Filip Calixto   |   14/09/2022 10:05
Atualizada em 14/09/2022 12:57

Temporada de Cruzeiros 21/22 injeta R$ 1,4 bilhão na economia do País

Números da temporada 22/22 de cruzeiros foram divulgados pela Clia Brasil

BRASÍLIA (DF) – Com 184 roteiros confirmados e 780 mil leitos disponíveis em quase um semestre de navegação, a próxima temporada brasileira de cruzeiros promete apresentar números relevantes também do ponto de vista do impacto econômico para o País. A previsão de alta geração de divisas tem como base os índices alcançados na temporada 2021/2022, quando, mesmo com limitações impostas pela ainda presente situação de pandemia, cada R$ 1 investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 3,23 na economia nacional, o que significa injeção de R$ 1,4 bilhão.

PANROTAS / Filip Calixto
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
Os índices alcançados na temporada passada e as boas expectativas para a próxima constam no estudo Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil - Temporada 2021/2022, encomendada pela Clia Brasil é organizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Esses dados foram apresentados pela diretoria da Clia Brasil durante a edição 2022 do fórum da associação, que acontece hoje (14), em Brasília. A pesquisa traz dados inéditos do setor, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional, internacional e da pandemia da covid-19 no segmento e no comportamento do turista.

Para a associação presidida por Marco Ferraz, os resultados observados na temporada mais recente comprovam, mesmo com as limitações impostas pelo momento vivido pelo mundo com a pandemia de covid-19, que o setor tem impacto muito importante na economia turística de diversos destinos da costa do Brasil.

A direção da Clia lembra que a indústria de cruzeiros marítimos brasileira vem superando as dificuldades impostas pelos variados cenários dos últimos anos. “A crise econômica enfrentada por todo o mundo desde o início de 2020, devido à pandemia, certamente é o momento mais desafiador já enfrentado, quando uma temporada inteira não pôde ocorrer (2020/2021) e a recém-finalizada (2021/2022) sofreu com as limitações impostas (como menor período total, com a interrupção por 2 meses) e redução da capacidade das embarcações para 75% do total disponível”, recordam os dirigentes.

E, contextualizando o cenário da indústria de navegações no Brasil nos últimos anos, a Clia lembra que após o aumento na quantidade de navios na temporada brasileira de cabotagem de 2019/2020, passando para oito embarcações, a temporada 2021/2022, marcada pelo retorno das atividades após a paralisação total em 2020/2021, trouxe apenas cinco navios, que fizeram roteiros por 14 destinos brasileiros. No períodos, foram ofertadas 193,9 mil leitos(75% da capacidade oficial dos navios, de acordo com os protocolos sanitários do período).

“Esses dados refletem o cenário desafiador vivenciado pelo setor de cruzeiros na última temporada e dão sentido ao conteúdo apresentado no estudo, como a expressiva queda do números de viajantes quando comparada ao período anterior (2019/2020), totalizando 141,2 mil cruzeiristas (69,9% a menos)”, aponta o estudo.

O índice de R$ 1,4 bilhão gerado pela temporada de cruzeiros na economia do País engloba tanto os gastos diretos, indiretos e induzidos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes, foi 33,2% menor em comparação ao período de 2019/2020). Além disso, o setor gerou R$ 213 milhões em tributos.

Vale ressaltar que o impacto econômico gerado pelos gastos das armadoras para a realização da temporada 2021/2022 foi de, aproximadamente, R$ 1,2 bilhão, resultado 3,1% superior a 2019/2020, aumento que se deu pela alta considerável dos gastos das armadoras com combustíveis. Já o impacto gerado pelos gastos dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque/desembarque e trânsito foi de R$ 329,7 milhões, 70,3% inferior à temporada anterior, devido à redução de 69,9% no número total de cruzeiristas no período.

Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (sem contar as armadoras) foram: alimentos e bebidas (R$ 101,5 milhões), comércio varejista - despesa com compras e presentes – (R$ 95,4 milhões), seguido por transporte antes e/ou após a viagem (R$ 56,3 milhões), passeios turísticos (R$ 39,8 milhões), transporte durante a viagem (R$ 22,4 milhões) e hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro (R$ 14,3 milhões).

