Hotel da Bahia by Wish: um mergulho na história e na arte baiana
Acervo do hotel soteropolitano é estimado em R$ 30 milhões, conforme aponta a administração

SALVADOR (BA) - Na véspera de uma nova fase, o icônico hotel soteropolitano volta a ostentar o nome que fez dele palco e testemunha de mais de sete décadas de história. A partir desta quarta-feira (13), o Wish Hotel da Bahia passa a se chamar Hotel da Bahia by Wish, reforçando sua vocação de guardião da cultura e da memória baiana.
Mais do que um lugar para se hospedar, a unidade é um verdadeiro museu vivo. Em um passeio pelos corredores e salões - que nossa reportagem fez um dia antes da cerimônia oficial de mudança de nome -, a sensação é de caminhar por páginas ilustradas da história do estado. Não por acaso: o acervo, estimado em R$ 30 milhões, reúne obras de nomes fundamentais das artes plásticas, fotografia e escultura no Brasil.
Logo no restaurante Genaro por Vini Figueira, no piso térreo, um mural de 1950 assinado por Genaro de Carvalho traduz em cores e formas a síntese baiana entre o religioso e o profano, retratando festas que pulsaram e ainda pulsam na vida popular. A poucos passos dali, em volta da recepção, painéis de concreto de Carybé, fotografias raras de Pierre Verger - aqui, o visitante encontra o maior acervo dele fora da Fundação Pierre Verger - e obras de Florival Oliveira, Tati Moreno e Ed Ribeiro completam um panorama artístico.

O hotel nasceu em 24 de maio de 1952, fruto de uma encomenda do setor privado ao poder público para que Salvador tivesse um equipamento hoteleiro à altura de outras capitais brasileiras. Ao longo das décadas, recebeu personalidades que marcaram a música, a literatura, a política e o cinema mundial. Pelos quartos e salões passaram Dorival Caymmi, João Gilberto, Michael Jackson, Pablo Neruda, Gabriel García Márquez, Elton John e outros tantos artistas, além de autoridades de diversos países. Até hoje, é endereço oficial para encontros e hospedagens de políticos e figuras públicas da Bahia.
Café com o Historiador: história servida à mesa
Para que visitantes e hóspedes possam compreender toda essa riqueza, o hotel oferece o Café com o Historiador — um programa conduzido pelo pesquisador e historiador Rafael Dantas, que revela as camadas de história escondidas (e expostas) em cada detalhe da arquitetura e da curadoria artística da casa.
Aberto também a não-hóspedes, o tour de aproximadamente duas horas percorre salões, mezaninos e áreas externas, contextualizando cada obra e seu papel na narrativa cultural baiana. "O antigo Hotel da Bahia, hoje Hotel da Bahia by Wish, é o único hotel no Brasil com um acervo tão relevante. Ele engrandece ainda mais nosso cenário cultural, com representações de toda uma época marcada por cores, modernismo e diversidade", resume Dantas.
Ao final, a história se encontra com a gastronomia: quitutes tradicionais como acarajé, bolo de tapioca, o bolo de carimã e frutas da estação chegam à mesa, acompanhados de infusões de ervas, sucos regionais e espumante. A experiência custa R$ 180 por pessoa e pode ser agendada para hóspedes e visitantes.
Um marco que se renova
Nesta quarta-feira (13), o hotel celebra oficialmente a adoção do novo nome, devolvendo a ele não apenas um título, mas também o reconhecimento de sua trajetória como patrimônio cultural da Bahia. Entre obras-primas, memórias e sabores, o Hotel da Bahia by Wish reafirma: mais do que paredes e quartos, sua verdadeira hospedagem é na memória afetiva e artística de Salvador.
Veja fotos do passeio pelos espaços com obras artísticas no hotel baiano:
A reportagem da PANROTAS viaja a convite da rede Wish