Artur Luiz Andrade   |   29/10/2021 16:11
Atualizada em 29/10/2021 16:19

CEO da Atlantica explica estratégia por trás de acordo com Transamerica

Segundo ele, Transamerica tem a terceira marca hoteleira mais lembrada por consumidores


Divulgação Atlantica Hotels
Eduardo Giestas, CEO da Atlantica
Eduardo Giestas, CEO da Atlantica
O CEO da Atlantica Hotels, Eduardo Giestas, e dois diretores da Transamerica, Alexandre Marcílio e Rinaldo Fagá, conversaram com o Portal PANROTAS sobre o acordo anunciado hoje entre as empresas. Pelo contrato assinado, a Atlantica assume os 24 hotéis Transmerica Hotel Group em todo o Brasil e mais três em desenvolvimento. São cerca de 4,5 mil novos quartos no inventário da Atlantica.

Para Giestas, o acordo está dentro da estratégia de crescimento desenhada pela Atlantica e que foi parada por dois anos pela pandemia. Mas não é um fruto da pandemia. “Ela aconteceria em qualquer época, pois faz parte do que desenhamos para crescer”, afirma.

Segundo o CEO da rede, o crescimento da Atlantica nos próximos anos virá de três vertentes:
1 – O aumento da oferta natural de hotéis pelo Brasil. “O Brasil tem metade do número de quartos por habitantes da Argentina, 1/4 do Chile, 1/6 do Peru... Esse crescimento virá, mesmo com os altos e baixos do País. E para isso precisamos de novos modais e marcas.”

2 – Mais de 2/3 da hotelaria brasileira são hotéis independentes. Ou seja, a Atlantica aposta nas conversões, especialmente em mercados secundários. Esse um cenário que foi impulsionado pela pandemia, pois o hotel independente precisaria mais de uma estrutura de distribuição e marketing.

3 – Na avaliação da Atlantica, o terço restante da hotelaria, que ele chama de embaideirada, ainda é fragmentado. Ambiente propício para alianças, fusões e parcerias como a fechada entre a Atlantica e a Transamerica.

“Esse acordo nos dá imediatamente aceleração de escala, hotéis muito bons e unidades em novas praças, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Além de São Paulo, que é mercado prioritário”, explica Giestas.

Segundo ele, pesquisa feita pela Atlantica mostra que a marca Transamerica é a terceira em recall no Brasil. “E vamos impulsionar esse crescimento das marcas Transamerica.”. Ou seja, as marcas continuam e a Atlantica, por contrato, tem o direito de expandi-las. São elas Fit, Classic, Executive, Prestige e Prime (e ainda o Transamerica Berrini). Alguns hotéis podem ganhar ainda a assinatura by Atlantica.

Divulgação
Transamerica Fit
Transamerica Fit
TRANSAMERICA

Alexandre Marcílio, da Transamerica, diz que a aliança com a Atlantica faz parte de uma busca por eficiência e mais qualidade para seus hotéis. Com a Atlantica, os hotéis Transamerica poderão ter mais rentabilidade e as marcas um melhor desenvolvimento.

Os hotéis de São Paulo e Comandatuba, na Bahia, não entraram no acordo, pois sempre tiveram gestão separada no grupo. Sobre a reabertura do hotel Transamerica São Paulo, fechado desde o começo do ano, Rinaldo Fagá diz que há possibilidade de reabertura no primeiro trimestre de 2022 e que o grupo não pensa em outras marcas para administrar esses dois empreendimentos.

MARCAS
A Atlantica hoje conta com 24 marcas, sendo quatro proprietárias no segmento recém-lançado de residenciais com serviço (m/ode, e/joy, u/rbit e e/pic) e outras duas proprietárias (Go Inn e eSuites), além das representações da Choice e Radission e de algumas marcas da Wyndham e Hilton.