O levantamento ainda mostra que o gasto médio por pessoa com a compra da viagem de cruzeiro foi de R$ 4,5 mil e o tempo médio da viagem foi de 4,8 dias. Além disso, o estudo indica que a média de impacto econômico gerada por cada cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 605 e de R$ 770, foi de nas cidades de embarque e desembarque, respectivamente.

EMPREGOS
Durante a temporada 2021/2022 foram gerados 22,2 mil postos de trabalho na economia brasileira, o que representa um resultado 33,8% inferior ao apurado no período anterior. Do total de empregos criados, 1.223 foram de tripulantes dos navios (44,1% inferior ao gerado em 2019/2020) e outros 21.112 empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida (-33,1%), motivados pelos gastos das armadoras e dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades portuárias de embarque/desembarque e visitadas, além dos gerados na cadeia produtiva de apoio ao setor, como agências de viagens e operadoras de Turismo.

Divulgação
A expectativa das empresas de cruzeiros é que a temporada 22/23 seja ainda mais lucrativa
A expectativa das empresas de cruzeiros é que a temporada 22/23 seja ainda mais lucrativa
PERFIL DO VIAJANTE

Quase 92% dos pesquisados desejam realizar uma nova viagem de cruzeiro, e 87% querem retornar ao destino de escala, índice que reforça o papel da viagem de cruzeiro como uma vitrine para os viajantes conhecerem diversos destinos de maneira dinâmica e voltarem em um outro momento. Além disso, a ampla maioria dos entrevistados (78%) desceu em, pelo menos, uma parada do roteiro.

Quanto à frequência, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro, em média, aproximadamente quatro vezes, o que demonstra que os cruzeiros estão sempre levando novos turistas aos destinos dos roteiros.

Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 66,2% informaram o Litoral Nordeste, e entre os que apontaram interesse em realizar cruzeiros no exterior, 41,8% indicaram o Caribe e 36,8% a Europa como preferência de viagem.

Mais de 60% são mulheres e pouco menos de 40% são homens. Em relação ao estado civil, 61,4% informaram ser casados ou estar em união estável. De maneira geral, os cruzeiristas viajam acompanhados (98,9%), sendo os principais acompanhantes filhos e parentes (51,9%), cônjuge (24,7%), e amigos (19,5%).

BRASILEIROS PELO MUNDO
O número de turistas residentes no Brasil e que realizaram viagens de cruzeiros no exterior durante o ano de 2021 foi de 72 mil, o que significou uma redução de 66,9% em relação a 2019, com uma receita estimada de R$ 233 milhões (R$ 471 milhões a menos que em 2019).

Caribe, Mediterrâneo e Emirados Árabes Unidos foram os principais destinos de preferência.

CRUZEIROS NO MUNDO
No mundo, o setor mostra a tendência de crescimento contínuo através dos investimentos em novos navios, com aumento da quantidade e diversificação dos cruzeiros. Em 2022, o setor tem previsão de entrada de 26 novos navios em operação em todo o mundo, com capacidade adicional total de 61.507 leitos. Para 2023, mais 22 novos navios já estão previstos em estaleiros, com capacidade adicional de 43.289 pessoas (Cruise Industry News).

Segundo a Clia (Associação Internacional de Cruzeiros), o número total de cruzeiristas pelo mundo foi de 5,8 milhões em 2020.

“O segmento de cruzeiros foi fortemente impactado pela crise sanitária, mas, apesar dos desafios encontrados, o setor mostrou resiliência e alta capacidade de retomada, sempre com responsabilidade e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas cidades visitadas pelos navios”, diz o pr ausente da Clia Brasil, Marco Ferraz. “Hoje, vemos oportunidades de expansão do setor no Brasil, à medida que a atividade cresce no mundo, com novos navios em construção, investimentos em eficiência, tecnologia e sustentabilidade. Estamos trabalhando continuamente para que a indústria brasileira de cruzeiros siga evoluindo e possa contribuir ainda mais para a economia e geração de empregos no país”, completa Ferraz.

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