Luiz Felipe Simões   |   23/06/2025 09:00
Atualizada em 23/06/2025 10:43

Diversidade que transforma: como Accor lidera e acolhe seus colaboradores

Desde 2017, a empresa é signatária do Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+

Presente em mais de 110 países, a Accor é uma das maiores redes hoteleiras do mundo, com um portfólio que ultrapassa 45 marcas, somando mais de 5,6 mil hotéis e 850 mil quartos. A operação global também inclui mais de 10 mil restaurantes e bares e conta com uma equipe de mais de 360 mil colaboradores, refletindo a ampla atuação do grupo na hospitalidade e no setor de serviços.

Como uma empresa que atua diretamente com pessoas, a Accor tem se comprometido com a diversidade, equidade e inclusão (DEI) de maneira constante e mensurável. Desde 2017, é signatária do Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+ e, atualmente, no Brasil, 21% de seus colaboradores se autodeclaram membros da comunidade LGBTI+, sendo 2% pessoas trans.

Segundo Antonietta Varlese, vice-presidente sênior de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Accor para as Américas, a companhia tem uma agenda permanente voltada à inclusão. “Somos uma empresa de hospitalidade, que trabalha para pessoas e com pessoas. Queremos que todos se sintam bem-vindos em nossos hotéis, bares e restau rantes, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero”, afirma.

O CEO da Accor nas Américas, Thomas Dubaere, reforça que as ações de DEI não são simbóli cas. “Diversidade, equidade e inclusão só fazem sentido quando são estruturadas, mensuradas e vividas diariamente. Não é um compromisso de campanha ou algo pontual. É algo constante, que precisa fazer parte da cultura da empresa o tempo todo.” Ao compartilhar a experiência pessoal de seu filho, que se assumiu homossexual, o executivo destacou como esse momento reforçou seu compromisso em criar ambientes de trabalho seguros e respeitosos.

Combate a LGBTI+Fobia reforça compromisso com a inclusão

Para marcar o Dia Internacional de Com bate à LGBTI+fobia, celebrado em 17 de maio, a Accor realizou em São Paulo o evento “Juntos pela Erradicação da LGBTI+fobia”, que reuniu agentes de viagens, operadores, especialistas e autoridades em uma manhã de diálogos e reflexões sobre hospitalidade e respeito.

O evento também levantou debates sobre práticas de acolhimento e construção de experiências seguras para a comunidade LGBTI+ no Turismo. Com mediação de Catarina Costa, da Accor, o painel contou com nomes como Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, e Jorge Souza, diretor da Orinter.

De acordo com dados da Booking.com, 58% dos turistas LGBTQIA+ brasileiros já sofreram algum tipo de discriminação durante uma viagem, e 75% consideram a possibilidade de serem autênticos um fator decisivo na hora de escolher o destino.

Cesar Ferragi, professor da UFSCar e coordenador de pesquisa com a IGLTA, reforçou que segurança e acolhimento são fatores prioritários. “As pessoas não querem viajar tensas. Elas querem relaxar e ser quem são”, afirmou. Jorge Souza destacou a importância de pre parar o trade turístico para esse público: “Quando oferecemos um produto, não pensamos apenas em festas. Trabalhamos com o agente de viagens para que ele saiba o que pode oferecer sem medo.” Ele também ressaltou o valor da representatividade interna. “Na Orinter, temos a sorte de contar com uma equipe composta por 10% de profissionais LGBTQIA+”, afirmou.

Para Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, a inclusão começa pelo reconhecimento da comunidade como público qualificado e força de trabalho. “O Turismo foi um dos primeiros setores a enxergar que a população LGBTI+ poderia ser uma força de trabalho cuidadosa e respeitosa”, afirmou. Ele também reforçou que o público LGBTI+ é mais fiel, justamente por ainda não ser bem acolhido em todos os lugares. “Onde somos bem recebidos, voltamos — e indicamos.”

Práticas concretas e estruturas dedicadas

A Accor mantém comitês LGBTQIA+ em diversos países da América La tina, com embaixadores dedicados e políticas estruturadas. A área de diversidade e inclusão atua em quatro frentes: equidade de gênero, etnias, pessoas com deficiência e a comunidade LGBTQIA+.