ENTREVISTA
PORTAL PANROTAS
– Como as marcas da Transamerica se posicionarão dentro do portfólio Atlantica? Todas serão mantidas?
EDUARDO GIESTAS – Elas se somam à nossa oferta, nos dão mais escala e a Transamerica nos empresta muita reputação. São hotéis para todos os segmentos, em todo o Brasil. Reforçam nossa oferta em São Paulo, mercado prioritário, e nos fazem chegar a novas praças, como MT e MS.

PANROTAS – Quais as oportunidades de crescimento da hotelaria hoje no Brasil?
GIESTAS – Nos grandes mercados, como São Paulo, onde ainda há espaço, e Rio de Janeiro, onde achamos que os residenciais podem ajudar no problema de falta de oferta nova. Há bastante espaço para hotéis budget e econômicos, em mercados secundários e terciários, com muito potencial de expansão.

PANROTAS – Por que essa aposta no residencial com serviço? É fruto da pandemia? A volta dos flats?
GIESTAS – Nem uma coisa, nem outra. E sim uma característica dos hóspedes millennials, que querem espaços com cara de casa, e com a possibilidade de serviços hoteleiros, que pagam sob demanda. Um hotel sem frills e com essa flexibilidade. E nós entramos também com a distribuição inteligente, com o preço dinâmico, inclusive para o corporativo, que ainda pode pagar faturado, algo que os residenciais tradicionais não oferecem. E são unidades que se pagam com poucos quartos. Com 15 quartos já há rentabilidade para o investidor.

Divulgação
Eduardo Giestas
Eduardo Giestas
PANROTAS
– Quantas unidades a Atlantica já tem desses residenciais?
GIESTAS – Sete contratos e duas operações em São Paulo, onde 30% são contratos longos, de pelo menos um mês, e o restante estadas mais curtas.

PANROTAS
– E os investimentos da Atlantica no Lazer no Lifestyle?
GIESTAS – Vamos crescer no segmento de lazer, especialmente nos resorts de médio porte. Acabamos de assinar com um Doubletree, da Hilton, em Canela (RS) e teremos mais 17 ou 18 hotéis com perfil de lazer.

PANROTAS
– Com tantos hotéis (mais de 170) direcionados ao corporativo, a retomada tem demorado mais para vocês?
GIESTAS – Em São Paulo sim e ainda vai demorar 2022 inteiro, devido à falta do corporativo internacional e dos grandes eventos. O Estado de São Paulo representa 32% de nossas vendas, então sua recuperação é crucial. Mas no geral nossa ocupação está quase em patamares pré-pandemia e a diária média vem se recuperando. Isso é importante, pois a pressão dos custos, a inflação, é muito grande.

PANROTAS – Como será a transição para assumir os hotéis Transamerica?
GIESTAS – Na próxima segunda-feira, 1º de novembro, vamos assumir a operação, também vamos cuidar dos três hotéis no pipeline e começar a expandir as marcas. Todos os funcionários serão aproveitados e criamos uma divisão dentro da Atlantica para cuidar exclusivamente dos hotéis Transamerica. Quem vai tocar essa divisão é o Gilvan Santos, que vem da própria Transamerica. Até a semana que vem anunciaremos o gerente de Vendas para essa divisão.

PANROTAS – Como a chegada dos hotéis Transamerica muda sua estratégia de distribuição? A Atlantica é conhecida por ser mais agressiva na venda direta e mais afastada do trade?
GIESTAS – Não concordo com essa sua visão. Somos bem próximos do corporativo, da Abracorp. Claro que o inventário da Transamerica será muito importante para nosso canal direto, que depende de escala e produtos. Teremos mais quartos e mais qualidade. Isso vai acelerar o crescimento da venda direta e do programa de fidelidade Atlantica Rewards, mas também será bom para os canais indiretos.

PANROTAS – Que tendências a pandemia trouxe para o comportamento do hóspede e a função do hotel?
GIESTAS – Acredito que algumas oportunidades foram momentâneas e aproveitadas, mas o propósito do hotel continuará o mesmo, que é hospedar, alimentar e servir bem. Acredito na segmentação, mas as oportunidades na pandemia, como coworking, entre outras, foram temporárias. As viagens internas estão aumentando e a demanda é por hotelaria.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.