Bob Iger alerta que novas tarifas podem comprometer expansão bilionária da Disney nos EUA
Segundo CEO da Disney, as tarifas podem gerar aumento em custos de matérias-primas e sistemas sofisticados

O CEO da Disney, Bob Iger, veio a público alertar que o novo pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ameaçar diretamente os planos de expansão de US$ 60 bilhões voltados para parques temáticos, cruzeiros e infraestrutura nos próximos dez anos.
As declarações foram feitas durante uma rara participação do executivo na reunião editorial da ABC News. “Você não consegue realocar uma cadeia de fornecimento global de uma hora para outra. Muitos não entendem como tarifas funcionam. Elas acabam sendo repassadas aos consumidores e dificultam nossos investimentos", disse Iger.
As novas tarifas impõem uma alíquota de 10% sobre todas as importações feitas por empresas norte-americanas já a partir deste mês, além de tarifas adicionais de até 30% sobre parceiros comerciais com os quais os Estados Unidos mantêm disputas e déficits significativos, como China e União Europeia.

Os US$ 60 bilhões chegarão através de melhorias, expansões e inaugurações de parques temáticos. No centro destes investimentos está o Walt Disney World Resort, em Orlando, que já começou a transformação gigante em seus parques, como Magic Kingdom e Animal Kingdom, além da área de Monstros S.A no Hollywood Studios e da expansão da frota de cruzeiros do Disney Cruise Line até 2031.
Segundo Iger, as tarifas podem gerar um aumento nos custos de matérias-primas e sistemas sofisticados, como trilhos de montanhas-russas e tecnologias de controle importadas da Europa, por exemplo. Isso comprometeria diretamente os cronogramas e orçamentos de novos projetos. "O custo para importar aumentaria drasticamente. Isso nos forçaria a revisar ou até adiar projetos”, alertou o CEO da Disney.
Impacto direto nos parques temáticos e cruzeiros

Embora os navios da Disney Cruise Line sejam construídos na Europa e registrados nas Bahamas — o que tecnicamente os isenta de algumas das novas tarifas — a construção envolve contratos que podem ser impactados por tarifas sobre materiais e serviços terceirizados.
Os parques temáticos, por sua vez, enfrentam um cenário ainda mais complexo. Muitos dos sistemas utilizados em atrações sofisticadas vêm de empresas especializadas sediadas na Alemanha, Holanda e Suíça. A substituição desses fornecedores por opções norte-americanas não é viável a curto prazo, seja pela falta de capacidade técnica ou pelos custos envolvidos. Além disso, os parques utilizam matérias-primas importadas — de aço a tecnologia sensível.
Especialistas alertam que o aumento de custos pode ser repassado ao público. Mas, pelo menos por enquanto, a Disney não anunciou mudanças concretas em seus planos. O tom de cautela nas declarações de Bob Iger, no entanto, deixa claro que a empresa está reavaliando a viabilidade de seguir adiante com seu ambicioso plano de crescimento, diante de um cenário global cada vez mais imprevisível.
Com informações do Disney Tourist Blog.