Entre as iniciativas estão campanhas de conscientização, metas internas de desenvolvimento, a empresa mantém comitês LGBTI+ em diversos países da América Latina, além de desenvolver materiais de comunicação personalizados. “Temos newsletters com sugestões de bares e restaurantes amigáveis à comunidade, além dos nossos próprios estabelecimentos. Também somos membros da IGLTA, que mapeia destinos seguros para esse público”, destacou Antonietta.

Turismo como agente da transformação

Durante o evento, o painel mediado por Catarina Costa, da Accor, contou com especialistas e representantes da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil. O professor da UFSCar, Cesar Ferragi, apresentou dados de uma pesquisa realizada com apoio da IGLTA, indicando que 87% dos turistas LGBTQIA+ apontam segurança e acolhimento como fatores decisivos na escolha de destinos e acomodações. “As pessoas querem relaxar e ser quem são. E quando acolhemos bem, acolhemos não só os membros da comunidade, mas também suas famílias e amigos”, destacou.

Jorge Souza, da Orinter, falou sobre o núcleo LGBTQIA+ da operadora e o trabalho de capacitação de agentes. "Isso nos ajuda a desenvolver ações mais autênticas e representativas.” Gomes ressaltou o papel do Turismo na inclusão e o apoio histórico do setor. “Mesmo quando a sigla LGBTQIA+ ainda não era amplamente usada, esse setor já acolhia profissionais da comunidade."

Capacitação e visibilidade como pilares

Uma das formas encontradas pela Accor para garantir ambientes mais inclusivos é a capacitação contínua dos seus colaboradores. Segundo An tonietta Varlese, essa formação não se restringe à sede ou à liderança, mas alcança todas as áreas operacionais dos hotéis. “Queremos que a cultura de respeito esteja presente em todos os pontos de contato com o hóspede, desde o check-in até os serviços de alimentação e lazer”, pontua.

A executiva destaca que, além das campanhas internas e de sensibilização, os times têm acesso a conteúdos sobre terminologias corretas, boas práticas de atendimento e protocolos para lidar com situações de discriminação. “Não basta querer ser inclusivo — é preciso saber como agir de forma respeitosa e empática no dia a dia”, completa.

Além do foco interno, a visibilidade da comunidade também é parte da estratégia da rede. Durante o mês do orgulho LGBTI+, a Accor realiza ações especiais, como iluminação temática das fachadas de hotéis, apoio a eventos culturais e colaborações com influenciadores e entidades representativas.

Parcerias estratégicas e reconhecimento de mercado

Ao longo dos anos, a Accor firmou parcerias estratégicas com entidades como a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, fortalecendo seu compromisso não só como empregadora, mas também como marca alinhada às pautas de diversidade. “A Accor está conosco desde o início, ajudando a consolidar o Turismo LGBT como um segmento legítimo e potente da economia”, afirma Ricardo Gomes, presidente da entidade.

O grupo também participa ativamente de conferências internacionais, fóruns de debate e premiações que reconhecem as melhores práticas em diversidade e inclusão. Para a rede, o reconhecimento externo é importante, mas o impacto real está na transformação da cultura organizacional e na experiência oferecida ao hóspede.

Turismo como agente de mudança

A hospitalidade tem o poder de acolher e transformar. É com essa visão que a Accor avança em sua jornada pela inclusão, reafirmando o papel do Turismo como agente de mudança social. Ao colocar a diversidade no centro da sua operação, a companhia demonstra que respeitar as diferenças é mais do que uma obrigação moral — é uma estratégia de negócios inteligente e sustentável.

Como afirmou Thomas Dubaere, CEO da Accor nas Américas, “não é uma tendência, nem uma ação pontual. É uma prática que precisa es tar na essência da empresa”. E, ao que tudo indica, a Accor está determinada a manter esse compromisso todos os dias — com estrutura, escuta ativa e ações concretas.




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Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela ESPM-SP, Luiz Felipe Simões já atuou em diversas áreas da comunicação, da assessoria de imprensa às agências de publicidade. Com passagem pelo Estadão Investidor, o jornalista tem experiência na cobertura de temas como finanças e investimentos. Atualmente, é responsável pela produção de branded contents, pelas redes sociais e por algumas funções de repórter