existem diretrizes específicas para os condutores dos passeios e para o repasse de informações aos clientes, que devem estar plenamente cientes dos riscos envolvidos.

Luiz lembra que voo de Turismo com balão não é proibido e existem operações que são extremamente seguras e têm longas trajetórias sem tragédias, mas reforça a necessidade dos consumidores conhecerem seus direitos e exigirem o cumprimento das leis.

A Lei Geral do Turismo e o Código de Defesa do Consumidor procuram garantir que o consumidor usufrua de um produto que tenha um padrão mínimo de qualidade de acordo com sua norma técnica aplicável.

“O que acontece com o balonismo é que a atividade não é regulamentada, mas o problema mesmo é que tem muito consumidor embarcando em passeio de balão sem ter as informações necessárias. A Anac declara que o balonismo é praticado sobre conta e risco dos participantes, tanto quem oferta como quem vende. E aí a gente volta nas normas técnicas: balonismo é Turismo de aventura e deve ser feito dentro de padrões técnicos, mas muitas empresas operam sem ter o sistema obrigatório, é algo muito sério"

Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta

A obtenção de uma certificação oficial pode custar entre R$ 20 mil e R$ 30 mil para a empresa e a comprovação deste documento pode e deve ser cobrado pelo consumidor.

Confira mais dicas para se proteger e viver o turismo de aventura com segurança:

Principais riscos quando as normas não são seguidas

A maioria dos acidentes em atividades de aventura está relacionada a falhas evitáveis, como:

  • Falta de manutenção preventiva de equipamentos;
  • Ausência de qualificação dos profissionais que conduzem as atividades;
  • Irregularidades em documentação obrigatória;
  • Clima inadequado para voos ou atividades em altura;
  • Desinformação sobre planos de emergência.

No caso do balonismo, por exemplo, a operação deve ser aprovada pela ANAC, com balões registrados e pilotos credenciados. A falta desses requisitos representa um risco elevado.

Como escolher atividades de aventura com segurança

O que observar antes de contratar:

  1. Certificações e licenças: empresas sérias apresentam documentos atualizados da ANAC (no caso do balonismo), do ICMBio ou das prefeituras, além de seguro para passageiros.
  2. Profissionais qualificados: guias devem ter formação em turismo de aventura, certificação ABNT ISO 21102/21103 e treinamento em primeiros socorros.
  3. Manutenção de equipamentos: balões, tirolesas, botes e parapentes devem passar por inspeções regulares. Na dúvida, pergunte ou observe sinais visuais de desgaste.
  4. Plano de segurança: a operadora deve apresentar instruções claras sobre o percurso, protocolos de emergência e condições climáticas previstas.
  5. Transparência e reputação: pesquise avaliações online, converse com outros viajantes e observe se a empresa responde dúvidas de forma clara e segura.

Leis e direitos de quem pratica turismo de aventura

  • Lei Geral do Turismo (11.771/08): define a responsabilidade civil das empresas prestadoras de serviço turístico, mesmo quando operam com parceiros.
  • Normas ABNT NBR ISO 21101, 21102 e 21103: tratam de requisitos de segurança, qualificação de condutores e planejamento das atividades.
  • Anac e ICMBio: são os órgãos que regulam voos livres e áreas de conservação, exigindo autorizações específicas.

Se notar irregularidades, o turista pode denunciar aos órgãos competentes, como Procons, Ministério do Turismo, Anac ou Ibama.

Além de entretenimento, o turismo de aventura pode ser uma ferramenta de educação ambiental, desenvolvimento local e geração de renda sustentável — especialmente em áreas remotas ou rurais. Por isso, é importante valorizar empresas que praticam o turismo regenerativo, com respeito ao meio ambiente, à cultura local e à vida dos viajantes. Turistas mais conscientes ajudam a fortalecer o mercado.

Agentes de viagens, por sua vez, têm papel fundamental como curadores de experiências de qualidade. Ao indicarem operadoras sérias, colaboram com um ecossistema mais profissional e seguro.

Carla Furtado, especial para o Portal PANROTAS.

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